“Desligue vitória”.

Hoje cheguei cansado no prédio onde moro e fui parado pelo porteiro da noite, um rapaz muito simpático, com o celular na mão e uma expressão de dúvida no rosto. A questão era a seguinte: ele - não cristão - passou a noite vendo a programação do Silas Malafaia e, ao ouvir sobre receber mensagens pelo celular, decidiu assinar o canal de mensagens. O problema é que, agora, ele não conseguia mais desabilitar a assinatura e seu crédito estava acabando por causa das mensagens recebidas (um custo de dez centavos por mensagem recebida).

Como eu sou o “cara que escreve sobre religião”, ele pensou que eu soubesse como desvencilhar de tal assinatura. Eu, apesar do cansaço, peguei o celular e comecei a verificar como se cancelava a assinatura das mensagens por telefone; primeiro consegui descobrir que o canal de assinatura se chama “Vitória” e que era necessário mandar uma mensagem com o texto “desl vitoria” para o número da central. Pois bem… tentei, tentei, de várias e diversificadas maneiras desligar a “vitória”, mas sem sucesso; a central sempre retornava a mensagem de que não compreendeu o que estava escrito. Vencido, entreguei o celular de volta ao porteiro; ele realmente teria de continuar pagando os dez centavos por mensagem até encontrar um jeito de cancelar a assinatura das mensagens.

Ao subir no elevador comecei a pensar… realmente o evangelho atualmente é tratado como produto; você paga dez centavos e tem uma mensagem de fé; compra isso ou aquilo e é abençoado, etc, etc. O porteiro, se arrependeu da assinatura e voltou para o jargão “esses crentes só pensam em dinheiro“. Aborrecido, vai ter que se contentar em gastar seus créditos com as mensagens… “Bem feito”, eu disse a ele, entre risos, ao entregar o celular, “da próxima vez pense duas vezes antes de comprar qualquer coisa que se vê na TV”.

Pena que esse “qualquer coisa” em questão seja o evangelho, tratado como tal.