Marketing para igrejas: usurpando a glória de Deus

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Por Leonardo G. Silva - Th.M.


Faz já algum tempo que ouvi uma palestra sobre crescimento de igrejas através do marketing. O expositor, Kevin Ford, falava das empresas seculares e das igrejas evangélicas para as quais ele havia prestado serviço de consultoria, fazendo modificações que variam desde a estrutura do templo, luzes e som, liturgia e até o tipo de pregações e o modo de ministrar a Palavra: tudo visando o aumento numérico, e a satisfação dos clientes, digo, fiéis.

O amigo Danilo, em um comentário no blog da CNBC que acabou virando post aqui no blog, enfatiza a essência do evangelho, que é loucura para os homens. Paulo assim dizia: “nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos” (1Co 1.23). Esse é o nosso kerigma, o nosso evangelho, a nossa religião: Ela é escândalo e loucura, e mudar isso significa privar o evangelho daquilo que ele é, transformando-o em algo que ele não é. Como disse o Danilo, é mudar o produto!

As agências de marketing igrejeiro, que já possuem ampla aceitação nos E.U.A., estão chegando por aqui também. Os pressupostos são os mesmos usados na outra américa: o velho pragmatismo. Não importa o método utilizado, e sim os resultados. Literalmente, vale tudo para atrair novos “fiéis” para a sua empresa, ops... digo, igreja.

O site da AMEN - Associação de Marketing Evangélico Nacional - é um vivo exemplo de como essas empresas trabalham, e de quais são as suas convicções: “Quem se diferenciar, não importa aonde, (eventos empolgantes, culto dinâmico, igreja atraente) com certeza irá ganhar com a migração e a conquista de muitos fiéis”. Destaque especial para palavra “migração”, que nada mais é do que o fluxo dos membros de uma igreja para a outra, a famosa pesca no aquario. Como se consegue a adesão desses fiéis? Com uma igreja atraente! Substitua a loucura do evangelho por pregações do tipo auto-ajuda; troque a velha e tradicional bandinha por um conjunto Pop; ofereça todo tipo de entretenimento possivel aos seus fiéis; nunca, e sob nenhuma hipótese, fale acerca do pecado ou enfatize a necessidade de arrependimento para a salvação; aliás, evite falar em salvação: essa palavra costuma escandalizar as pessoas...

Ainda no site da referida empresa, afirma-se que “o objetivo da igreja é converter pessoas. Para isso essas pessoas primeiro têm que ir até lá, se tornando necessário para as igrejas criar atrativos para isso”. Nem precisa ser teólogo para refutar isso. Esses caras estão negligenciando completamente o mandamento de IR por todo mundo e pregar o evangelho (Mc 16.15). Como nós mudamos a Grande Comissão! Jesus mandou que fossemos ao mundo, e nós queremos que o mundo venha à igreja. Aliás, deixe eu aclarar pela milhonésima vez que igreja não é templo, e sim o corpo místico de Nosso Senhor Jesus Cristo. Chamar os prédios onde nos reunimos para congregar, de templos e querer associá-los ao Templo do A.T. é uma heresia ridícula. O Templo do Senhor somos nós (1Co 6.19; 2Co 6.16), e não as paredes luxuosas algum edifício (At 7.48; 17.24). Jesus não ordenou que os pecadores venham a igreja (prédio), e sim que a igreja (nós) vá até os pecadores.

Por último, deixe-me falar acerca da salvação. A salvação, biblica e teologicamente, sempre foi um ato de Deus. Jesus disse: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último Dia” (Jo 6.44). É Deus quem atrai! E é mais: ninguém se converterá a Cristo, sem antes atender aos apelos do Espírito Santo em seu coração, pois é somente ele quem convence o homem do seu pecado (Jo 16.8). Sendo assim, seria uma ignorância muito grande dizer que alguém foi salvo graças às estratégias de marketing. Isso é usurpar a glória de Deus. O marketing igrejeiro pode até resultar na adesão de clientes, mas não na multiplicação de fiéis. A salvação pertence ao Senhor! (Jn 2.9).

Soli Deo Gloria

Autor: Leonardo G. Silva
Fonte: [ Púlpito Cristão ]
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