Eu ainda sonho com uma igreja...

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Por: José Barbosa Júnior

Fiquei um bom tempo sem escrever. Muitos são os motivos... trabalho... estudos... encontros com pessoas queridas para estudar a Palavra, etc...

Mas o grande motivo é que eu mesmo me impus uma reclusão. Sabe quando você sente que quer mas não é a hora?

Fiquei, então, numa espécie de mosteiro moderno, sem clausuras, sem claustros, sem celas. Apenas eu e minha consciência, fechados em mim mesmo e em constante contato com Aquele que é em mim e eu nele. Foram dias de meditação, de ouvir (e como é bom ouvir sem ter a obrigação de falar!), de ler... enfim, dias de visitação, dias de diálogo intenso.

E um sonho me invadiu...

Sonho com uma igreja onde a Palavra tenha a primazia. O grito reformado de SOLA SCRIPTURA reverbera em meus ouvidos, com o som de vozes martirizadas pela verdade das Escrituras. Sonho com uma igreja onde a Palavra volte a ocupar o centro (Jo 17.17), onde tanto a pregação quanto a música sejam encharcadas de verdade bíblica (1 Co 14.15), e não deinvencionices humanas. Em meu sonho percebo a alegria do reencontro com a voz de Deus, amiga, suave, a permear todo o ambiente onde a igreja estiver reunida, pois onde se reúnem os“templos”(nós) ali está a Igreja (Mt 18.20).

Sonho com uma igreja sadia pelo ensino coerente das Escrituras Sagradas, onde esquisitices e maluquices são tratadas como o que realmente são: esquisitices e maluquices. Não se dá margem a unções novas, senão a unção que já temos no Santo de Deus (1 Jo 2.27). Não se ensina aquilo que não é bíblico pelo simples fato de, exatamente, não ser bíblico.

Aquilo que é relativo em mim deve se curvar diante do absoluto da Palavra de Deus. O que sinto não sobrepõe o que leio nas Escrituras. Seja Deus verdadeiro e todo homem mentiroso, inclusive eu, quando o que ACHAR não for o que a Palavra REALMENTE diz (Rom 3.4) Sonho com uma igreja onde o pastor não é nada mais que um irmão revestido por Deus de um DOM para o crescimento da mesma. E desejo ser pastor um dia (1 Tm 3.1). Que eu mesmo testemunhe contra mim um dia se não for um pastor como o que sonho. Que haja fidelidade ao Deus que vocaciona e capacita. Que haja humildade para reconhecer que toda a capacidade vem dEle e não de mim mesmo (Rom 12.3). Que haja coerência entre o falar e o viver (Mt 5.37). Que eu não me torne pesado para os irmãos e, se for preciso, que aprenda a “fazer tendas” (2 Co 11.9; At 18.3)

Sonho com uma igreja que tenha problemas, mas que aprenda com eles (Rom 5.3-5). Que haja graça no lidar com os que caem (Gl 6.1), sabendo que é pela graça que somos o que somos, e que a graça nos nivela sob o sangue de Cristo. Que ninguém seja “punido”de seus erros, mas corrigido com brandura para que o nome de Cristo seja exaltado na reedificação deste irmão (Tg 5.19-20). Sonho com uma igreja que deixe de ser um tribunal para ser um hospital, onde os feridos são cuidados com amor e que, por esse amor, aprendam a amar e se firmem no Deus que é amor! (1 Jo 4.8).

Sonho com uma igreja que faça da oração uma simples conversa com o Ser amado. Nada de exigências, nada de ordens, nada de decretos. Que, ao contrário das manifestações triunfalistas, nossas angústias e ansiedades sejam lançadas sobre Ele (I Pd 5.7), sabendo que Seu cuidado é real. Que sejam orações sinceras, sem máscaras e sem farisaísmo, simplesmente que o nosso quarto seja o lugar de oração, não as praças públicas (Mt 6.5-6). Ninguém precisa saber que eu oro, mas que todos percebam de forma inequívoca que tenho comunhão com Aquele que é o Senhor.

Sonho com uma igreja onde não seja preciso apelos constantes à contribuição, mas onde a graça de Deus abunde nos corações de tal forma que o contribuir deixe de ser uma “carga” para ser um momento de festa, de alegria, pois é a esse momento que Deus aceita e ama (2 Cor 9.7). Que asnecessidades dos irmãos sejam supridas em amor, mas também em gestos (Tg 2.15-16), sabendo que naquilo em que ajudo o meu irmão necessitado, a Deus mesmo o faço (Mt 25.40).

Sonho com uma igreja em que o culto seja vivo, mas não irracional (Rom 12.1). Uma igreja em que o culto seja tão suave como uma melodia clássica, mas tão impactante como uma marcha nupcial. Um ambiente onde quem já é salvo sinta-se em família, de verdade, sem títulos (ninguém em casa chama um irmão de “irmão” – irmãos se chamam pelo nome, ou apelidoscarinhosos, mas nunca por “títulos”). Onde quem não é salvo queira conhecer a Deus simplesmente pela beleza do amor demonstrado entre os que ali estão (At 2.47).

Sonho com uma igreja onde o louvor seja algo espontâneo, onde haja liberdade para a adoração, mas que haja espírito e verdade (Jo 4.24). Que seja adoração em espírito, pois Deus é Espírito, mas que também seja adoração em verdade. Em verdade humana e em verdade bíblica. Que quando eu cantar para o meu irmão: “eu sou um com você...”, eu realmente seja assim, senão não é “em verdade”, e que seja uma verdade da Palavra, pois se não for assim, é adoração mentirosa. E que não seja preciso animadores de auditório e nem instrumentos sagrados para me levar ao “êxtase”, ma que a simples presença ddaquele que é digno de ser adorado me encha o coração e a boca, e que Ele se agrade do meu louvor, como cheiro suave.

Sonho, ainda, com uma igreja que celebre a ceia na esperança da volta do noivo, como uma mulher amada espera pelo seu amado ao anoitecer (1 Cor 11.26). Que haja alegria no partir do pão e no beber do vinho, pois não temos como participar da mesa que celebra a morte sem lembrarmos que a mesma morte foi vencida (Lc 24.5). Celebramos a ceia como um menino que relê um livro: já sabemos o final da história. E se ele venceu a morte, como tinha prometido (Mt 20.19) é certo que voltará um dia para nos buscar, como prometeu (Jo 14.3).

Maranata, vem Senhor Jesus!

Há muitos outros sonhos pra sonhar...

Vamos sonhar juntos?

Autor: José Barbosa Júnior
Fonte: Extraído do Livro Crer e Pensar, disponível no site:
[
Crer e pensar ]

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1 comentários:

Sinto muitas saudades do Junior, pois ele foi responsavel por mim, quando ainda era novo na fé, ele foi meu verdadeiro tutor para meu crescimento cristão.

Torço muito por ele e espero um dia encontrá-lo pelos "bailes da vida" como diria Milton Nascimento.

Abraços Ruy

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