Um evangelho digno de morrermos por ele (Parte II)

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Por: Charles Spurgeon

Extraído do sermão “A Gospel Worth Dying For” pregado na manhã de 12 de agosto de 1883.

O que era esse evangelho pelo qual Paulo estava disposto a morrer?

Não era qualquer coisa chamada “evangelho” que produzia esse entusiasmo. Em nossos dias, temos evangelhos pelos quais eu não morreria, nem recomendaria a qualquer de vocês que vivessem por eles, pois são evangelhos que se extinguirão em poucos anos. Nunca é digno que morramos por uma doutrina que morrerá por si mesma. Já vivi tempo suficiente para ver o surgimento, o florescimento e a decadência de vários evangelhos. Há muito me disseram que minha velha doutrina calvinista estava ultrapassada, era uma coisa desacreditada. Em seguida, ouvi que o ensino evangélico, em qualquer forma, era uma coisa do passado que seria suplantada por “pensamentos avançados”.

No entanto, costumava haver no mundo um evangelho que consistia de fatos nunca duvidados pelos verdadeiros cristãos. Na igreja havia um evangelho que os crentes abrigaram no coração como se fosse a vida de sua alma. No mundo, costumava haver um evangelho que provocava entusiasmo e recomendava o sacrifício. Milhares e milhares se reuniam para ouvir esse evangelho ao risco de sua própria vida. Homens o pregaram, mesmo em face da oposição dos tiranos; sofreram a perda de todas as coisas, foram presos e mortos por causa desse evangelho, cantando salmos em todo o tempo. Não há remanescente desse evangelho? Ou chegamos à terra da ilusão, na qual as almas passam fome, alimentando-se de suposições, e se tornam incapazes de ter confiança ou zelo? Os discípulos de Jesus estão agora se alimentando da espuma do “pensamento” e do vento da imaginação, nos quais os homens se enlevam e ficam exaltados? Ou retornaremos ao alimento substancial da revelação infalível e clamaremos ao Espírito Santo que nos alimente com sua própria Palavra inspirada?

O que era esse evangelho que Paulo valorizava mais do que sua própria vida?

Paulo o chamou de “evangelho da graça de Deus”. O aspecto do evangelho que mais impressionou o apóstolo foi o de que era uma mensagem da graça, e tão-somente da graça. Em meio à música das boas-novas, uma nota se sobressaía às outras e encantava os ouvidos do apóstolo. Essa nota era a graça — a graça de Deus. Essa nota ele considerava característica de toda a melodia; o evangelho era o “evangelho da graça de Deus”. Em nossos dias, a palavra graça não é muito ouvida; ouvimos a respeito dos deveres morais, ajustes científicos e progresso humano. Quem nos fala sobre a graça de Deus, exceto umas poucas pessoas antiquadas que logo passarão? Sou uma dessas pessoas antiquadas, por isso tentarei ecoar essa palavra graça, para que todos os que conhecem o seu som se regozijem, e ela penetre o coração daqueles que a desprezam.

A graça é a essência do evangelho

A graça é a única esperança para este mundo caído! É o único consolo para os santos que esperam pela glória. No que concerne à graça, talvez Paulo tinha uma percepção mais clara do que Pedro, Tiago ou João; por isso, ele escreveu mais no Novo Testamento. Os outros escritores apostólicos excederam a Paulo em outros aspectos, mas ele, devido à clareza e à profundidade na doutrina da graça, permanece como o primeiro e o mais importante. Precisamos novamente de Paulo ou, pelo menos, do evangelismo e da clareza paulinos. Ele desprezaria esses novos evangelhos e diria aos que o seguem: “Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo” (Gl 1.6-7).

Fonte: [ Fé Reformada ]
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