Falsificações da verdade

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Por Martyn Lloyd-Jones (1899-1981)

Temos vivido dias enganosos. Muitos têm sido enganados por falsificações, por fatos que aparentemente são reais, a tal ponto que, por eles, vão às ultimas conseqüências. Mas não são verdadeiros, são falsos, e esta é uma característica do diabo, de satanás, o pai da mentira, o pai da falsificação. E neste contexto as seitas são exatamente o que aparenta ser verdadeiro e por isso têm enganado a tantos. Como diagnosticar estas seitas?

Primeiro, seria bom dizer que o surgimento de seitas no meio dos evangélicos é demonstração de que a igreja não está bem. Muitos estão com problemas graves e têm procurado a igreja, mas não têm visto solução para si mesmos; creio que aqui deva ser colocado o tradicionalismo evangélico, a ortodoxia (que, diga-se de passagem, é necessária) morta, a superficialidade cristã, a falta de conversão verdadeira, o comodismo, tudo isso tem feito as pessoas buscarem outro aconchego.

No entanto é fato real que a grande maioria das pessoas está em busca de solução para os seus problemas, uma vida melhor, vida de paz, sem problemas, sem doença, mas são avessas às exortações, às recomendações de santificação; estão buscando pão como nos dias de Jesus. "Vós me procurais não porque vistes sinais, mas porque comeste dos pães e vos fartastes" (Jo.6:26). Aqui é que entra a seita, pois ela oferece ao povo exatamente aquilo que ele necessita (quer). E se você repreende alguém, recebe esta advertência: "Veja o bem que estou recebendo! Se me faz bem, deve ser de Deus!" Ou seja, se traz sucesso, solução, fez-me mudar de vida e traz felicidade, deve ser de Deus.

É exatamente aí que satanás arma sua cilada e já tem dominado muitas vidas. Lembrem-se que muitas organizações que ridicularizam o cristianismo podem ajudar as pessoas e fazê-las felizes. Lembro aqui os psiquiatras e psicólogos ateus. Eles podem trazer resultados muito bons, sem nada de orientação cristã. O próprio espiritismo tem trazido solução para muitas vidas; a yoga, o pensamento positivo e outros. Se você acha que tudo o que traz o bem pessoal é de Deus, saiba que já está caído diante do diabo.

Como saber então se é de Deus? Como diagnosticar o problema?

Seria bom inicialmente afirmar que o que importa ao homem não é o que ele sente, mas o seu relacionamento com Deus. Qualquer orientação que me faça ficar satisfeito, quando a minha relação com Deus está ruim, isto é do diabo. Era esta a situação dos fariseus.

Mas há outros testes práticos que gostaria de colocar.

O modo como vem a "bênção". Eles ensinam que se você obedecer a uma fórmula, pré-estabelecida, a bênção virá, a felicidade, a paz, a cura. E sempre é uma fórmula alheia às Santas Escrituras. Geralmente a idéia de uma visão que alguém teve, e daí é elaborado o sistema. Elas podem até citar as Escrituras, mas ao acaso, texto fora do contexto, e isso é transformado em pretexto. Compare isso com as grandes confissões de fé e credos do cristianismo. São todos sinopses da Palavra de Deus. Ali é enfatizada a grandeza e extensão da Bíblia. Como é diferente das seitas que apresentam apenas uma fórmula, uma fórmula mágica. ( Na igreja: ir a igreja, ou ler a Bíblia, ou orar).

Testemunho Pessoal. Outro aspecto que é característico de uma seita é o testemunho pessoal. O que os sectários destas seitas falam é sobre sua vida, o que era e o que são agora. Que eram assim até entrarem para esta "igreja", o seu problema está resolvido. Não ensinam as doutrinas fundamentais do cristianismo. Enfatizam apenas uma fórmula. Vejam que eles, ao enfatizarem seus testemunhos, começam com eles e terminam com eles, e não com Jesus como Senhor, apesar de citá-lo.

Apenas o prático. Eles enfatizam apenas o que é prático. Negligenciam a doutrina. Dizem: "Vocês precisam é de algo prático". Na verdade, porém, o que estão querendo dizer é que não é importante a doutrina. Mas não era assim que Paulo fazia na epístola aos Efésios; ele escreve os três primeiros capítulos nos quais a doutrina não é prática, é pura doutrina. E só depois do capítulo quatro ;e que a torna prática. Ou seja, primeiro o fundamento doutrinário, depois a prática. A ordem inversa é de grande perigo. É o que acontece com essas seitas.Quero aqui realçar o perigo dentro das nossas igrejas. Hoje há uma tendência em se desvalorizar a doutrina. Teologia, doutrina, tudo soa muito intelectual, sofisticado (creio até que em algumas circunstâncias é verdade) e por isso é negligenciado. Há risco de seitas no nosso meio.

Você é que pode fazer. Apesar de falar no Espírito Santo, não se acha que Ele é que vai realizar em nós o que Deus quer. Eles sempre afirmam que é você que pode fazer. Esquecem que é Deus que opera em nós tanto o querer como o efetuar. Daí surgir a jactância, o orgulho, a satisfação própria. Há muita arrogância, pois são eles que conseguem realizar. A mudança foi devido a uma atitude tomada, uma conseqüência do seu esforço próprio. "Eu era assim, mas agora consegui isto..." Não estão entregues à vontade de Deus, mas seus interesses é que prevalecem. Este perigo também está em nossas igrejas e os que agem assim estão esquecidos do que disse Paulo: "operai a vossa salvação com temor e tremor"(Fl.2:12) - Mas eles dizem "não há nada o que temer". Deus nos livre deste pecado da arrogância. É Deus que opera em nós a mudança. O mérito é dEle!

Fórmula Simples. Uma outra característica é que "a fórmula é muito simples". Eles chegam a dizer que é um desperdício estudar tanto as epístolas, quando eles têm uma fórmula tão simples. As seitas têm todas as características dos remédios dos charlatães e toda a sua propaganda. "Eis aí o remédio que cura todos os males". O pior é que não afirmam apenas que podem resolver todos os problemas, mas que podem resolver com facilidade. Mas não é isto que ensina o apóstolo Paulo quando diz: "em tudo somos atribulados, mas não angustiados, perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos..." Podemos ser vitoriosos, é verdade, mas não é fácil. Por isso ele disse também: "Nossa luta não é contra a carne e o sangue..." Temos de lutar contra poderes terríveis. Essa idéia de "fácil" é falsa à luz do Novo Testamento.

Cura e Benção imediatamente. Nesta linha de pensamento, outra característica semelhante das seitas é que elas oferecem a CURA, a BÊNÇÃO, "imediatamente". Já notou isso? É o método do "atalho", e por isso conseguem tantos adeptos. Mas o que nos ensina o Novo Testamento é que estamos num mundo difícil, pecaminoso, dominado pelo diabo e seus anjos. Por isso precisamos de toda a armadura de Deus. Precisamos ser fortalecidos "com poder pelo Seu Espírito no homem interior" (Ef.3:16). O homem moderno afirma: "Eu pensava que o cristianismo resolveria todos os meus problemas e endireitaria tudo imediatamente, mas agora me dizem que devo lutar, vigiar, orar, jejuar, suar... Não quero nada disso! Quero algo que solucione rápido o meu problema". As seitas respondem: "Certo, naturalmente". Observem que as seitas não ensinam crescimento na graça e conhecimento de Cristo; não falam em "operai a vossa salvação com tremor e temor"(2Pe.3:18).Qualquer coisa que ofereça "atalhos" espirituais não é cristianismo da Bíblia. Mas as seitas perguntam: "O que você está precisando? Qual o seu problema?" E responde: "Venha. Nós podemos ajudá-lo". E oferecem o remédio barato, fácil e rápido. Saúde, cura física, a bênção que soluciona todos os seus problemas.Mas o método do Evangelho é muito diferente. A primeira coisa do Evangelho é o CONHECIMENTO DE DEUS. Está é a grande mensagem da Bíblia. Por que Cristo veio ao mundo? "Para conduzir-nos a Deus", responde o apóstolo Pedro (1Pe.3:18). O Evangelho não começa com as minhas dores e penas, minhas necessidades de orientação ou minha aflição. Começa por conhecer a Deus. Este é o objetivo do Cristianismo. "A vida eterna é esta" - Qual? Que eu não me aflija mais, ou que fique livre daquilo que me deprime? Não! - "que te conheçam a ti só, por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quem enviaste"(Jo.17:3). Se eu estiver correto com este pensamento, as outras coisas estarão resolvidas. O objetivo do Cristianismo é levar-nos ao conhecimento de Deus e do Senhor Jesus Cristo.

Sem ênfase na santidade. As seitas não mencionam isto e também não falam de santidade. Podem até proibir muitas coisas nocivas, e dessa forma fabricar fariseus satisfeitos consigo mesmos. Mas a santidade não é algo negativo, e sim positivo - "Sede santos, pois Eu Sou Santo" diz o Senhor. Não é apenas vitória sobre pecados particulares, mas é de fato ser santo. Eles não enfatizam isso.

Ênfase no agora. Outra coisa que as seitas não falam é sobre a "esperança da glória". O Novo Testamento nos fala da glória vindoura. Mas as seitas se propõem a ajudar as pessoas enquanto elas estiverem neste mundo, sem enfocar o futuro. "VOCÊ", você é que está no centro, eles estão enfatizando a experiência e não falam da glória do céu, nem do "NOVO CÉU E NOVA TERRA, ONDE HABITA A JUSTIÇA".(2Pe.3:13).

Enfim, as seitas ficam apenas num estreito círculo no qual o homem está girando, girando e repetindo constantemente a mesma coisa. A "bênção" oferecida pelas seitas é bem diferente do que o Evangelho oferece.

Abomino as seitas. Elas não passam no teste que é a Pessoa de Cristo. Todo movimento ou ensino que não faça do Senhor Jesus Cristo e Sua morte na cruz e Sua gloriosa ressurreição, uma necessidade absolutamente central, não é cristã e sim manifestação das "astutas ciladas do diabo". Ou seja, qualquer ensino ou movimento que diga que você pode Ter esta ou aquela benção sem primeiro crer no Senhor Jesus Cristo como o Filho de Deus, como Salvador de sua alma e Senhor de sua vida, e que sem Ele você não é nada, é uma negação das Escrituras, do cristianismo. Se o ensino ou movimento inclui maometano, budista, judeu e lhe oferece a bênção sem que eles reconheçam e confessem que Cristo, e somente Cristo, é o Filho de Deus e que Ele, somente Ele, pode salvar o pecador, porque ele morreu pelos nossos pecados, NÃO É CRISTÃO! Essa bênção fora do evangelho é negação do cristianismo e devemos rejeitá-la. Não há acesso a Deus, não há conhecimento de Deus como Salvador e Libertador, exceto por meio de Cristo. As seitas são um insulto a Deus, a Jesus Cristo, não têm direito de existir. Se você acha que Jesus não é suficiente, e que deve ir após as seitas em busca de ajuda e "bênção"(cura, prosperidade...), você O está negando; você O está insultando. São as astutas ciladas do diabo.

A fé que sustentou, fortaleceu e abençoou os santos no transcurso dos séculos, e que tem resistido a todos os testes que se podem conceber, é suficiente. Você não tem necessidade de seguir alguma idéia nova, moderna, que só passou a existir no século passado, ou neste. VOLTE PARA A VELHA HISTÓRIA, sempre nova e verdadeira. Volte para a fonte e origem de todas as bênçãos; volte para o Deus eterno e Seu Filho, nosso glorioso Salvador, o Senhor Jesus Cristo. E o Espírito entrará em seu ser, e todas as suas necessidades serão supridas.

Fonte: [ Josemar Bessa ]
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A realidade confrontando a mentira - Missionário do sertão desafia televangelistas da prosperidade

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Essa foi realmente muito boa! Um pastor do sertão nordestino desafia os "pastores super-poderosos" da TV, a pregarem sua teologia de Mamon naquela região carente do país, para ver se, de fato, o que eles dizem é verdade.

O anônimo missionário desafia os pastores "Midas" para irem àquela região menos evangelizada do Brasil, tentar mudar o quadro de miséria e aumentar o índice de desenvolvimento humano que é um dos menores. “Eu faço um apelo a vocês, se vocês quiserem conhecer uma das localidades menos evangelizadas do Brasil, e tudo que vocês tocam viram ouro, pode vir aqui transformar a vida desse povo. Ai sim nós iremos dar credibilidade ao falso evangelho da falsa prosperidade”.

Em seu discurso ele desafia esses pastores a deixarem suas riquezas para cumprirem o chamado no Nordeste. “Quero ver vocês construírem suas catedrais, comprarem aviões, viverem luxuosamente através de um local como este. Fica aqui o meu apelo, use o dinheiro que vocês estão gastando na compra de jatinhos, na compra de mansões, na compra de ternos de R$15 mil, R$20 mil reais, relógios caros para pregar o evangelho”.

Veja o vídeo do desabafo deste homem de Deus:




A verdadeira voz profética ainda soa.


É... Só poderia ser esta mesmo.

Autor: Rev. Rodrigo G. da Silva
Fonte: [ Pensamento Quase Livre ]

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A Igreja precisa manter-se simples

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E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. 43 Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. 44 Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. 45 Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. 46 Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, 47 louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos. Atos 2.42-47

Ao afirmarmos que a Igreja mantinha-se simples não estamos dizendo que a igreja primitiva era uma igreja pobre, ou uma igreja não sofisticada, mas uma igreja que vivia em conformidade com a essência da fé cristã. Note que existem seis declarações nesse versículo que expressam as atividades da Igreja Primitiva:

Doutrina dos Apóstolos

O primeiro ponto a ser ressaltado é a Doutrina dos Apóstolos. O que Lucas quer dizer com “perseveravam na doutrina dos apóstolos” é que a Igreja Primitiva mantinha-se firmada na instrução dos apóstolos. A idéia expressa pelo verbete “perseverar” é dar constante atenção a alguma coisa. Ou seja, a Igreja Primitiva mantinha-se constantemente alicerçada pelo ensino apostólico.

É importante ressaltar que até este ponto da história a doutrina da igreja primitiva podia ser resumida pelo v.36 do mesmo capítulo: “Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo”. Contudo, é digno de nota que todos os apóstolos tinham sido instruídos por Cristo, e por certo podiam repassar aquilo que haviam aprendido. Aliás, a expressão grega referente a “doutrina dos apóstolos” sugere que tal instrução seja procedente dos apóstolos. Ou seja, o ensino da igreja é mantido por aqueles que tem autoridade e capacidade para tal tarefa.

Comunhão

Lucas não poderia estar equivocado quando utilizou o vocábulo “comunhão” quando se referiu à Igreja Primitiva. A descrição subseqüente, esplanada no tópico sobre unidade da igreja, expõe de forma muito clara as considerações dessa igreja. Assim, deve-se ressaltar que os primeiros cristãos “eram perseverantes (…) na comunhão”. E como foi anteriormente ressaltado, isso implica em dizer que eles eram fundamentados na experiência comum do corpo. Assim, como os outros pontos ressaltados por Lucas, a comunhão era essência da vitalidade da Igreja.

Partir do Pão

A expressão “partir do pão” não diz respeito a uma refeição típica da época, e que os cristãos mantinham-se comendo apenas pão, mas a expressão diz respeito à prática da Ceia do Senhor. O termo grego equivalente a partir em português é apenas utilizado no NT em referência à ceia. Alias. É digno de nota que o termo (the klasei tou artou) é apenas utilizado duas vezes no NT, ambas feitas por Lucas, e é de uso restrito à ceia. O uso da expressão é quase que um pleonasmo, visto que klasei (partir) só é aplicado a artou (pão). Segue-se que, com absoluta certeza, a igreja primitiva mantinha-se firmada constantemente no memorial da morte de Cristo.

Orações

As orações tinham um papel fundamental na vida da Igreja Primitiva. Isso pode ser claramente percebido pelo relado deixado por Lucas, que diversas vezes considera as orações dos primeiros cristãos. Em Atos podemos ver que a oração foi a atitude dos cristãos diante das decisões a serem tomadas (1.14), a atitude da liderança da igreja em situação de crescimento (6.4) e a prática da igreja quando estava em situação de perigo e perseguição (12.5).

Louvor

Esta é uma das poucas referências encontradas em Atos que descreve essa atitude dos cristãos. Isso, no entanto, não quer dizer que os primeiros cristãos não adoravam a Deus, mas que suas reuniões estavam mais voltadas para a instrução, a oração e a comunhão. Contudo, devemos notar que todos os outros fatos ocorriam enquanto os cristãos louvavam a Deus . Ou seja, embora sejam poucas as referências era uma atividade que estava intimamente ligada a expressão de adoração da igreja. Entretanto, não podemos afirmar com certeza se isso acontecia por meio da música, embora possa ser muito bem expressa por ela.

Evangelismo

No mesmo versículo podemos perceber, ainda que um pouco escondido, a atividade evangelizadora da Igreja Primitiva. Note: “e dia-a-dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos”. Por mais que a atividade esteja centralizada na atividade divina na salvação, sabe-se que “aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação” (1Co.1.21). Portanto, não se pode negar que o evangelismo era parte integral da vida da igreja primitiva, sendo que isto acontecia diariamente. Segue-se, então, que a proclamação da verdade, o kerigma na Igreja Primitiva era parte essencial da vitalidade da Igreja de Cristo, assim como todos os elementos já mencionados.

A conclusão que devemos chegar aqui é que estes quatro elementos são essenciais na prática e na experiência da Igreja de Cristo. Portanto, a igreja local que não viabiliza a execução desses pontos não pode ser considerada uma igreja saudável.

Fonte: [ NAPEC - Apologética Cristã ]
Via: [ Ministério Batista Beréia ]

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Deus governa ou é governado?

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Por A. W. Pink

Defrontamo-nos com alternativas e nos vemos forçados a escolher entre elas: ou Deus governa, ou é governado; ou Deus domina, ou é dominado; ou Deus cumpre a sua vontade, ou os homens cumprem a deles. É difícil fazermos nossa escolha entre essas alternativas? Teremos de dizer que vemos o homem como uma criatura tão indomável, que está além do controle de Deus? Precisaremos dizer que o pecado alienou o pecador para tão longe dAquele que é três vezes santo, que o pecador estafara do âmbito da jurisdição divina? Ou diremos que o homem, por ter sido dotado de responsabilidade moral, precisa ser deixado fora do controle de Deus, pelo menos durante o período de sua provação? Visto ser o homem natural * um fora-da-lei quanto ao céu, um rebelde contra o governo divino, segue-se necessariamente que Deus é incapaz de cumprir o seu propósito por meio dele?

Queremos dizer não só que Deus pode revogar os efeitos das ações dos malfeitores, como também que, por fim, Ele chamará os maus, perante seu trono de juízo, para que a sentença de castigo seja pronunciada contra eles — multidões de não-cristãos crêem nessas coisas. Queremos dizer, além disso, que cada ação do mais desregrado dos seus súditos está inteiramente sob o seu controle; sim, queremos dizer que enquanto o homem age, apesar de não o saber, cumpre as secretas determinações do Altíssimo. Não sucedeu assim com Judas? Será possível selecionar algum caso mais extremo do que esse? Portanto, se o arqui-rebelde estava cumprindo o plano de Deus, crer a mesma coisa a respeito de todos os demais rebeldes será um fardo demasiadamente pesado para ser suportado pela nossa fé?

Nosso objetivo não é uma inquirição filosófica ou uma casuística transcendental; e sim, determinar qual o ensino das Escrituras quanto a esse assunto tão profundo, baseados na Lei e no Testemunho, porque é somente assim que podemos aprender acerca do governo divino — seu caráter, plano, modo de operar e objetivo. O que, então, aprouve a Deus revelar-nos em sua bendita Palavra quanto ao seu domínio sobre as obras de suas mãos e, de maneira especial, sobre aquele que originalmente foi criado à sua imagem e semelhança?

"Nele vivemos, e nos movemos, e existimos" (At 17.28). Que extraordinária declaração é esta! Estas palavras, devemos notar, foram dirigidas não a uma das igrejas de Deus, nem a algum grupo de santos que já atingira alto nível de espiritualidade, e, sim, foram dirigidas a um auditório pagão, a pessoas que adoravam o "DEUS DESCONHECIDO" e que zombaram quando ouviram falar da ressurreição dentre os mortos. Mesmo assim, perante os filósofos atenienses, perante os epicureus e estóicos, o apóstolo Paulo não hesitou em afirmar que viviam, se moviam e existiam em Deus, isto é, que não somente deviam sua existência e preservação Àquele que criou o mundo e tudo o que nele há, mas também que as suas próprias ações eram supervisionadas e, portanto, controladas pelo Senhor dos céus e da terra (Dn 5.23).


"O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do SENHOR" (PV 16.1). Note que essa declaração tem uma aplicação geral — aplica-se ao "homem", e não somente aos crentes. "O coração do homem traça o seu caminho, mas o SENHOR lhe dirige os passos" (Pv 16.9). Se o Senhor dirige os passos do homem, não é prova de que este é governado ou controlado por Deus? De igual modo: "Muitos propósitos há no coração do homem, mas o desígnio do SENHOR permanecerá" (Pv 19.21). Pode isso significar algo menos que, sem importar o que o homem deseje ou planeje, é a vontade do Criador que é executada? Ilustremos com a parábola do rico insensato. Os propósitos do seu coração nos são expostos: "E arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos? E disse: Farei isto: Destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-ei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Então direi à minha alma: Tens em depósito muitos bens para muitos anos: descansa, come e bebe, e regala-te". Tais foram os propósitos do seu coração; no entanto, foi o "desígnio do SENHOR" que prevaleceu. O "farei" do rico insensato foi reduzido a nada, porque "Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma" (Lc 12.16-21).

"Como ribeiros de águas, assim é o coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo o seu querer, o inclina''' (Pv 21.1). O que poderia ser mais evidente? Do coração "procedem as fontes da vida" (Pv 4.23), e, conforme o homem "imagina em sua alma, assim ele é" (Pv 23.7). Se o coração está na mão do Senhor e Este o inclina segundo o seu querer, é claro que os homens, sim, os governadores e reis, e, portanto, todos os homens, estão sob o governo do Todo-Poderoso! Nenhuma limitação se deve fazer às declarações acima. Insistir que alguns homens, pelo menos, conseguem impedir o exercício da vontade divina e subverter o seu conselho é repudiar outros trechos bíblicos que são tão claros quanto estes. Pese bem o seguinte: "Mas, se ele resolveu alguma cousa, quem o pode dissuadir? O que ele deseja, isso fará" (Jó 23.13). "O conselho do SENHOR dura para sempre, os desígnios do seu coração por todas as gerações" (SI 33.11). "Não há sabedoria, nem inteligência, nem mesmo conselho contra o SENH©R" (PV 21.30). "Porque o SENHOR dos Exércitos o determinou; quem, pois, o invalidara} A sua mão está estendida; quem, pois, a fará voltar atrás?" (Is 14.27). "Lembrai-vos das cousas passadas da antiguidade; que eu sou Deus e não há outro, eu sou Deus e não há outro seme¬lhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade as cousas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade" (Is 46.9,10). Não existe qualquer ambiguidade nessas diversas passagens. Afirmam elas, da maneira mais taxativa e inequívoca, que é impossível o propósito do Senhor ser reduzido ao nada.

Lemos as Escrituras em vão, se não descobrimos nelas que as ações dos homens, quer sejam más ou boas, são governadas pelo Senhor Deus. Ninrode e seus companheiros resolveram erigir a torre de Babel, mas antes que a completassem, Deus lhes frustrou os planos. Jacó era o filho a quem a herança fora prometida, e, embora Isaque procurasse reverter o decreto do Senhor e dar a bênção a Esaú, seus esforços não prevaleceram. Esaú jurou que se vingaria de Jacó, mas, finalmente, quando se encontraram, choraram de alegria, ao invés de lutarem com ódio. Os irmãos de José resolveram destruí-lo, mas os seus intentos foram frustrados. Faraó se recusou a deixar Israel cumprir as instruções do Senhor e o que alcançou com isso foi perecer no mar Vermelho. Balaque pagou Balaão para amaldiçoar aos israelitas, porém Deus compeliu Balaão a abençoá-los. Hamã erigiu uma forca destinada a Mordecai; porém foi o próprio Hamã que nela pereceu enforcado. Jonas resistiu à vontade de Deus; mas, o que conseguiu com todos os seus esforços? Sim, os gentios podem enfurecer-se e os povos imaginar "cousas vãs"; os reis da terra podem levantar-se e os príncipes conspirar contra o Senhor e contra o seu Cristo, dizendo: "Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas" (SI 2.1-3). Mas, apesar disso, o grande Deus se perturba com a rebeldia de suas tão débeis criaturas? Certamente que não: "Ri-se aquele que habita nos céus; o SENHOR zomba deles" (v.4). Ele está infinitamente acima de todos, e a maior confederação dos poderes da terra e seus mais vigorosos e intensos preparativos, para combater-Lhe os propósitos, são, aos olhos dEle, inteiramente pueris. Ele atenta para os vãos esforços dos homens, não somente sem alarmar-se, mas também a rir-se e a zombar da estultícia e da fraqueza deles. Sabe que pode esmagá-los como traças, quando quiser fazê-lo, ou consumi-los com o sopro da sua boca, num só instante. De fato, é ridículo que os cacos de barro da terra contendam com a gloriosa Majestade celestial. Tal é o nosso Deus; adorai-O.

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Eu não sei

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Recentemente li uma crítica feita aos calvinistas que eles costumam escapar de dilemas teológicos resultantes de sua própria lógica recorrendo ao conceito de “mistério”. Ou seja, os calvinistas, depois de se colocarem a si mesmos numa encruzilhada teológica, candidamente confessam que não sabem a resposta para a mesma.

A crítica em particular era sobre a doutrina da predestinação. Segundo a crítica, os calvinistas insistem que Deus decretou tudo que existe, mas quando chega o momento de explicar a existência do mal no mundo, a liberdade humana e a responsabilidade na evangelização, eles simplesmente dizem que não sabem a resposta para os dilemas lógicos criados: se Deus predestinou os que haveriam de ser salvos e condenados, como podemos responsabilizar os que rejeitam a mensagem do Evangelho? Os calvinistas, então, de acordo com a crítica, recorrem ao que é denominado de antinômio, a existência pacífica de duas proposições bíblicas aparentemente contraditórias que não podem ser harmonizadas pela lógica humana.

A verdade é que, além da soberania de Deus, temos outras doutrinas na mesma condição, como a definição clássica da Trindade, mantida não somente pelos calvinistas, mas pelo Cristianismo histórico em geral. Por um lado, ela afirma a existência de um único Deus. Por outro, afirma a existência de três Pessoas que são divinas, sem admitir a existência de três deuses.
Ao longo da história da Igreja vários tentaram resolver logicamente o dilema causado pela afirmação simultânea de duas verdades aparentemente incompatíveis. Quanto ao mistério da Trindade, as soluções invariavelmente correram na direção da negação da divindade de Cristo ou da personalidade e divindade do Espírito Santo; ou ainda, na direção da negação da existência de três Pessoas distintas. Todas essas tentativas sempre foram rechaçadas pela Igreja Cristã por negarem algum dos lados do antinômio.
Um outro exemplo foram as tentativas de resolver a tensão entre as duas naturezas de Cristo. Os gnósticos tendiam a negar a sua humanidade para poder manter a sua divindade. Já arianos, e mais tarde, liberais, negaram a sua divindade para manter a sua humanidade. Os conservadores, por sua vez, insistiram em manter as duas naturezas e confessar que não se pode saber como elas podem coexistir simultânea e plenamente numa única pessoa.
No caso em questão, as tentativas de solucionar o aparente dilema entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana sempre caminharam para a redução e negação da soberania de Deus ou, indo na outra direção, para a anulação da liberdade humana. No primeiro caso, temos os pelagianos e arminianos. No outro, temos os hipercalvinistas, que por suas posições deveriam mais ser chamados de “anticalvinistas”. Mais recentemente, os teólogos relacionais chegaram mesmo a negar a presciência de Deus pensando assim em resguardar a liberdade humana.
Há várias razões pelas quais eu resisto à tentação de descobrir a chave desses enigmas. A primeira e a mais importante é o fato que a Bíblia simplesmente apresenta vários fatos sem explicá-los. Ela afirma que há um Deus e que há três Pessoas que são Deus. Não nos dá nenhuma explicação sobre como isso pode acontecer, mesmo diante da aparente impossibilidade lógica do ponto de vista humano. Os próprios escritores bíblicos, inspirados por Deus, preferiram afirmar essas verdades lado a lado, sem elucidar a relação entre elas. Em seu sermão no dia de Pentecostes, Pedro afirma que a morte de Jesus foi predeterminada por Deus ao mesmo tempo em que responsabiliza os judeus por ela. Não há qualquer preocupação da parte de Pedro com o dilema lógico que ele cria: se Deus predeterminou a morte de Jesus, como se pode responsabilizar os judeus por tê-lo matado? Da mesma forma, Paulo, após tratar deste que é um dos mais famosos casos de antinomínia do Novo Testamento (predestinação e responsabilidade humana), reconhece a realidade de que os juízos de Deus são insondáveis e seus caminhos inescrutáveis (Rm 11.33).
A segunda razão é a natureza de Deus e a revelação que ele fez de si mesmo. Para mim, Deus está acima de nossa possibilidade plena de compreensão. Não estou concordando com os neo-ortodoxos que negam qualquer possibilidade de até se falar sobre Deus. Mas, é verdade que ninguém pode compreender Deus de forma exaustiva, completa e total. Dependemos da revelação que ele fez de si mesmo. Contudo, essa revelação, na natureza e especialmente nas Escrituras, mesmo suficiente, não é exaustiva. Não sendo exaustiva, ela se cala sobre diversos pontos – e entre eles estão o relacionamento lógico entre os pontos que compõem a doutrina da Trindade, da pessoa de Cristo e da soberania de Deus.
A terceira razão é que existe um pressuposto por detrás das tentativas feitas de explicar racionalmente os mistérios bíblicos, pressuposto esse que eu rejeito: que somente é verdadeiro aquilo que podemos entender. Não vou dizer que isso é exclusivamente fruto do Iluminismo do séc. XVII pois antes dele essa tendência já existia. O racionalismo acaba subordinando as Escrituras aos seus cânones. Prefiro o lema de Paulo, “levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2Coríntios 10.5). Parece que os racionalistas esquecem que além de limitados em nosso entendimento por sermos criaturas finitas, somos limitados também por nossa pecaminosidade. É claro que mediante a regeneração e a iluminação do Espírito podemos entender salvadoramente aquilo que Deus nos revelou em sua Palavra. Contudo, não há promessas de que regenerados e iluminados descortinaremos todos os mistérios de Deus. A regeneração e a iluminação não nos tornam iguais a Deus.
Além dos mistérios mencionados, existem outros relacionados com a natureza de Deus e seus caminhos. Diante de todos eles, procuro calar-me onde os escritores bíblicos se calaram, após esgotar toda análise das partes do mistério que foram reveladas. Não estou dizendo que não podemos ponderar sobre o que a Bíblia não fala – mas que o façamos conscientes de que estamos apenas especulando, no bom sentido, e que os resultados dessas especulações não podem ser tomados como dogmas.

Fonte: [ O Tempora, O Mores! ]

Coreografia na Igreja: a dança da ignorância

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A ignorância dança na minha frente! Colorida, maquiada, e iluminada, ela se contorce feita serpente, mas não entendo o que ela quer dizer!

Trevas medievais se abatem sobre o culto de igrejas modernas. Novamente os ministros do evangelho estão buscando roupas, cores, luzes, sons, gestos mudos, e centralidade em mulheres que, sem saber, roubam a glória de Cristo nos cultos dessas igrejas. Dessa forma, a velha igreja Católica Romana com seu culto colorido tem sido lembrada no meio evangélico.

Estive pregando em um congresso para jovens presbiterianos, e fiquei decepcionado ao ver que, o culto desses jovens nada tinha a ver com o presbiterianismo histórico, nem com o sistema calvinista de adoração. Não sei quem é o culpado por tantos descaminhos dentro de nossas igrejas; o que sei é que o culto presbiteriano está aleijado em muitas igrejas; precisa de muletas para andar. O princípio que subjaz esta enfermidade é o fato dos líderes acharem que só a Palavra de Deus e os sacramentos já não podem mais ter tanta graça, e para isso insistem em trazer algo com mais engraçado. O que pude observar naquele congresso não posso chamar de culto. Não tive impressão de que as pessoas ali estivessem com suas mentes voltadas para Deus. Palco com muitas luzes pondo seus holofotes em moças maquiadas, brilhando à luz dos reflexos de sapatilhas prateadas, com vestidos multicoloridos, contorcendo seus corpos como serpentes, e até, sensualmente mostrando o contorno de seus corpos, dançando e sinalizando com os membros superiores e inferiores, gestos obscuros que ninguém entendia o que queriam dizer com aqueles movimentos.

Quando sento num banco de igreja e vejo aquelas mocinhas dançando na minha  frente, nada mais consigo além da ignorância dançante de seus líderes. Como dançam ao som de músicas, entendo a letra da música, mas não sei o que elas pretendem dizer com seus braços e pernas que sobem e descem sincronizadamente, repetindo cansativamente os mesmos movimentos. Será que somente eu não compreendo a linguagem daqueles corpos coloridos, brilhantes e emudecidos, que se contorcem sobre o palco querendo dizer algo? Será que terei que aprender um alfabeto dos movimentos coreográficos para decodificar a mensagem dançada?

Foi-me dito que elas estão louvando a Deus. Estranho! Parece que esse louvor nunca poderá ser congregacional; ou imaginaremos os anciãos da igreja coreografando sincronizadamente? Por que essa modalidade de louvor só pode ser praticada por moças novas?

Por que a coreografia não é a vontade de Deus para o culto cristão?

1) PORQUE É UM MEIO ATRASADO E PRIMITIVO DE COMUNICAÇÃO QUE COMPROMETE O CULTO À OBSCURIDADE E AO ERRO.

O meio mais direto, perfeito e objetivo de nos comunicarmos com Deus é por meio da palavra inteligível. Os movimentos corporais podem representar simbolismos nas muitas religiões pagãs e de mistérios pelo mundo afora; mas só o culto revelado a Israel (Rm 9:4) contém os verdadeiros elementos que agradam a Deus. Nada há no culto de Israel que lembre o culto pagão das nações vizinhas, que era recheado de danças folclóricas. O louvor de Israel sempre foi por meio de palavras inteligíveis, e não por expressões corporais. Além disso, teria que haver uma codificação dos movimentos, para que a igreja pudesse ler e decodificar o significado de cada movimento, o que é impossível, pois como é uma dança ao som de músicas, as letras das músicas confundiriam as letras expressas pela linguagem corporal. Ainda assim, a expressão corporal seria inviável para o culto porque o corpo é mudo e seus movimentos limitados, tendo-se que repetir as mesmas coisas significadas, e caindo no erro das vãs repetições.

A coreografia é proibida pelo apóstolo Paulo por representar uma forma muda de expressão que nada expressa. Nenhuma formalidade sem sentido deveria fazer parte do culto cristão, (I Co 14:8-9). A própria palavra louvar (do lat. Laudare) sempre está relacionada a “dizer algo inteligível à mente”, “bendizer”; assim sendo nunca poderia ser empregada para gestos ou expressões corporais. O Salmo 150:4 emprega o termo para “adulfes e danças” porque está citando a expressão de Êxodo 15:20-21, que é acompanhada de bendições em alta voz por Miriam e as mulheres que acompanharam o coro.

Todo meio obscuro de cultuar a Deus é proibido em sua Palavra, pois a igreja tem entender a mensagem para dar o amém, (I Co 14:16). Toda forma de culto que não comunica a mensagem inteligivelmente, é semelhante a falar ao ar, (I Co 14:9). Além do mais, o apóstolo Paulo ensina que o culto cristão é racional, pertencente ao entendimento, (Rm 12:1). Cultos em que não se entende a mensagem ou o louvor, são caracteristicamente pagãos em sua essência.

Usar exemplos de Miriam ou Davi é cometer sério erro hemenêutico. Eles dançaram porque quiseram; não estavam obedecendo a nenhum mandamento da lei, nem seu exemplo ficou para ser seguido. O povo de Deus não segue exemplos, e sim ordens.

2) PORQUE NÃO É PARTE INTEGRANTE DE NENHUM DOS MEIOS DE GRAÇA, E, PORTANTO NÃO PODE FAZER PARTE DO CULTO.

Além dos sacramentos e da palavra, Cristo e os apóstolos não instituíram nada mais como meio de graça para o povo de Deus. Todos os elementos do culto cristão são, necessariamente, meios de graça. Mas fica difícil explicar como um grupo de mulheres fantasiadas e dançantes se tornariam um meio de graça para a igreja de Cristo. O que coreografia tem a ver com a história da redenção? O que as danças comunicariam à mente dos crentes? A música cantada é ordenada nas epístolas paulinas, e foi usada por Cristo ao término da ceia; nada há, porém, quanto à dança.

3) PORQUE NÃO FAZ PARTE DE NENHUMA ORDEM LITÚRGICA ENCONTRADA NO VELHO OU NOVO TESTAMENTO.

A própria expressão “dança litúrgica” é precária, pois não há nenhuma liturgia de culto onde haja danças no Velho ou Novo Testamento.

O culto foi uma das dádivas pactuais dadas ao povo de Israel, e sobre o qual a nova aliança é inspirada. Não há nenhum registro do culto no Antigo Testamento que danças fizeram parte do culto israelita no templo. O culto de Israel era santíssimo, e jamais seria profanado por elementos de cultos pagãos. Os povos vizinhos de Israel adoravam o sol, as estrelas, gatos, serpentes, jacarés, deusas, e deuses, dançando religiosamente para eles. Esse culto dançante era originado da própria vontade humana, mas o culto do Deus de Israel tinha origem divina, e foi revelado pelo próprio Deus ao seu povo, (Rm 9:4); em nenhum lugar da revelação Deus requereu danças; elas eram exatamente o elemento mudo das religiões pagãs daqueles tempos. O mesmo pode-se entender no Novo Testamento. Nenhuma evidência há para uma tradição pagã entre os crentes da igreja primitiva.

4) PORQUE NÃO HÁ MODELO NEM MANDAMENTO APOSTÓLICO PARA ISTO.

As ordens apostólicas do conteúdo do culto no que se refere a louvor é salmo, (I Co 14:26); salmos, hinos e cânticos espirituais, (Ef 5:19). Em nenhum lugar da tradição apostólica foi incluída coreografia, sendo, portanto, uma tradição humana acrescentada ao culto cristão.

5) PORQUE ROUBA A GLÓRIA DE CRISTO E MACULA O CULTO DIVINO.

O movimento moderno secular de coreografia na igreja apresenta-se como um show, bem ensaiado, e que, impecavelmente pretende agradar à expectativa de quem assiste. A atenção dos expectadores está em acompanhar os movimentos dos corpos brilhantes e coloridos e conferir as falhas e os acertos para depois atribuir-lhes elogios. Nada há na coreografia que leve a mente dos crentes a glorificar a Cristo, pois os corpos dançantes não falam à mente. Se nada comunicam, acabam distraindo a mente dos crentes e desviando o foco das atenções do verdadeiro culto que é Cristo.

Nenhuma dançarina vai a um palco querendo dar glória a outrem, pois ela está ali para “demonstrar” e não para levar a mente das pessoas cativas a outro lugar que não sua própria pessoa. Assim, as dançantes amaldiçoam-se por roubar a centralidade da adoração a Deus, (Atos 12:21-23), por receber honras e elogios que deveriam ser de Cristo, e por tornar a adoração a Deus em show, culto profano e pagão.

6) PORQUE A COREOGRAFIA SEMPRE ESTÁ ENVOLVIDA COM CARNALIDADE.

Na coreografia, os movimentos dançantes são voltados para demonstrações dos corpos de quem dança. A mente de quem assiste é eficazmente desviada para contemplar movimentos, e não para pensar em Deus ou em Cristo. As moças fantasiam-se sensualmente, - exatamente como procedem as dançarinas mundanas para atrair olhares, e provocar impressões sensoriais fortes em quem assiste. Quando dizem que estão imitando a profetisa Miriam, com coreografias modernas, tais coreógrafos esquecem-se de que uma profetisa judia nunca vestiria trajes tão pecaminosos como as atuais fantasias que circulam nos palcos eclesiásticos dos nossos dias. Pelo efeito que produz, a coreografia é uma obra de sensualidade, voltada para o pecado da carne; e o pendor da carne é morte, (Rm 8:6).

7) PORQUE É PECAMINOSO POR ENALTECER A NATUREZA HUMANA.

Nada pode ocupar o centro da adoração cristã senão a Palavra de Deus, por meio do pregador. As danças, os conjuntos, cantores e corais são terminantemente proibidos de ocupar o lugar central da Palavra de Deus no verdadeiro culto cristológico. Todas essas pretensiosas formas de expressões de louvor são individuais e particularizadas, devendo apenas ser para uso de cada um em ambiente privado, não na igreja. Na igreja o culto é público, e o louvor sempre é congregacional. O apóstolo Paulo foi incisivo contra os coríntios com seus individualismos em detrimento da igreja como corpo. A visão de cantor A, conjunto B, coral C, que se apresentam sozinhos, segregando-se do louvor congregacional, nada mais é do que uma visão de fama, e isto é pecaminoso aos olhos de Deus.

Uma expressão absurda que se usa muito nas liturgias seculares é o termo “participação especial” para designar um cantor que vai cantar na frente da igreja. Sem perceber, o liturgo anuncia que o culto vai parar porque alguém mais especial vai cantar.

Sempre que houver o incentivo à manifestações particulares de louvor, a tendência é à segregação, individualismo, fama, elogios, e exaltação à pessoa que canta ou grupo que se apresenta. Assim sendo, tais modelos são carnais, (Gl 5:20-21) e devem ser evitados na igreja de Cristo. Todos esses modelos são  seculares, trazidos do mundo pagão para dentro da igreja, sem nenhuma base bíblica. No céu toda a igreja cantará em um coral universal; lá não haverá participação especial de A ou B. Se a igreja de Cristo quer agradar a Deus, então, deverá copiar o modelo das coisas celestiais, e não das terrenas, (Cl 3:2).

8) PORQUE É AFÔNICA E DENUNCIA-SE DESNECESSÁRIA

A mais absurda idéia que podemos ouvir dos defensores da coreografia na igreja é que ela é uma maneira de louvar a Deus. Usam os textos dos Salmos 150 e o exemplo de Miriam (“Se ela dança, eu danço!”), e o exemplo de Davi – textos que tratarei mais adiante – para fundamentar uma teologia contraditória, por desconhecerem a verdadeira idéia do salmo 150 e do exemplo de Miriam.

A grande contradição da coreografia é que ela precisa da música para louvar. Ora, como pode um corpo dançante louvar, se louvar é bendizer, e o corpo nada diz?

Ao olharmos para o Salmo 150:4 (“Louvai ao Senhor com adulfes e danças”), o termo hebraico mahol “dança”, é um termo usado como símbolo de alegria após uma vitória. Normalmente uma mahol era acompanhada de adufes (tof); por isso o salmista usa o conjunto “adulfes e danças”. A expressão hebraica do Salmo 150:4 é exatamente a mesma encontrada em referência à dança de Miriam em Êxodo 15:20, em sua forma verbal (“tocaram adulfes e dançaram”). Algo muito importante que muitos deixam de esclarecer é que a dança de Miriam nada tem a ver com o moderna coreografia praticada nas igrejas. Vejamos as diferenças: 1) A dança de Miriam foi resultado de uma alegria de vitória do povo de Israel sobre os egípcios; 2) Foi acompanhada por um instrumental próprio; 3) Constituiu parte do ato de louvor a Deus pela vitória, que compunha-se de repertório, som, e dança. Daí podemos concluir: a) que Miriam não coreografou apenas gestos mudos; b) Que é errado referir-se a Miriam apenas à sua dança, pois ela tocou, cantou, e dançou; c) Que a parte mais importante do seu ato não foi a dança, e sim a letra da música que ela proferiu; d) Que o que louvou a Deus não foi o movimento do seu corpo, e sim as palavras que proferiu para engrandecer e bendizer a Deus; e) Que a dança de Miriam não foi uma parte integrante do louvor, e sim o resultado da alegria que sentiu, sendo apenas uma manifestação contingente.

Uma segunda abordagem importante é lembrar que aquele ato de Miriam foi um ato profético extraordinário e inspirado, no qual, ela como profetisa inspirada, estava profetizando Palavras de Deus que ficaram registradas no cânon das Escrituras do Antigo Testamento. Portanto ninguém pode querer dançar como Miriam dançou, porque sua dança foi um mover inspirado do Espírito de Deus no profetismo do Antigo Testamento, que tinha fins de escrituração da Palavra de Deus; Miriam não dançou porque quis, e sim porque o Espírito quis. Quando as pessoas querem imitar Miriam, estão assumindo a postura do falso profeta, pois não têm credenciais para isto.

Quanto ao Salmo 150, estaria dando ordens para louvar a Deus com danças? Absolutamente não! O salmista não está se referindo apenas à “dança”, separadamente de adulfe, pois ele está se referindo ao ato de Miriam. “Adulfes e danças” é a expressão do louvor profético da profetisa Miriam, que foi inclusa no livro dos salmos para ser lembrada continuamente no cântico de Israel, porque continha os elementos da redenção de Israel.

Grande parte do erro da coreografia deve-se à visão errada que as pessoas têm dos Salmos. A maioria acha que os salmos são mandamentos; e quando lêem o Salmo 150:4, acham que o salmista está ordenando ao povo de Deus a dança como louvor. Os salmos são poemas musicais compostos pelos israelitas da antiguidade para serem usados como hinos na adoração. Ao invés de dançarem por causa da expressão do salmo, eles apenas cantavam o salmo; não há nenhum indício de que os israelitas dançassem no templo. Na verdade, o Salmo 150:4 não foi dado para imitar Miriam, mas para cantar a vitória redentiva que ela celebrou. Portanto, o Salmo 150:4 não é para ser dançado, e sim cantado. Bater tambores e movimentar o corpo nada diz acerca das grandezas de Deus; portanto, não é à dança ao que o salmista está se referindo, e sim ao que foi dito por Miriam quando dançou.

O caso da dança de Davi em I Crônicas 15:29 tem sido usado como modelo ou mandamento para justificar coreografia. Isto consiste muito mais em ignorância do que exegese. Davi não deu ordens a ninguém para dançar, nem instituiu em seu reinado a “dança litúrgica”. Mais uma vez, somente o rei se empolgou porque estava vindo de uma vitória contra os filisteus, e apenas ele dançou. Davi dançou e se alegrou, mas depois é que adorou ao Senhor com cânticos dos Salmos de sua autoria, (I Cr 16:7-36). Isto é prova de que as danças do Antigo Testamento estão relacionadas com a história das vitórias de Israel, e nunca com a adoração. Danças no Antigo Testamento é uma expressão de alegria, e não de louvor.

A dança celebra alegria, festa; a única festa a qual somos ordenados celebrar é a ceia do Senhor no dia do Senhor, (I Co 5:7,8).

9) PORQUE ROUPAS, CORES, FORMAS, LUZES E SONS SEMPRE CARACTERIZAM O VELHO CULTO CATÓLICO ROMANO.

O culto reluzente e colorido é o culto que não agrada a Deus. No Antigo Testamento havia muitas figuras, cores, formas e ritos, mas tudo tinha um significado tipológico. Com a vinda de Cristo, toda expressão profética do antigo culto cumpriu-se. Agora, somente os aspectos da nova aliança devem interessar à igreja de Cristo. Nada há Novo Testamento que nos dê a entender que o culto da Nova Aliança seja recheado de cores, luzes e sons. Ao contrário, a recomendação apostólica, quanto ao culto cristão, é de simplicidade e humildade. A igreja neotestamentária que mais deu trabalho ao apóstolo Paulo quanto à humildade do culto foi Corinto. Loucos por extravagâncias, os coríntios foram duramente repreendidos pelo apóstolo.

Antigamente, antes das missões protestantes alcançarem as Américas, a roupa comum dos crentes era, naturalmente, o paletó. O pregador usava paletó porque era a roupa de todos os homens presentes na igreja; não havia destaque do pregador pela roupa ou qualquer outro utensílio. Hoje as igrejas buscam destacar cada vez mais o pregador da multidão. Contrariamente aos reformadores do passado, o Catolicismo procurou enaltecer infinitamente seu clérigo, pondo sobre ele roupas, cores, e objetos, que o tornam o centro da missa. O papa católico, com seus grandiosos palácios e fortunas, com tantos aparatos, ouro, e finíssimas roupas sobre si, nunca poderia ser o representante de Cristo na terra; Cristo morreu nu, desprezado, sem riqueza, e abandonado numa cruz. Por este motivo, o verdadeiro culto cristão é aquele que melhor representa a humildade do nosso Senhor. Implementar o culto com tantas paramentas é voltar à ostentação do culto católico romano, culto abominável a Deus.

10) PORQUE IMPEDE QUE A PRÓPRIA MENSAGEM PRETENDIDA CHEGUE A MENTE, POR APRISIONAR-SE AOS OLHOS.

Deus nunca estabeleceria coreografias para o seu culto porque seria uma contradição de propósitos. Seria a coreografia para os olhos ou para mente? Até agora nunca vi nada diferente do que as tais danças proporcionam para quem as assiste, além de novidades para os olhos. Nada diz ao coração, nem à mente. Ninguém entende nada que se faz com o corpo. É mero lazer para quem pratica, e confusão para quem vê. Dessa forma, a coreografia constitui um elemento proibido pela literatura apostólica. Nela não há mensagem de louvor, palavras de gratidão ou qualquer coisa parecida. Como poderia algo tão inócuo e irracional fazer parte do culto racional dos cristãos, (Rm 12:1)?

11) PORQUE DESOBEDECE AO MANDAMENTO DA MODÉSTIA DA MULHER NO CULTO.

As dançarinas produzidas em vestes, cores e arranjos ferem a ordem apostólica dos trajes modestos que Paulo dá em I Timóteo 2:9 para o culto cristão. O culto não é lugar para demonstrações de fantasias de danças femininas. Certamente isto constitui um pecado grave para com Deus: a profanação do seu santo culto.
12) PORQUE FAZ PERDER A SIMPLICIDADE DO CULTO A DEUS.

O culto cristão é um momento onde todos os crentes devem estar quebrantados de espírito, arrependidos de seu mal, perdoado o próximo, e na mais total dependência de Deus. O sentimento de igualdade e dependência mútua como partes de um corpo deve permear o ambiente sagrado, fazendo de todos um único organismo. Quando o culto é recheado de destaques, privilégios, participações “especiais”, apresentações e representações individuais, (cores, movimentos, sons, personalidades centralizadas no palco, concorrências, etc.) elementos chamativos da atenção da congregação para um único indivíduo ou grupo, perde-se então, a verdadeira natureza de culto a Deus; a adoração é transformada em relações psico-sociais e antropológicas. Personagens se tornam o foco das atenções, as mentes são desviadas de Cristo, e o interesse aumentado em direção aos talentos, cores, sons, gestos e aplausos.

Para a maioria das pessoas o culto não tem graça quando o único atrativo é Deus. Haverá sempre muito mais adeptos do falso culto, porque, além de tal culto não exigir pré-requisitos espirituais, ainda garante um relaxamento e lazer para os participantes.

13) PORQUE CONTRARIA OS PRINCÍPIOS DE LITURGIA DO CALVINISMO, CARACTERIZANDO OS USUÁRIOS COMO NÃO CALVINISTAS.

Calvinismo é um sistema de culto e vida. Incrivelmente, podemos encontrar coreografia em igrejas que vêm de origens calvinistas; até mesmo alguns pastores coreógrafos querem ser identificados como calvinistas. Com toda certeza esses movimentos coreográficos seriam taxados por Calvino e seus sucessores como movimentos pagãos. O culto do calvinismo clássico está muito longe das caricaturas modernas do culto protestante. Os praticantes da coreografia evangélica desconhecem o verdadeiro culto calvinista, e não partilham da tradição reformada deixada pelos gigantes do calvinismo clássico.

A ênfase dada pelos calvinistas ao culto cristão condena qualquer representação visível (CONFISSÃO DE WESTMINSTER, cap. 1, seção 1), seja de danças, de teatro, ou de qualquer outra coisa. Pastores que afirmam serem presbiterianos, ou que adotam a Confissão de Westminster como símbolo de fé, jamais deveriam estar envolvidos em práticas coreográficas no culto reformado, pois isso é negar o voto ministerial, e incorrer numa infidelidade para com a Igreja Presbiteriana do Brasil.

14) PORQUE A ORDEM É LOUVAR COM A BOCA, E NÃO COM DANÇAS.

Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome.” (Hebreus 13:15)

A palavra “sacrifício” da expressão “sacrifício de louvor”, representa a adoração a Deus no Antigo Testamento. O autor está citando a mesma idéia contida em Oséias 14:2 (“sacrifícios de nossos lábios”) para afirmar a verdade comparativa com o Antigo Testamento: enquanto a adoração da Antiga Aliança era por meio de sacrifícios de animais, a adoração da Nova Aliança é por meio de um outro tipo de sacrifício,“o sacrifício que procede dos lábios”. O autor desta epístola é unânime com a doutrina apostólica, quando fundamenta toda a adoração do Novo Testamento sobre o louvor dos lábios dos crentes. Indiscutivelmente, quando alguém tem dúvida sobre a adoração do Novo Testamento, podemos dizer-lhe que aquilo que era para o antigo culto de Israel, é hoje o louvor dos lábios dos crentes. Esse é o modelo neotestamentário de adoração da Nova Aliança, não havendo nenhuma outra forma de adorar a Deus, além de nossos lábios.

15) PORQUE NO CÉU O CORAL É DE VOZES E NÃO DE DANÇARINAS.

Era necessário que, as figuras das coisas que se acham nos céus se purificassem com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais, com sacrifícios a eles superiores.” (Hebreus 9: 23)

O culto terreno, instituído por Cristo e pelos apóstolos, é figura do que há no céu, e lá não há grupos de dançarinas, apenas um imenso coral de vozes dos redimidos, (Apocalipse 7 e 19). O texto de Hebreus está intimamente relacionado com o sacrifício de louvor dos lábios dos crentes. Não há nenhuma margem para cultos dançantes no céu. A adoração a Deus que acontece na terra é uma cópia da adoração celestial. Por isso João tem a visão apocalíptica de um grande coral, e não de dançarinas.

16) PORQUE DENUNCIA A IGNORÂNCIA TEOLÓGICA DOS LÍDERES QUE APOIAM ESTE PECADO NA IGREJA.

Como já vimos anteriormente, a prática da coreografia na igreja é uma prática mundana que entrou no culto dos mais desinformados. A liderança que compartilha de tais “expressões de louvor” desconhece a história do Calvinismo, ignora os símbolos de fé reformados, não tem raciocínio teologicamente preciso, e nunca aprenderam teologia reformada. Cansam-se de dizer que são reformados, quando na verdade só acreditam, com reservas, no sistema de governo e na doutrina da predestinação. Se olharmos para o presbiterianismo histórico, veremos que os antigos líderes eram homens mais conscientes da doutrina reformada, e detinham certa cultura teológica; essa é razão porque nunca encontramos coreografia na igreja quando recuamos um pouco na história. A maioria da liderança perdida com coreografia representa um pessoal que nada lê ou estuda; ignora a teologia, as letras, e o conhecimento. Assim, perecem no paganismo de sua própria ignorância.

Quando corpos se contorcem feitos serpentes na frente de uma igreja, a única coisa que representam com aquelas danças é a materialização dançante da ignorância de seu pastor.

16) PORQUE CONTRARIA A ORIENTAÇÃO LITÚRGICA DA IPB.

A base constitucional contra a coreografia na igreja está nos Princípios de Liturgia cap. III, Artigos. 7 e 8, no qual a IPB define os elementos que devem constar no culto presbiteriano.

A posição mais recente da Igreja Presbiteriana do Brasil quanto à coreografia está na resolução exposta no documento CXIII da reunião ordinária do SC/IPB-98, a qual rejeita o movimento coreográfico na igreja em bases teológicas, históricas, e confessionais, ordenando aos concílios que façam lembrar aos pastores o voto de seguir os padrões institucionais quando da ordenação, e que também façam cumprir os princípios de liturgia quanto ao culto público da IPB no cap. III, artigos 7 e 8. Todos os líderes eclesiásticos que compartilham, ensinam, ou praticam coreografias em suas igrejas incorrem em grave falta, sendo passivos de disciplina pelos concílios da IPB, bastando para isso que qualquer membro da igreja ou concílio denuncie tal líder. Aqueles que não concordam ou sentem-se ultrajados por causa de seus líderes dançarinos, devem enviar documento formal, com base constitucional (tanto do Manual Presbiteriano, quanto do doc. CXIII-SC/IPB-98) ao conselho, pedindo que tal documento seja enviado ao Presbitério. Em tal documento deve haverá: a) denúncia formal de que o pastor promove ou permite danças no culto público; b) a base constitucional que referenda a falta ( Manual Presbiteriano e doc. CXIII-SC/IPB-98); c) a requisição pedindo que seja proibido pelo concílio superior o procedimento coreográfico de tais líderes.

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Autor: Moisés C. Bezerril | Fonte: Teologia Hoje | Divulgação: Bereianos
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Livro polêmico Revela segredos sujos sobre Pr. Mike Murdock

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Após sair da cadeia, ex-missionário que roubou a casa do pastor faz sérias acusações

O pastor Mike Murdock se diferencia entre a maioria deles por enfatizar justamente a necessidade de sabedoria. Ele escreveu dezenas de livros sobre o assunto e criou, inclusive, o Centro de Sabedoria, sede de seu ministério em Fort Worth, Texas.

Mas quando ele se tornou famoso, aparecendo em programas diversos e sempre comparando a busca por sabedoria com o acúmulo de riquezas, passou a chamar atenção de muita gente dentro e fora da igreja.

O jornal texano Star-Telegram fez, em 2003, uma série de reportagens investigativas sobre O Centro de Sabedoria e o ministério de Mike Murdock. A questão levantada pelos repórteres era o acúmulo de riquezas por um pastor que afirmava manter uma organização sem fins lucrativos. O jornal, dedicou um grande espaço para mostrar os jatinhos e carrões que ele possuía, além dos esplendores da imensa propriedade de 7 hectares que Murdock mantém em Argyle, Texas.

Naquela ocasião, o Star-Telegram contou com o apoio da Trinity Foundation [Fundação Trindade], que se descreve como uma organização disposta a “monitorar e investigar a fraude religiosa desde 1987”. O próprio pastor Mike contou, quando esteve no Brasil, que depois de muitas investigações do departamento de Imposto de Renda e do jornal, nada ficou provado e ele nunca foi condenado.

Em 2011, novamente Mike Murdock e seu ministério estão sendo acusado de fraudes, mas de uma maneira diferente. O ex-missionário Brian “Trey” Smith publicou um livro chamado “Thieves: A dirty TV pastor and the man who robbed him” [Ladrões: um pastor da TV desonesto e o homem que o roubou], onde descreve, com riqueza de detalhes, os bastidores do ministério de Murdock e sua obsessão, a exemplo de Salomão, por mulheres e riquezas.

Em 1998, Trey estudava no seminário Cristo para as Nações, em Dallas. Seu melhor amigo naquela época era Jason Murdock, filho único do pastor Mike.
Ele diz que rapidamente passou a ficar íntimo da família e passava horas na mansão da família e conheceu uma “sala secreta”, que possuía alarmes eletrônicos e abrigava um grande forte.

Trey e Jason passavam horas naquela sala, experimentando os caros relógios Rolex, pulseiras de ouro e anéis de diamante, jogando cara ou coroa com valiosas moedas antigas e folheando uma grande coleção de revistas pornô. Eles também faziam uso de bebidas alcoólicas e drogas.

Aos poucos, Trey relata que foi ficando com raiva de ver o pastor Murdock aparecer na TV o tempo todo falando sobre Deus enquanto vivia uma vida que não condizia com suas pregações. Ele relata que o pastor Murdock mantinha um mini-zoológico, que incluía inclusive um leão de estimação, várias limusines e vivia acompanhado de prostitutas de luxo.

Em seu livro ele descreve a situação assim:

“Considerava a sala secreta de Mike uma conta pessoal, onde podia fazer saques pequenos enquanto, em troca, mantinha minha boca fechada. É um fardo viver em uma bolha cristã, sem nunca poder falar sobre o paraíso escondido do pregador, com prostitutas siliconadas, brinquedos sexuais, pornografia pesada, e tudo que o dinheiro podia comprar… Em minha mente, era tudo um comércio, um arranjo sórdido…

Naquela época, eu entrava no closet do pai do meu melhor amigo como o cara que descobriu a tumba do faraó. Havia caixas e caixas de anéis, braceletes e colares de ouro, moedas raras e uma desorganizada coleção de selos muito valiosos… Mas nada se comparava ao que imaginávamos haver dentro do grande cofre, que ficava no meio do quarto. Nunca conseguimos abri-lo, mas passei a deseja-lo. Sonhava com isso, fantasiava como seria… Não queria apenas roubar o seu dinheiro… Mais do que isso, eu tinha realmente aprendido a odiar aquele homem e tudo que ele representa.

Odiava as mentiras, o engano, a ganância, os acordos de bastidores, os segredos, o sexo e toda a dor que ele causava aos cristãos falando sobre a necessidade de eles terem fé no “deus dólar”. Para mim, dentre os televangelistas, Mike Murdock era o pior. Enquanto o mundo estava assistindo-o pregar de terno, gravata e Bíblia aberta em suas telas de televisão, eu conhecia os lugares que ele nunca mostraria perante as câmeras.

Eu sentia que todos seus mantenedores tinham sido injustiçado. Iria apenas consertar as coisas. Eu sabia que praticamente nada daquele dinheiro era destinado para o que Murdock chamava de “instituições de caridade.”Eram apenas uma fachada que ajudavam a manter seu desejo por ter ouvintes obedientes, posses terrenas, contas bancárias de grande porte, mulheres bonitas, escapadas sexuais e sede de poder. Por todas estas razões, eu não me sentia nem um pouco mal por tomar até o último centavo que ele tinha. Eu não era herói. Eu tinha me tornado um canalha sujo e podre como todos eles.”

Trey acabou usando seus conhecimentos e familiaridade com a mansão para roubar o cofre de Murdock enquanto ele estava em sua viagem anual a Israel em 1999. Sabendo a combinação dos alarmes, entrou na sala secreta e fugiu para o México. No relatório para a polícia, Murdock afirmou que no cofre havia 125 mil dólares, nos vídeos disponíveis na internet ele diz que foram milhões. Trey afirma que foi tudo uma armação, o pastor teria colocado pilhas de papel cortadas do tamanhão de notas verdadeiras e escrito um bilhete dizendo que jamais perdia, que sua fortuna estava a salvo no banco e que iria atrás do ladrão. Com medo do que podia acontecer, Trey fugiu para o México sem dinheiro e com mais raiva ainda do pastor.

Depois de extensa investigação nos Estados Unidos, provas contra Trey foram reunidas, mas ele estava fora do alcance da lei americana. Murdock então contratou investigadores particulares que o rastrearam quando ele voltou para os Estados Unidos.

Ele respondeu por esse roubo e outras acusações e cumpriu pena numa penitenciária durante quase uma década. Enquanto estava preso, escreveu boa parte seu livro, onde diz relatar com detalhes muitos outros segredos do ministério de Murdock e também de outros pastores conhecidos.

Trey Smith agora se diz arrependido e livre das drogas, e que deseja mostrar ao mundo que está mudado. Afirma ter se reconciliado com Deus, mas continua disposto a mostrar quem realmente é o pastor Mike Murdock. Além de publicar Thieves de maneira independente em forma impressa e como ebook, Trey mantém o site godinanutshell.com que oferece várias informações sobre seu passado e traz “provas” de seu roubo e de todas as acusações que faz.

A revista texana D Magazine publicou o primeiro capítulo do livro e tentou ouvir o pastor Murdock ou alguém que pudesse falar em nome do Centro de Sabedoria. Não teve resposta.

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Falsos profetas – John Stott (1921-2011)

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Por John Stott

Ao dizer às pessoas que tivessem "cuidado com os falsos profetas" (Mt 7.15), Jesus obviamente assumiu que eles existiam. Não faz sentido você pôr um alerta no portão do seu jardim: "Cuidado com o cão!", se tudo que tiver em casa for um casal de gatos ou um periquito australiano. Não. Jesus alertou seus seguidores sobre os falsos profetas porque eles já existiam.

Nós os encontramos, em numerosas ocasiões, no AT, e Jesus parece ter considerado os fariseus e saduceus da mesma forma — "líderes cegos conduzindo outros cegos" —; foi dessa forma que ele os chamou. Jesus também deixou implícito que eles cresceriam e que o período que precederia o fim seria caracterizado não apenas pela expansão do evangelho, mas também pelo surgimento de falsos mestres que levariam muitos a se desviar.

Ouvimos falar a respeito deles em quase todas as cartas do NT. São chamados de "falsos profetas" ("profetas", presumivelmente porque afirmam ter inspiração divina), de "falsos apóstolos" (porque afirmam ter autoridade apostólica), de "falsos mestres", ou, até mesmo, de "falsos cristos" (porque tem pretensões messiânicas). Mas cada um deles é "falso" — pseudoprofeta, pseudo-apóstolo, pseudomestre ou pseudocristo —; pseudos é a palavra grega para mentira.

A história da Igreja tem um longo e som¬brio histórico de controvérsias com os falsos mestres. O valor dessas controvérsias, na prevalente providência de Deus, é que elas apresentaram à Igreja um desafio para pensar e definir a verdade, mas causaram muito prejuízo. Infelizmente, ainda hoje há muitas delas nas igrejas.

Ao nos recomendar que tivéssemos cuidado com os falsos profetas, Jesus fez outra conjectura: há um padrão objetivo de verdade que deve ser distinguido do falso profeta. A noção de "falso" profeta seria irrelevante, se isso não fosse verdade.

Fonte: [ O Calvinismo ]
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A unção do Cachorro!

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Por Renato Vargens

Já cantava Waldick Soriano, “eu não sou cachorro não”, no entanto, não é isso que os adeptos da zooteologia acreditam, até porque, depois da unção da galinha, do galo e do leão, eis que surge retumbante em nossas igrejas a unção do cachorro.

Sou obrigado a confessar que a unção da bicharada é algo que me deixa extremamente intrigado, até porque, não vejo em nenhum momento da Bíblia os apóstolos usufruindo de tais manifestações espirituais. Por acaso existem relatos nas Escrituras de Paulo latindo? Ou de Pedro uivando? Ou Timóteo rugindo? Claro que não. Entretanto, os adeptos da "zooteologia" acreditam que pessoas em estados alterados de consciência recebem da parte de Deus a unção de animais, o que as faz latir como cães, pular como macacos, rastejar como cobras. Confesso que não sei aonde vamos parar. O que fizeram com o evangelho de Cristo? O que fizeram com a sã doutrina? Diante disto tudo lhe pergunto: Que Cristianismo é esse? Que evangelho é esse? Que doutrinas são estas? Ora, esse não é e nunca foi o evangelho anunciado pelos apóstolos. Antes pelo contrário, este é o evangelho que alguns dos evangélicos fabricaram! Infelizmente, a Igreja deixou de ser a comunidade da palavra de Deus cuja fé se fundamenta nas Escrituras Sagradas, para ser a comunidade da pseudo-experiência, do dualismo, do misticismo e do neomaniqueismo!

Ah, meu amigo, confesso que não agüento mais a efervescência da graça barata, o mercantilismo gospel, a banalização da fé, a manifestação de apóstolos da mentira. Não suporto mais, as loucuras e os atos proféticos feitos em nome de Deus, não agüento mais o aparecimento das mais diversas unções em nossos arraiais; isso sem falar da hierarquização do reino, onde apóstolos, paipóstolos, príncipes e reis, têm oprimido substancialmente o povo do Senhor.

Chega! Basta! Quero viver e pregar o evangelho integral, quero ver uma igreja, santa, ética, justa e profética, quero ver uma igreja, que não se corrompe diante loucuras dessa era, quero ver uma igreja reformada e reformando, quero ver uma igreja verdadeiramente PROTESTANTE!

SOLI DEO GLORIA!

Fonte: [ Blog do autor ]

Comentário do Blog Bereianos:

É meu irmão Renato Vargens, o negócio está feio mesmo. Essa tal de "unção canina" não é de hoje, alguns anos atrás denunciamos esta aberração herética (clique aqui para ver). Com certeza essa tal de "zooteologia" não existe, é mais uma heresia altamente destrutiva que deve ser combatida com veemência por nós.

Ruy Marinho
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Predestinação e liberdade humana

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Por Augustus Nicodemus Lopes




Vídeo muito explicativo, onde de forma sábia e ao mesmo tempo humilde, o reverendo Augustus fala sobre as verdades aparentemente opostas na bíblia e exalta a soberania de Deus por cima do entendimento humano.

Via: [ Púlpito Cristão ]
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Ratinho, falando por nós reformados

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Por Douglas Santos

Que as barbaridades neo-pentecostais incomodam não só a nós reformados, eu já sabia há muito tempo. As coisas estão tão complicadas e absurdas que, usando um discurso simples e objetivo, o apresentador de televisão Carlos Massa (vulgo "Ratinho") usou uma pequena parte de seu programa, há alguns dias, para comentar sobre um vídeo que ficou famoso no meio "gospel": O caso do fiel da IMPD e o fim de todas as suas dívidas (veja aqui).

É isso mesmo Sr. Ratinho, você não disse nada além da verdade.

Aproveitando os comentários, faço aqui um desabafo.

Estou cansado de ver tantos lobos que, utilizando suas técnicas quase infalíveis de lavagem cerebral, enganam tantas pessoas.

Estou cansado de saber que muita gente olha para esses tipos de seitas e acreditam que elas, pelo fato dos inúmeros "sinais e maravilhas" que, supostamente acontecem, são a verdadeira forma da Igreja de Cristo.

Estou cansado de ouvir o discurso barato desses homens. Quanta heresia, quanto pragmatismo.

Estou cansado de sentir vergonha toda vez que não crentes chegam a mim e perguntam se a Igreja pela qual sou membro é igual as empresas neo-pentecostais que, em seus programas de TV, fazem campanhas e mais campanhas no interesse de arrebanhar o dinheiro de seus participantes.

Ratinho, você não é o único inconformado com toda essa situação.

O que diria Jesus? Talvez:

"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade." - Mt 7.21-23

Estou cada vez mais convencido que a Igreja brasileira (pra não dizer Sul-americana) precisa urgentemente de um avivamento genuíno, puro, o verdadeiro, pela graça de Deus.

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Douglas Santos.

Fonte: [ Opinião Reformada ]
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