Só Conhecimento não basta

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Por Jonathan Edwards

Não importa quanto as pessoas possam saber sobre Deus e a Bíblia, isto não é um sinal certo de salvação. O diabo antes de sua queda, era uma das mais brilhantes estrelas da manhã, uma labareda de fogo, um que excedia em força e sabedoria. (Isaías 14:12, Ezequiel 28:12-19).

Aparentemente, como um dos principais anjos, Satanás conhecia muito sobre Deus. Agora que ele está caído, seu pecado não tem destruído suas memórias de antes. O pecado destrói a natureza espiritual, mas não as habilidades naturais, tais como a memória. Que os anjos caídos têm muitas habilidades naturais pode ser visto em muitos versos da Bíblia, por exemplo, Efésios 6:12. "Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais". No mesmo modo, a Bíblia diz que Satanás é "mais astuto" do que os outros seres criados. (Gênesis 3:1, também 2 Coríntios 11:3, Atos 13:10) Portanto, podemos ver que o Diabo sempre teve grandes habilidades mentais e que é capaz de conhecer muito sobre Deus, sobre o mundo visível e invisível, e sobre muitas outras coisas.

Visto que sua ocupação no princípio era ser um anjo principal diante de Deus, é somente natural que compreender estas coisas sempre tenha sido de primeira importância para ele, e que todas suas atividades tenham a ver com estas áreas de pensamentos, sentimentos e conhecimento. Porque era sua ocupação original ser um dos anjos diante da própria face de Deus e porque o pecado não destrói a memória, é claro que Satanás conhece muito mais sobre Deus do que qualquer outro ser criado. Depois da queda, podemos ver de suas atividades como a tentação, etc., (Mateus 4:3) que ele tem gastado seu tempo para aumentar seu conhecimento e suas aplicações práticas. Que o seu conhecimento é grande pode ser visto em quão enganador ele é quando tenta as pessoas. A astúcia de suas mentiras mostra quão sagaz ele é. Certamente não poderia manejar tão bem suas ludibriações sem um conhecimento real e verdadeiro dos fatos.

Este conhecimento de Deus e de Suas obras é desde o princípio. Satanás existia desde a Criação, como Jó 38:4-7 mostra: "Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência... Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam?" Assim, ele deve conhecer muito sobre a maneira como Deus criou o mundo, e como Ele governa todos os eventos do universo. Além do mais, Satanás viu como Deus desenvolveu Seu plano de redenção no mundo; e não como um inocente espectador, mas como um inimigo ativo da graça de Deus. Ele viu Deus trabalhar nas vidas de Adão e Eva, em Noé, Abraão, e Davi. Ele deve ter tomando um especial interesse na vida de Jesus Cristo, o Salvador dos homens, a Palavra de Deus encarnada. Quão próximo prestou atenção a Cristo? Quão cuidadosamente ele observou Seus milagres e ouviu Suas palavras? Isto é o porque Satanás se pôs contra a obra de Cristo, e foi para o seu tormento e angústia que Satanás assistiu a obra de Cristo desvelada com sucesso.

Satanás, então, conhece muito sobre Deus e sobre a obra de Deus. Ele conhece o céu em primeira mão. Ele conhece o inferno também, com conhecimento pessoal como sua principal residência, e tem experimentado seus tormentos por todos estes milhares de anos. Ele deve ter um grande conhecimento da Bíblia: pelo menos, podemos ver que ele conhecia o suficiente para ver se conseguia tentar nosso Salvador. Além do mais, ele tem tido anos de estudo dos corações dos homens, seus campo de batalha onde ele luta contra nosso Redentor. Quanto labores, esforços, e cuidados o Diabo usou através dos séculos a medida que ludibriava os homens. Somente um ser com seu conhecimento e experiência sobre a obra de Deus, e sobre o coração do homem, portanto, poderia imitar a verdadeira religião e transformar-se em um anjo de luz. (2 Coríntios 11:14) Portanto, podemos ver que não há nenhuma quantidade de conhecimento sobre Deus e religião que poderia provar que uma pessoa tem sido salva de seu pecado. Um homem pode falar sobre a Bíblia, Deus, e a Trindade.

Ele pode ser capaz de pregar um sermão sobre Jesus Cristo e tudo que Ele fez. Imaginem, alguns podem ser capazes de falar sobre o caminho da salvação e a obra do Espírito Santo nos corações dos pecadores, talvez até mesmo mostrar a outros como se tornarem Cristãos. Todas estas coisas podem edificar a igreja e iluminar o mundo, todavia, não é uma prova certa da graça de Deus no coração de uma pessoa.

Pode também ser visto que as pessoas meramente concordarem com a Bíblia não é um sinal certo de salvação. Tiago 2:19 mostra que os demônios realmente, verdadeiramente, crêem na verdade. Da mesma forma que eles crêem que há um só Deus, eles concordam com toda a verdade da Bíblia. O diabo não é um herético: todos os artigos de sua fé estão firmemente estabelecidos na verdade.

Deve ser entendido que, quando a Bíblia fala sobre crer que Jesus é o Filho de Deus, como uma prova da graça de Deus no coração, a Bíblia tenciona dizer não um mero concordar com a verdade, mas outro tipo de crença. "Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido". (1 João 5:1) Este outro tipo de conhecimento é chamado "a fé dos eleitos de Deus, e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade". (Tito 1:1) Há um acreditar espiritual na verdade, o que será explicado mais tarde.

Fonte: [ Jonathan Edwards ]
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"Ex-fiel" dá o troco na IURD

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Aconteceu na Cidade de Faro, em Portugal. Um ex-fiel "revoltado" com as falsas promessas de prosperidade e mentiras dos "palestrantes" da Igreja Universal do Reino de Deus, em um momento de descontrole pega uma empilhadeira e invade a Igreja, destruindo tudo por dentro.



Depois da "revolta" que tanto os líderes da IURD pregam, o homem acabou revoltado literalmente... com tantas heresias e extorquismos praticados por estes falsos profetas da prosperidade. Afinal, ele depositou toda a sua esperança nas falsas promessas feitas por eles, vendeu bens e até seu próprio material de trabalho para "ofertar" a estes lobos devoradores. Foram 100 mil Euros entregues à IURD, cerca de 243 mil Reais, quase tudo o que este homem tinha em troca de um falso evangelho!

Tanto em Portugal, quanto no Brasil existem milhares de pessoas sendo enganadas por esta e outras seitas. Pessoas humildes que trabalharam duro a vida inteira para dar algum conforto à sua família, de repente vendem tudo para "ofertar" a estes enganadores, esperando em troca falsas promessas. Alguns até deixam de pagar contas para "barganhar" uma oferta financeira por um milagre em sua conta bancária. Ora, isto não existe... com Deus não se barganha!

Como cristãos reformados, temos que agir. Claro que jamais devemos ter a mesma atitude descontrolada deste cidadão. Porém, temos a obrigação de chamar atenção, alertando as pessoas que esta seita é altamente destrutiva e prega um falso evangelho que visa exclusivamente lucros, em detrimento do verdadeiro e genuíno evangelho de Cristo.

Como alertou o Mestre:
"E surgirão falsos profetas, e enganarão a muitos". (Mt 24:11)
O Apóstolo Paulo nos ensina o que fazer:
"prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos" (2 Tm 4:2-4)
Igreja, vamos agir!

Ruy Marinho
Fonte: [ Bereianos ]

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A confiabilidade dos Evangelhos

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Por Davi Lago

Podemos citar três razões que demonstram a confiabilidade da narrativa dos evangelhos:

Razão nº1: Os evangelhos foram escritos num período próximo aos eventos narrados. Isso é muito importante porque indica que os evangelhos foram escritos por testemunhas oculares e pessoas próximas às diversas testemunhas oculares. O fato de as testemunhas oculares estarem vivas no tempo em que os evangelhos foram escritos é crucial porque elas poderiam desmentir qualquer informação mentirosa.

Há muitas evidências que demonstram que os evangelhos foram escritos cedo. Há evidências internas, como por exemplo: o livro de Atos termina bruscamente com Paulo esperando seu julgamento (At 28.31) o que indica que Lucas, o autor, terminou o livro naquele período. Sabe-se que Paulo foi martirizado entre 63 e 64 d.C. Sabe-se também que o livro de Atos foi escrito por Lucas depois de seu evangelho (At 1.1). Logo, o evangelho de Lucas foi escrito no máximo, apenas trinta anos após o ministério de Jesus.

Outro exemplo de evidência interna é a ausência de qualquer referência no Novo Testamento da destruição de Jerusalém em 70 d.C. Isso claramente aponta o fato de que todos os livros no Novo Testamento foram escritos em data anterior a 70 d.C. É notável o fato de que Jesus profetizou que Jerusalém seria destruída (Mc 13.1-4,14,30). E Jerusalém foi realmente destruída no ano 70 d.C. assim como Jesus profetizou. Sem dúvida os autores do Novo Testamento, que estavam preocupados em provar que Jesus é o Filho de Deus, teriam citado o cumprimento dessa profecia para apoiar sua argumentação.

Há também evidências relacionadas aos papiros com fragmentos do Novo Testamento que sobreviveram até nossos dias. O papiro conhecido como Chester Beatty é datado de 200-250 d.C.; o papiro Bodmer II de 200 d.C.; o papiro Early Chrisitian de 150 d.C.; e o papiro John Rylands MSS de 130 d.C. Esses papiros comprovam que os evangelhos foram escritos em data próxima aos eventos narrados.

Há evidências relacionadas aos escritos patrísticos. Por exemplo, a epístola de Policarpo aos filipenses foi escrita em 120 d.C., as cartas de Inácio em 115 d.C. e a epístola de Clemente aos coríntios em 95 d.C. Todos esses escritos contém inúmeras citações dos evangelhos e demais textos do Novo Testamento.

Portanto, se concluí que os evangelhos passam do teste mais ácido de todos os escritos da Antiguidade. Os evangelhos foram escritos na mesma geração que viu os eventos narrados. O fato dessa geração ter preservado os evangelhos para as gerações posteriores indica o fato de que não houve nenhuma distorção ou fraude na narrativa dos eventos.

Razão nº2: Os eventos narrados nos evangelhos são solidamente apoiados pelas descobertas históricas e arqueológicas. A arqueologia comprova a historicidade de eventos, pessoas e lugares descritos nos evangelhos. Por exemplo: Em Lucas 2.1-3 está escrito que foi realizado um censo no período em que Quirino era governador da Síria. Sabe-se hoje que os romanos realizavam um censo a cada 14 anos e que esses censos tiveram início com César Augusto. Inscrições encontradas em Antioquia confirmam que Quirino iniciou seu governo em 7 a.C. Em Lucas 3.1 é citado um governador chamado Lisânias. Foi encontrada uma inscrição próximo à cidade de Damasco que comprova a existência dele. Em João 19.13 é mencionado um pavimento de pedra, chamado Gábata, localizado no palácio de Pilatos. O arqueólogo William Albright comprovou que esse pavimento existiu, foi destruído em 70 d.C. e reconstruído pelo governador Adriano. Esses são apenas alguns exemplos das descobertas arqueológicas que comprovam a historicidade dos eventos narrados nos evangelhos.

Razão nº3: Os evangelhos não foram alterados com o passar dos séculos. Esse fato é comprovado por evidências maciças. Primeiro, há cerca de 4.000 manuscritos completos do Novo Testamento em grego espalhados pelos museus do mundo, e cerca de 13.000 manuscritos com fragmentos do Novo Testamento. É uma diferença monumental se comparado com outras obras da Antiguidade: há apenas dez manuscritos de Guerras Gálicas de Júlio César, dois manuscritos de Anais de Tácito, e sete manuscritos gregos das obras de Platão.

Segundo, os manuscritos do Novo Testamento foram encontrados em diversas localidades como Egito, Síria, Turquia, Itália, Grécia e Palestina.

Terceiro, os manuscritos do Novo Testamento que sobreviveram aos nossos dias foram escritos transcritos próximos aos manuscritos originais escritos pelos próprios autores. Há papiros com fragmentos do Novo Testamento que datam de 50 a 100 anos após a escrita dos originais. Há manuscritos completos que datam de 400 anos após a escrita dos originais (por exemplo: Codex Sinaiticus, Codex Alexandrino, Codex Vaticanus). Há uma diferenaça descomunal aos outros escritos da Antiguidade. Por exemplo: o manuscrito mais antigo que temos da História de Tucídes, é de 1300 anos após o original; História de Heródoto de 1350 anos; Guerras Gálicas de Júlio César de 950 anos; História de Tácito de 750 anos; Anais de Tácito de 950 anos. Entre os milhares de manuscritos do Novo Testamento que possuímos hoje, há diferenças mínimas, que são apontadas em notas de rodapé nas traduções modernas. Essas diferenças mínimas em nada alteram a doutrina cristã e podem ser superadas através da análise do que diz a maioria dos manuscritos.

A conclusão a que os estudiosos chegam é que nenhum outro documento da Antiguidade é tão confiável como os evangelhos e os demais livros do Novo Testamento.

Fonte: [ NAPEC ]

O Natal e o Nome do Menino

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Por Augustus Nicodemus Lopes



"Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles" (Mateus 1:21).

De acordo com o relato acima do Evangelho de Mateus, o nome de Jesus Cristo foi dado pelo anjo Gabriel quando anunciou seu nascimento a José, desposado com a virgem Maria. Gabriel não somente disse que Maria estava grávida pelo Espírito Santo de Deus como orientou José a chamar o filho de "Jesus".

A razão para este nome, cuja raiz em hebraico significa "salvar," é que aquele menino, filho de Maria e Filho de Deus, haveria de salvar o seu povo dos seus pecados, conforme anunciou o anjo.
Não precisamos ir mais longe do que isso para entender o significado do Natal. Está tudo no nome do Menino. No nome dele, Jesus, temos a razão para seu nascimento, a sua identidade e a missão de sua vida. Em outras palavras, aquilo que o Natal realmente representa.

A razão do seu nascimento é simplesmente esta, que somos pecadores, estamos perdidos, não podemos resolver este problema por nós mesmos e precisamos desesperadamente de um Salvador, alguém que nos livre das consequências passadas, presentes e futuras dos nossos erros. Deus atendeu nossa necessidade escolhendo um homem como nós para ser nosso representante e Salvador, alguém que partilhasse da nossa humanidade e fosse um de nós. Esse homem nasceu há dois mil anos naquela manjedoura da cidade de Belém, num pais remoto, lá no Antigo Oriente. E ganhou o nome de Jesus por este motivo.

Sua missão era assumir nosso lugar como nosso representante diante de Deus e sofrer todas as consequências de nossos pecados, erros, iniqüidade, desvios e desobediências. Em vez de castigar-nos com a morte eterna, como merecemos, Deus faria com que ele a experimentasse em nosso lugar, que ele experimentasse toda dor e sofrimento conseqüentes dos nossos pecados. Essa missão foi revelada logo ao nascer pelo anjo Gabriel ao recitar seu nome a José: Jesus.

Para nos salvar de nossos pecados, ele teria de sofrer e morrer, ser sepultado, ficar sob o domínio da morte e desta forma pagar inteiramente nossa dívida para com Deus. Somente assim poderíamos ser salvos das consequências eternas de nossa desobediência. Mas, para que os benefícios de seu sofrimento e de sua morte pudessem ser transferidos a outros seres humanos, ele não poderia ter pecado ou culpa pois, senão, ao morrer, estaria simplesmente recebendo o salário do seu próprio pecado. Mas, se ele fosse inocente, sem pecado e perfeito, sua morte teria valor para os pecadores. Por este motivo, ele foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria, ainda virgem, Filho de Deus, sem pecado. O Salvador tinha que ser Deus e homem ao mesmo tempo.

Quando um colunista, que objeta ao nascimento sobrenatural de Jesus, escreveu recentemente em um jornal de grande circulação de São Paulo que virgens não dão à luz todos os dias, ele estava mais certo do que pensava. Esse é o único caso. Jesus é único. Deus e homem numa só pessoa. Nem antes e nem depois dele virgens engravidam sobrenaturalmente. Da mesma forma que Deus não cria mundos todos os dias, também não gera salvadores de virgens cotidianamente. Pois nos basta este.

O famoso teólogo suíço Emil Brunner disse que todo homem tem um problema no passado, no presente e no futuro. No passado, culpa. No presente, medo. E no futuro, a morte. Jesus nos salva de todas estas consequências do pecado: nos perdoa da culpa de nossos erros passados, nos livra no presente do medo ao andar conosco e nos livrará da morte pois ressurgiu dos mortos e vive à direita de Deus. Um dia haverá de nos ressuscitar.

É isto que o Natal representa. É por isto que os cristãos o celebram com tanta gratidão e alegria. Nasceu o Salvador. Nasceu Jesus! Como este anúncio alegra o coração daqueles que têm culpa, sentem medo e sabem que vão morrer!

Fonte: [ O Tempora, O Mores! ]

Jesus em quinto lugar no Brasil cristão

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Por Augustus Nicodemus Lopes

Saiu uma
pesquisa no site da revista Forbes que mostra que Jesus Cristo está em quinto lugar no ranking dos nomes mais admirados pelos brasileiros. Na frente de Jesus estão Angelina Jolie, Lula, Silvio Santos e Bill Gates.

Acho que a pesquisa simplesmente revela o que já sabíamos. Ela mostra que apesar da grande maioria dos brasileiros declararem que acreditam em Deus, poucos realmente têm a fé correta. Mais de 90% dos brasileiros têm fé, mas em que e em quem? Somente a fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador único pode realmente salvar. A pesquisa mostra um quadro mais realista da situação religiosa brasileira do que as pesquisas que indicam um grande número de pessoas que acreditam em Deus.

Acho também que a pesquisa mostra que grande parte dos que se declaram católicos ou evangélicos não freqüentam as igrejas ou não praticam sua religião. É preciso apenas esclarecer que a proporção de desigrejados e não praticantes é provavelmente muito maior entre os católicos do que entre os evangélicos. Apesar de menor do que se pensa, todavia há crescimento sensível no Brasil dos que professam fé verdadeira na pessoa de Jesus Cristo, conforme o encontramos nas Escrituras.

Outro dado interessante da pesquisa é que a maioria das pessoas entrevistadas dizem não acreditar que alguém precisa ser rico para ser feliz. Todavia, as pessoas que elas mais admiram, de acordo com a lista, são pessoas ricas ou milionárias, além de bem sucedidas.

O que transparece é que quando os brasileiros dizem que o dinheiro não traz felicidade, estão apenas sendo politicamente corretos. Os indícios de que todos desejam ser ricos estão em todo lugar. A própria teologia da prosperidade, que domina grande parte dos que se chamam evangélicos neopentecostais, é uma teologia que promete felicidade mediante o sucesso financeiro. Não somente a sociedade brasileira, como também a igreja evangélica brasileira, está profundamente influenciada pelo materialismo e secularismo que predomina no mundo ocidental hoje.

O que nos fortalece é saber que Deus nunca deixou de ter uma igreja fiel que o ama e serve acima de todas as coisas.

Fonte: [ O Tempora, O Mores! ]
Divulgação: [ Bereianos ]
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As Verdadeiras Promessas: uma critica à premiação promovida pela Rede Globo

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A Bíblia possui muitas promessas. Alguns dizem que ela traz mais de trinta e duas mil delas, e não duvidamos. O próprio Jesus veio como confirmação de promessas (Rm 15:8) e elas são o consolo e a força dos Cristãos por todo o mundo, em todas as épocas. Porém, existem alguns que interpretam errado ou ignoram muitas das promessas da Escritura, torcendo a Palavra de Deus a fim de satisfazer os próprios deleites. Um exemplo disso é o recém criado “Troféu Promessas”, promovido pela Rede Globo e a Geo Eventos.

O “Troféu Promessas” se intitula como “a maior premiação da música evangélica”. Ele será entregue em um evento que será realizado em dezembro, tendo como principal proposta “reconhecer o trabalho daqueles que exaltam fielmente o nome de Deus por meio da música e o fazem com excelência, influenciando gerações”. Eles querem premiar os “destaques” da música gospel do ano de 2010 e 2011, honrando com a estatueta representantes de nove categorias: Melhor Grupo, Melhor Ministério de Louvor, Melhor Cantor, Melhor Cantora, Artista Revelação, Melhor Música, Melhor DVD/BluRay, Melhor CD e Melhor Evento.

Perdoem-nos a dureza, mas se esse troféu carrega alguma promessa, é a promessa de que viria “o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos” (2 Tm 4:3,4).

O site explica que o troféu chama-se “Promessas” por que “Deus cumpre as Suas promessas e cuida para que a Sua Palavra seja cumprida”, baseando-se corretamente em Jeremias 1:12. Contudo, o que essa premiação não percebe é que ela vai diretamente contra promessas claras do evangelho, negligenciando a verdade de Deus.

Primeira promessa: Deus nos ensina por Sua Palavra

A primeira promessa que esse evento quebra é a de que Deus nos ensinaria tudo por meio de Sua Palavra. O próprio Cristo nos prometeu que o Espírito Santo nos ensinaria “todas as coisas” (Jo 14:26) e esse Espírito usa as Escrituras para nos informar sobre a vontade e as promessas do Pai, já que ela é suficiente para que sejamos perfeitos e perfeitamente preparados para tudo (2 Tm 3:16,17).

Onde a Escritura nos ensina a criar eventos para premiar nossos ministros de música? Em lugar nenhum! Não há qualquer mandamento ou promessa vinda de Jesus, dos apóstolos, dos profetas ou de qualquer escritor bíblico para que criemos tal coisa. Em Levítico 10:1, dois sacerdotes foram mortos por Deus, não por ir contra mandamentos dEle, mas simplesmente por fazer algo que Deus não mandou. Ou seja: Se não há mandamento, há proibição.

Concursos de adoração são tão anti-bíblicos como concursos de qualquer outra disciplina espiritual. Ora, se podemos fazer concursos de louvor, por que não fazermos um concurso de oração? Quem orar mais e melhor leva o troféu joelho roxo. Ou melhor, por que não um concurso de pregação? Quem pregar melhor leva o troféu garganta de ouro. Ou, para os pentecostais, um concurso de profecias? O que trouxer a melhor mensagem de Deus leva o troféu ungido de Jeová. Por que esses concursos seriam condenados por qualquer crente e os concursos de louvor são tratados como algo normal?

Músico, quando você aceita esse concurso e o acha coerente, você está desprezando a promessa de Deus que Ele revelaria sua vontade nas Escrituras e que nelas pautaríamos nossa conduta.

Segunda promessa: todo cristão é um sacerdote

A segunda promessa é ignorada logo no vídeo de apresentação do evento (vídeo acima), o qual dá a entender que os músicos são levitas e os únicos que podem carregar a arca e, assim, a presença e a glória de Deus. Contudo, a intenção de Deus desde Êxodo é que todo Seu povo fosse uma nação sacerdotal. Progressivamente, Deus mostra isso com Moisés, em Êxodo 19:6, antes de os filhos de Levi se ajuntarem aos que eram do Senhor (Ex 32) e serem, por isso, separado para servirem junto ao templo (cabe ressaltar que esse serviço não era musical até Davi! Levitas eram aqueles que cuidavam do templo). A promessa de uma nação sacerdotal precede e engloba o sacerdócio levítico e arâmico.

Essa revelação é retomada no Novo Testamento quando o véu é rasgado com a morte de Cristo, mostrando que todos podem ter acesso à presença de Deus, ao trono da graça pelo novo e vivo caminho que é Jesus, ao ter sua carne “partida”, como o véu (Hb 10:20); e ela é fechada pela chave de ouro de Apocalipse 5:10 (“e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes”). Então, não, músico, você não é uma classe especial de cristão! Todo cristão é templo de Deus (1 Co 3:17), carrega a glória do Evangelho em seu vaso de barro (2 Co 4:7) e tem acesso direto a Deus (Ef 3:12) através de Cristo exclusivamente.

Ministro de louvor,quando você ressuscita o cargo de levita, fazendo-se diferente do “povo” termo com um certo ar de desprezo que se refere àqueles que estão abaixo de sua magnânima “ministração” (sim, já estivemos no seu meio) você está desprezando a promessa de Deus! Você se faz mediador no lugar de Cristo. Não! Você não “traz a glória de Deus” para os outros cristãos. Você não é mediador entre Deus e os homens. Só Cristo o é. Quando você está com seu microfone ou instrumento na mão, tudo o que você está fazendo é servindo à igreja (incluindo você mesmo) no louvor e na adoração coletiva a Deus. E Deus, através de Cristo, recebe nossa oferta como incenso suave e ministra mais da glória do Evangelho, através de Seu Espírito, em toda igreja. Aliás, se essa não é sua mentalidade, por favor, retire-se do seu serviço, você só está ferindo o povo de Deus.

Músico, quando você aceita o título de levita, você está desprezado a promessa de Deus de que todos seriam reis sacerdotes e a mediação única de Cristo.

Terceira promessa: a casa de Deus não será um covil de mercadores

A terceira promessa que esse evento ignora é a de que a casa do Deus Pai não seria feita de mercado. O próprio Cristo profetizou isso após fazer um chicote de cordas, virar mesas e expulsar os cambistas (Jo 2:15,16). Ora, se o amoroso e manso Jesus estivesse presente nesse evento, ele quebraria câmeras de filmagem, expulsaria os cantores e destroçaria os troféus, gritando: “os cristãos (atual casa de Deus) não devem comercializar sua adoração!”.

Será que é correto, diante de Deus, usarmos os talentos que Ele nos deu para enriquecer? Tudo isso não passa de um mercado sujo em que o mundo percebeu que pode lucrar – e os cantores “góspeis” querem levar “o seu” para casa. Cristo ensinou seus discípulos que eles deveriam cumprir o ministério sem esperar nada em troca, tendo no coração apenas a vontade de servir: “de graça recebestes, de graça daí” (Mt 10:8). Como podemos querer adorar em troca de premiações?

Músico, se você aceita adorar ao Senhor em troca de premiações e troféus, você vai contra a promessa de Deus de que a casa do Pai não seria um covil de mercadores.

Quarta promessa: sua recompensa virá de Deus

Se você pudesse ganhar um real hoje ou investi-lo e ganhar um milhão depois, qual seria sua escolha? Só um louco escolheria um real, não? Sim, e, se você está participando desta premiação, suas ações mostram que essa foi sua escolha. Só que você fez uma troca pior ainda. Você trocou a infinita e gloriosa recompensa de Deus pela patética, breve e pequena honra humana. Se você participar desse troféu, é só ele que você vai ter mesmo, porque você perdeu as gloriosas bênçãos celestiais reservadas por Deus pelo seu serviço.

Cristo foi bem enfático contra a busca dos fariseus por honra humana. Ele fez afirmações fortes, dizendo que eles tinham recebido plenamente sua recompensa (a humana) e não receberiam a honra que vem de Deus e isso seria a causa de sua incredulidade (Mt 6:5 e Jo 5:44). Por isso, Cristo recomenda praticarmos nossas ações em secreto, para somente Deus ver. E você andará nos passos dos fariseus se proceder pelo caminho do louvor terreno.

Além do mais, você estará fazendo amizade com o mundo e consequentemente inimizade com Deus. Sua atitude de buscar ser honrado “por seu excelente ministério” é um ato de traição contra Deus, um ato de incredulidade nas promessas divinas e uma demonstração que você não busca o Reino dos céus, mas o deste mundo. Você, ao buscar esse tipo de riqueza, está condenando a sua alma à diversos sofrimentos, à incredulidade e à apostasia (1 Tm 6:10)

Músico, se você busca a honra deste mundo, você vai contra a promessa de Deus de que Ele seria seu galardoador.

Quinta promessa: Deus exaltará seu Filho

Caro músico, há alguém mais apaixonado pela glória de Deus que você: Deus! Deus é a pessoa mais apaixonada e empenhada pela exaltação de Seu nome (Ml 1:11). O Pai está ativamente comprometido em exaltar o Filho (Jo 5:23), dando-lhe o Nome sobre todo nome, dobrando todo joelho diante dEle, fazendo toda língua proclamar Seu reinado e senhorio (Fp 2:9-11), colocando todo inimigo debaixo dos Seus pés (Hb 10:13).

Nossa pergunta é se você irá se juntar ao Pai em uma busca apaixonada pela exaltação do Filho ou buscará a exaltação do seu nome (disfarçando, óbvio, com algumas palavras de pretensa humildade quando receber o troféu).

Nosso profundo desejo é que neste ponto você possa clamar como o salmista: “Não a nós, SENHOR, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua benignidade e da tua verdade” (Sl 115:1).

Músico, quando você recusa as coisas deste mundo e busca fazer somente o que está na Palavra, juntamente com todo povo sacerdotal de Deus, reunidos em uma casa de oração, almejando somente a recompensa de Deus e juntando-se ao Pai na exaltação do Filho, você canta a melodia mais doce que há: JESUS, O ÚNICO DIGNO DE TROFÉUS.

Por Vinícius Musselman Pimentel e Yago Martins © Voltemos Ao Evangelho voltemosaoevangelho.com e Cante as Escrituras canteasescrituras.com

Fonte: [ Voltemos ao Evangelho ]

4 Razões porque eu não assisti o festival Promessas da Rede Globo.

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Por: Renato Vargens

"Aleluia! Chegamos lá! Que Bênção, o Brasil todo está vendo a música gospel na tela da Globo. Aha, Uhu, a Globo é nossa!

Pois é, essas são algumas frases que recebi de irmãos em Cristo sobre o Festival Promessas, promovido pela Rede Globo de Televisão. Ao contrário destes e de milhares de evangélicos deste país, eu não vejo esse evento com bons olhos. Na verdade, a impressão que tenho sobre este festival é a pior possível.

Ora, vamos combinar uma coisa? É ingenuidade da nossa parte achar que a Vênus Platinada, resolveu alegremente privilegiar a música evangélica brasileira, não é verdade? É claro que os interesses globais estão bem além dos ritmos e melodias entoadas pelos cantores evangélicos tupiniquins.

Isto posto enumero dentre muitas, pelo menos 04 razões pelas quais eu não assisti o Festival promessas:

1- A motivação da Rede Globo de televisão é exclusivamente financeira. É sabido que os evangélicos são os que menos pirateiam CDS e DVDS. Um publico deste tipo é interessantíssimo, o que contribui para o desejo platinado de adentrar em um mercado tão promissor.

2- A briga com a Record. A Globo nitidamente resolveu polarizar com a Rede Record tentando trazer para o seu lado milhões de evangélicos decepcionados com a TV de Edir Macedo. Na verdade, o objetivo final da emissora carioca é audiência, dinheiro e novos negócios além é claro de esvaziar a audiência da concorrente.

3- O famigerado show business evangélico. Os shows evangélicos afrontam o nome de Deus. Em nome de um cristianismo tosco, cantores comercializam a fé fazendo da adoração ao Senhor um grande e bom negócio.

4- A industria do entretenimento gospel. Em nenhum momento nós vemos nas Escrituras qualquer tipo de mandamento ou instrução por parte do Senhor de que a Igreja deveria promover entretenimento. A igreja foi chamada para glorificar a Cristo e pregar o Evangelho da Salvação Eterna. Ao fazer de Deus seu instrumento de lazer e descontração, a igreja peca contra o sétimo mandamento tomando o nome do Senhor em vão.

Pense nisso!

Fonte: [ Blog do autor ]

Concordo com o Pr. Renato Vargens e assino embaixo. Eu na verdade fui conferir o video compacto deste festival para investigar o que ocorreu. Resultado: uma vergonha!!!

Os únicos que ganharam com este festival "antropocêntrico" foi a Globo e os próprios "cantores profissionais". Imaginem que este festival custou aos cofres públicos o valor de R$2,9 milhões (veja aqui). Ora, não precisa ser expert em organização de eventos para saber que um show desse porte não custa somente isso! Existem sim valores não divulgados provindos de patrocínios e também da própria Globo, além de outras fontes de lucros não declarados. Imaginem para quem vai grande parte desta verba como cachê...

Sem falar nos "artistas" contratados para participar do evento. O que existe de mais pobre no contexto teologico em musicalidade estão expressos nas letras destas músicas apresentadas. As mesmas contém muitos, mas muitos erros teológicos, alguns deles gravíssimos, sem falar no antropocentrismo das músicas e nos comportamentos dos artistas e seus seguidores.

Não consegui assistir até o final para chegar a conclusão, repito novamente: uma vergonha!

"Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com entendimento". 1 Co 14:15

Ruy Marinho
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Objeções ao conceito da Cessação da Revelação – Parte I

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“A palavra final” de Deus a seu povo encontra-se em Jesus Cristo e nas explanações inspiradas de sua pessoa e obra como reservadas nas Escrituras do antigo e do novo pacto. Enquanto a maioria dos cristãos professos se sente muito à vontade, confessando a singularidade da pessoa de Jesus Cristo, muitos encontram dificuldade para aceitar o conceito de que não se deve esperar qualquer outra revelação como orientação para suas vidas além daquela que se encontra na Escritura. As objeções à idéia da cessação da revelação emanam de uma série de considerações.

1. Objeções Bíblicas

A primeira objeção à idéia de um fim da função dos dons revelacionais, hoje, surge da percepção de que essa asseveração diretamente contradiz às exigências bíblicas específicas. O apóstolo Paulo declara: “Não desprezeis as profecias” (1Ts 5.20). Ainda mais intencionalmente, ele declara: “Não proibais o falar em línguas” (1Co 14.39). Quem presumiria pôr-se contra as ordenações inspiradas de Deus e afirmar às pessoas que não podem nem profetizar nem falar em línguas?

Com toda certeza, nenhuma pessoa que afirma a autoridade da Bíblia teria a audácia de opor-se a qualquer ordenação bíblica. Certamente que não faria sentido resistir a mandamentos especificamente bíblicos, quando a intenção é afirmar que as Escrituras contêm em si mesmas a plenitude e a finalidade da revelação divina. Mas a questão não é se a profecia e as línguas seriam proibidas pelos homens. Ao contrário, a questão é se a profecia e as línguas foram levadas à sua plenitude e ao seu objetivo final pelo plano e propósito de Deus.

É um fato que não se pode negar que algumas ordenações divinas se limitaram ao povo de Deus para uma era particular, senão que subseqüentemente foram revisadas, modificadas ou mesmo canceladas. Obviamente, muitos mandamentos dados no Velho Testamento não mais obrigam o povo de Deus de hoje. A despeito da clara proibição bíblica, é plenamente correto cozer um cabritinho no leite de sua mãe. Uma pessoa que vive na época do novo pacto não é contaminada por comer carne de porco ou ostras. Esses preceitos, ainda que claramente divinos em sua origem, não mais determinam o estilo de vida do povo de Deus.

O mesmo princípio é válido para alguns mandamentos na era do novo pacto. Fases e estágios no desenvolvimento do novo pacto podem não ser tão dramaticamente diferentes uns dos outros como no caso dos períodos do antigo pacto. Todavia, é evidente que as diferenças existem. Em certo momento, Jesus enviou seus discípulos e lhes disse que não levassem consigo nenhuma provisão (Lc 10.4). Mais tarde lhes comunicou virtualmente instruções contrárias (cf. Lc 22.36). Num estágio, ele explicitamente os proíbe de irem aos gentios; devem limitar-se “às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 10.6). Mais tarde, porém, ele lhes ordena que fossem por todo o mundo e fizessem discípulos de todas as nações (Mt 28.19). Em decorrência da decisão no concílio de Jerusalém, foi comunicada a palavra proibindo a todas as igrejas que deixassem que seus membros comessem animais que uma vez haviam sido estrangulados e contaminados pelos ídolos (At 15.20). Mais tarde, porém, Paulo declara que Deus criou todos os alimentos puros, e que oferecer uma peça de carne a um ídolo não tem efeito algum sobre sua função nutritiva, a não ser que o irmão mais fraco seja conduzido a pecar (1Co 8.4,9).

Mais estreitamente relacionado com o presente tema está a cessação do ofício de apóstolo na igreja. Não há nada na escritura que explicitamente indique que o apostolado teria chegado ao fim. Todavia, geralmente se reconhece que ninguém na igreja hoje aja com a autoridade dos apóstolos originais, visto que ninguém, hoje, seja testemunha ocular da ressurreição de nosso Senhor (At 1.21-22).

Se se reconhecer que o ofício apostólico encerrou-se, então deve-se reconhecer a possibilidade de que o ofício fundamental de profeta também haja cessado de funcionar na igreja atual. Este ofício, além de tudo, é mencionado como segundo em prioridade somente para a posição do apóstolo (1Co 12.28). Além do mais, o ofício de profeta, ao longo dos tempos, serviu como o principal veículo através do qual as matérias revelacionais foram comunicadas ao povo de Deus. Desde a instituição do ofício profético, nos dias de Moisés, Deus falava regularmente aos pais pelos lábios dos profetas (Hb 1.1). Se os ofícios de apóstolo e profeta porventura chegaram ao seu término na igreja de hoje, seria natural concluir que os pronunciamentos revelacionais dos profetas e apóstolos também hajam cessado. Nenhum pronunciamento corrente insinuando autoridade apostólica imprime direção à igreja. Da mesma maneira, seria natural esperar que, com o fim do ofício profético, as palavras revelacionais entregues pelos profetas também chegassem ao fim.

Com respeito às línguas, obviamente seria errôneo proibir uma pessoa de falar em línguas, caso o fenômeno moderno realmente corresponda às mesmas línguas do Novo Testamento. Não importa o choque que causasse numa igreja de nível tradicional, seria injustificável a exclusão desse dom do serviço público de adoração, caso as línguas de hoje fossem as mesmas línguas do Novo Testamento. A clara intenção da admoestação de Paulo visa a anular todo e qualquer esforço de excluir o exercício de um legítimo dom do Espírito no seio do povo de Deus.

Em contrapartida, porém, se as línguas de hoje não são as mesmas línguas do Novo Testamento, então é evidente que uma pessoa não estaria a violentar uma ordenação de Paulo caso se recusasse a permitir alguém de falar no culto de adoração de um modo que estivesse a falar algo que não corresponda às “línguas” do Novo Testamento. Os elementos próprios para se cultuar a Deus devem estar limitados por aqueles exercícios recomendados em sua Palavra, já que os homens não têm nenhum direito de inventar seu próprio modo de aproximar-se do Todo-poderoso. Se as línguas de hoje não correspondem às línguas recomendadas por Paulo, então seria plenamente justo excluí-las do serviço de culto.

Essas ordenanças bíblicas de não se desprezar a profecia e tampouco excluir as línguas só se aplicam às circunstâncias do culto de hoje, caso as “línguas” e a profecia modernas sejam idênticas aos dons do Espírito como funcionaram nos dias dos apóstolos. Se o fenômeno corrente não corresponde aos dons do Novo Testamento, então seria plenamente procedente proibir seu exercício no culto do povo de Deus.

O. Palmer Robertson
Em: A Palavra Final - Resposta Bíblica à Questão das Línguas e Profecias Hoje, Ed. Os Puritanos, pág. 86-89.

Via: [ Eleitos de Deus ]

A Fé Morta do Neopentecostalismo

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Por Célio Lima

No contexto em que tratou exaustivamente sobre os dons espirituais em sua primeira carta aos crentes da cidade de Corinto, Paulo terminou por afirmar a esses irmãos, seus contemporâneos: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine” (1 Coríntios 13:1 RA).

Obviamente que o apóstolo quis destacar que, embora no tempo presente esses três dons façam parte da vida de todo cristão genuíno, haverá um dia no qual a fé e a esperança deixarão de existir, haja vista que são dons instrumentais, vinculados à realização/cumprimento das promessas divinas. A parousia (vinda de Cristo), portanto, porá fim à fé e à esperança, por perderem tais dons a razão das suas existências.

Porém, o amor, por fazer parte da essência de Deus e, por conseguinte, “… do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Efésios 4:24 RA), permanecerá pelos séculos dos séculos, como o vínculo de união entre Deus e o homem, e entre os homens entre si. Não é sem razão que Paulo escreveu aos cristãos da cidade de Colossos: “acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição” (Colossenses 3:14 RA).

O amor, desse modo, exerce uma posição sublime, elevada, na vida cristã. Tal fato é comprovado pelas palavras do próprio Jesus Cristo, o Deus encarnado: “… Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (Mateus 22:37-40 RA). Paulo, o mesmo que nos disse “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1 Coríntios 11:1 RA), deixou-nos escrito palavras semelhantes às de Jesus, embora mais resumidas: “O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Romanos 13:10 RA).

No mesmo sentido de Jesus Cristo e de Paulo, Tiago, irmão na carne do Senhor, ensinou-nos: “Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso? Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta” (Tiago 2:14-17 RA).

Não necessita muito esforço hermenêutico, interpretativo, para se chegar à conclusão que por “obras”, no contexto, Tiago está se referindo ao “amor”, pois dá como exemplo de boa obra o socorro ao irmão ou irmã que por acaso estão em necessidades materiais de alimento e vestimenta. Nem é de surpreender que Tiago tenha o amor em mente, diante do fato de que “… o cumprimento da lei é o amor”, e em face da afirmação bíblica de que “… em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor” (Gálatas 5:6 RA).

Fé considerada à parte do amor, “… por si só está morta”, tratando-se, por conseguinte, de fé falsa, antibíblica, inútil e diabólica, posto não gerada pelo Espírito e pela Palavra de Deus. A fé verdadeira se concretiza, isto é, torna-se perfeita e eficaz na expressão do amor, no cumprimento da lei. A fé, então, é instrumento da graça divina para a vida cristã nesse mundo pecaminoso posta à serviço do amor. Em suma, a fé verdadeira é serva do amor.

Não obstante ser o ensino que acima expus sobre a fé a doutrina clara e nítida da Escritura Sagrada, o neopentecostalismo inverte a ordem, fazendo da fé a virtude suprema. Nem é necessário ser um bom observador para se constatar que a doutrina neopentecostal anda em caminho contrário ao da Escritura, ao magistério de Jesus, Paulo e Tiago, por ensinar que o cumprimento da lei é a fé.

Qualquer pessoa de mente iluminada pela Palavra de Deus que se dispuser, como eu, a passar horas e horas assistindo na televisão aos vários pregadores neopentecostais, concluirá, a despeito de não ouvir da boca de nenhum deles a frase literal de “… que o cumprimento da lei é a fé”, que esse é o cerne da doutrina neopentecostal.

Toda pregação deles termina por conclamar o povo à uma atitude de fé, como satisfação da vontade de Deus. Diga-se que por atitude de fé eles têm sempre em mente o exercício dela relativamente à curas, milagres, soluções de problemas financeiros, de saúde, emocionais, afetivos e coisas semelhantes. Para eles, o fato de alguém “não se revoltar” contra as tribulações de diversas naturezas pelas quais passa é atestatório de desobediência à vontade de Deus revelada (sua Palavra), e demonstração ímpia de falta de fé.

Contudo, como demonstrarei abaixo, apesar de a fé ser o ponto central e culminante da pregação e da doutrina neopentecostal, ela é morta e falsa, e conquanto pareça ser a pregação dessa orientação teológica muito piedosa por exaltar a fé em Deus, pelos motivos que a acuso (morte e falsidade), a fé neopentecostal é uma verdadeira expressão de falsa piedade cristã.

Aludi, com base nas palavras de Jesus e de Paulo, que o cumprimento da lei e dos profetas é o amor. O amor do cristão tem uma dimensão vertical, para com Deus, e uma dimensão horizontal, o amor recíproco entre os irmãos em Cristo e para com o próximo.

O amor a Deus é constantemente nas Escrituras retratado em termos de ação obediente aos seus mandamentos: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama…” (João 14:21 RA). Mas, o que diz a Escritura sobre como deve reagir o cristão quando estiver enfrentando diversas tribulações? Que o próprio Espírito, através de um daqueles que inspirou, nos diga: “Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue e estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre convosco: Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe” (Hebreus 12:4-6 RA).

É certo que nós ainda não somos seres perfeitos nesta vida, o pecado ainda habita em nós, mesmo sendo redimidos. Por si só, esse fato deve nos lembrar de que estamos sujeitos à correção do Senhor, simplesmente porque o pecado não foi totalmente expurgado de nós até o dia da redenção final, o dia do retorno de Cristo. Em face disso, o escritor da carta aos Hebreus recorreu ao Antigo Testamento para nos lembrar do mandamento do Senhor: “Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe”.

Ele, o escritor de Hebreus, usou os verbos “menosprezar” e “desmaiar” no modo imperativo na língua grega, indicando ser, de fato, mandamento de Deus. O primeiro verbo, “menosprezar”, é o verbo grego ολιγωρεω (oligoreo), que signfica “não importar-se com, não considerar com seriedade, fazer pouco caso” (Léxico de Strongs). Já o segundo, “desmaiar”, é o vocábulo grego εκλυω (ekluo), cujo significado é “1) soltar, desprender, tornar livre; 2) dissolver, metáf., afrouxar, relaxar, extenuar; 2a) ter a força de alguém relaxada, estar enfraquecido até a exaustão, tornar-se fraco, tornar-se cansativo, estar cansado; 2b) desanimar, perder a esperança” (Léxico de Strongs).

Então, o mandamento do Senhor envolve que quando o crente passar por provação, deve considerá-la com a máxima seriedade, aplicando o seu coração em compreender a vontade de Deus para aquele caso específico. Deve, igualmente, manter-se esperançoso, animado, forte, a despeito das adversidades que se lhe acometem.

O interessante é que ambos os verbos estão no original grego no tempo presente, implicando que o cristão deve agir assim continuamente. Deve ser um padrão perene de conduta cristã. Todavia, o verbo ολιγωρεω foi usado na voz ativa, enquanto que o verbo εκλυω foi empregado na voz passiva. O que isso significa? A voz ativa implica que o sujeito pratica a ação. Desse modo, Deus requer de seu filho, do crente, que ele, ao ser corrigido, aplique toda diligência do seu coração em relação à disciplina que está sofrendo, a fim de tirar o proveito máximo dela. Por outro lado, na voz passiva, o sujeito é paciente da ação, isto é, sofre a ação. Uma tradução literal do que o autor aos Hebreus escreveu, seria: “nem sejas afrouxado de…”. Ou seja, Deus impõe sobre seu filho, sobre aquele que está sendo objeto de correção, a responsabilidade de não deixar que as tribulações advindas dessa correção o desanime, o “afrouxe” em seu animus, em seu espírito.

Se levarmos em conta o padrão típico do pensamento hebraico, ou melhor, da expressão do pensamento hebraico (judaico) em forma de paralelismo, então concluiremos que “… não desprezes a correção que vem do Senhor… ” é frase sinônima de “… nem desamies quando por ele é reprovado”. Dessa forma, aquele que não considera com seriedade a disciplina, que faz pouco caso dela, termina por desanimar, tornando-se cansado e exausto, combalindo em sua esperança e, assim, desobedece ao mandamento de Deus, dando clara demonstração de não amá-lo.

Não obstante, para compreendermos bem o intento do escritor bíblico, faz-se necessário entendermos a natureza da correção. Por exemplo, o escritor bíblico utilizou o verbo “corrigir” e, no contexto, o substantivo “disciplina” (haja vista que “correção” corresponde à mesma palavra grega que “disciplina”). “Corrigir” é o verbo grego παιδευω (paideuo): “1) treinar crianças: 1a) ser instruído ou ensinado; 1b) levar alguém a aprender; 2) punir: 2a) punir ou castigar com palavras, corrigir: 2a1) daqueles que moldam o caráter de outros pela repreensão e admoestação; 2b) de Deus: 2b1) purificar pela aflição de males e calamidade; 2c) punir com pancada, açoitar: 2c1) de um pai que pune seu filho; 2c2) de um juiz que ordena que alguém seja açoitado” (Léxico de Strongs). “Disciplina” é o vocábulo παιδεια (paideia): “1) todo o treino e educação infantil (que diz respeito ao cultivo de mente e moralidade, e emprega para este propósito ora ordens e admoestações, ora repreensão e punição). Também inclue o treino e cuidado do corpo; 2) tudo o que em adultos também cultiva a alma, esp. pela correção de erros e contenção das paixões: 2a) instrução que aponta para o crescimento em virtude; 2b0) castigo, punição, (dos males com os quais Deus visita homens para sua correção)” (Léxico de Strongs).

Dos significados lexicográficos das palavras gregas aludidas, tem-se que a disciplina, além de ter um elemento repreensivo/punitivo, inflitivo de dor, todavia tem também um elemento de instrução, que visa o aperfeiçoamento moral/espiritual do corrigido, do disciplinado. Aliás, é exatamente esta última dimensão que o escritor aos Hebreus destaca com essas palavras: “É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?” (Hebreus 12:7 RA) [εις παιδειαν υπομενετε ως υιοις υμιν προσφερεται ο θεος τις γαρ υιος ον ου παιδευει πατηρ;].

Apenas para corroborar o significado de παιδεια (paideia) como instrução, destaco que essa palavra tinha uma importância enorme na cultura grega antiga. Werner Jaeger, que compôs um livro sobre a educação do homem grego, escreveu sobre o objeto de sua obra: "Não é possível descrever em poucas palavras a posição revolucionária e solidária da Grécia na história da educação humana. O objeto deste livro é apresentar a formação do homem grego, a paidéia, no seu caráter particular e no seu desenvolvimento histórico" (Paidéia - A Formação do Homem Grego. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 07). No mesmo sentido, Giovanni Reale & Dario Antiseri escreveram, em argumentação sobre a origem do termo "humanismo": "Para os mencionados autores latinos, 'humanitas' significava aproximadamente o que os helênicos indicavam com o termo 'paidéia', ou seja, educação e formação do homem" (História da Filosofia, vol. 02. São Paulo: Paulus, 1990, p. 17).

É para o ensino, para a instrução, para a aprendizagem, para a disciplina, que os filhos de Deus permanecem firmes mesmo debaixo das mais duras provações (εις παιδειαν υπομενετε…). O verbo “perseverar”, grego υπομενω (hupomeno), segundo Strongs, tem a acepção de: 1) ficar; 1a) retardar; 2) ficar, i.e., permanecer, não retirar-se ou fugir; 2a) preservar: sob desgraças e provações, manter-se firme na fé em Cristo; 2b) sofrer, aguentar bravamente e calmamente: maltratos”. Como enfatizei no início deste parágrafo, é para que adquiram instrução através das duras provações, que os filhos de Deus suportam, aguentam, brava e calmamente, as aflições que vêm com a correção divina. E eles suportam isso porque creem que “… que filho há que o pai não corrige?” Que filho há que o Pai não imponha as aflições da sua amorosa instrução?

Haja vista que é para o aprendizado, para o crescimento espiritual, moral, que os filhos de Deus são disciplinados e suportam, permanecem firmes, nessa disciplina, é que eles, por causa da fé, aplicam toda diligência em tirar proveito e aprendizado do fogo da purificação da correção do Senhor, alimentando, mesmo em tais condições, o ânimo em seus corações. A disciplina (παιδεια) busca formar o caráter cristão naquele que é corrigido.

Porém, a motivação última dos verdadeiros filhos de Deus em suportar tudo isso é o amor que têm pelo Pai, em Cristo Jesus, nosso Senhor. Neste caso, a fé atua, torna-se eficaz, poderosa, através do amor. Como escreveu Paulo, e eu já trascrevi acima, o que tem, de fato, valor em Cristo é “… a fé que atua pelo amor” (πιστις δι’ αγαπης ενεργουμενη). Nessas palavras de Paulo, o vocábulo “atua”, na verdade, é o particípio presente médio ενεργουμενη (energoumene), do verbo ενεργεω (energeo): “1) ser eficaz, atuar, produzir ou mostrar poder; 1a) trabalhar para alguém, ajudar alguém; 2) efetuar; 3) exibir a atividade de alguém, mostrar-se operativo” (Léxico de Strongs).

Segundo Fritz Rienecker & Cleon Rogers, o fato desse particípio estar na voz média é indicativo de “demonstrar atividade, trabalhar, operar efetivamente” (Chave Linguística do Novo Testamento Grego, São Paulo: Vida Nova, 1995, p. 381). A voz média é uma voz referencial, e sempre tem o sujeito como referência da ação, haja vista que a ação é para ele, tendo ele em vista, ou a partir dele mesmo (média intensiva). Portanto, somente quando atua através do amor é que a fé se faz eficaz, produtiva, operativa. Essa é a natureza da fé verdadeira.

Logo, a fé verdadeira, em condições difíceis, de tribulação, de provação, em cumprimento ao mandamento do Senhor, que equivale a demonstrar amor por Ele, procura com toda a diligência e paciência adquirir conhecimento, instrução, de forma que resulte um bem permanente, o aperfeiçoamento moral, sendo a correção divina a ocasião propícia para esse crescimento. Sendo assim, embora seja almejada a saída da situação de provação, ela não é almejada sem que a sua finalidade seja alcançada, pois a obediência ao mandamento de Deus requer isso.

A “fé neopentecostal” destoa, claramente, da fé bíblica conforme acima exposta. Toda e qualquer tribulação é vista como tendo origem diabólica, e os mestres neopentecostais ensinam os seus discípulos a desejarem, acima de tudo, a libertação imediata da tribulação. Quanto mais rápida for a saída, segundo concebem, de uma situação adversa, tanto mais forte é a fé do “vencedor”. Não há lugar para o aprendizado, para a dimensão da disciplina que a caracteriza como instrução, como formação do caráter. A mente é estimulada a vislumbrar a “vitória” sobre a tribulação, pura e simplesmente, mesmo ao custo de nenhum aprendizado, de nenhum aperfeiçoamento moral (pelo padrão da Lei do Senhor).

O crente neopentecostal deve, pois, “determinar” a cessação da tribulação, “revoltando-se” contra ela, haja vista ser ela uma inflição maligna de dor já abolida por Cristo na cruz do calvário. A fé do “fiel” dessa orientação religiosa é caracterizada por uma batalha contra o diabo, e não por uma submissão amorosa ao Deus soberano.

Homem e mulher de fé, na visão neopentecostalista, são aqueles que “vencem” as tribulações, e derrotam o diabo. A resignação paciente é vista como incredulidade e desobediência à Palavra de Deus, haja vista que imaginam que um Deus amoroso jamais trará qualquer tipo de dor ou sofrimento sobre um de seus filhos.

Mas, como vimos, a disciplina, que implica em dor e aprendizado, vem do Senhor, pois nos é ordenado: “Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor…” (… υιε μου μη ολιγωρει παιδειας κυριου…). O diabo pode ser até usado como instrumento da disciplina e do sofrimento que vem em seu bojo, mas, em última instância, ela vem do Senhor, o Soberano. Além do mais, a correção é prova do amor de Deus e de sua paternidade: “É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos” (Hebreus 12:7-8 RA).

O autor aos Hebreus afirma que é justamente porque Deus trata o cristão verdadeiro como filho que ele o corrige. Além do mais, esse escritor afiança “… que todos se têm tornado participantes…” da correção (παιδεια, disciplina), e aqueles que não têm se tornado participantes dela, ou seja, aqueles que estão sem correção, são bastardos e não filhos. Mas os neopentecostais veem as angústias da correção como obra diabólica, e não divina.

Escrevendo aos crentes de Roma, Paulo consignou: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Romanos 8:28 RA). “Sabemos”, οιδαμεν (oidamen), é o perfeito ativo do indicativo de οιδα, que por sua vez é o perfeito do obsoleto (não usado no presente) ειδω (eido) (Harold K. Moulton, Léxico Grego Analítico, São Paulo: Cultura Cristã, 2007. p. 294). Moulton ensina que “Em um considerável número de verbos, o perfeito é usado com uma significação estrita de presente. A explicação desse uso deriva-se simplesmente da idéia completa dada pelo tempo perfeito…” (op. cit., p. xlix).

Mas o que quero enfatizar é o significado do verbo, que, segundo Strongs, se traduz como “1) ver: 1a) perceber com os olhos; 1b) perceber por algum dos sentidos; 1c) perceber, notar, discernir, descobrir; 1d) ver; 1d1) i.e. voltar os olhos, a mente, a atenção a algo; 1d2) prestar atenção, observar 1d3) tratar algo 1d31) i.e. determinar o que deve ser feito a respeito de 1d4) inspecionar, examinar; 1d5) olhar para, ver; 1e) experimentar algum estado ou condição; 1f) ver i.e. ter uma intrevista com, visitar”, e como 2) conhecer: 2a) saber a respeito de tudo; 2b) saber, i.e. adquirir conhecimento de, entender, perceber; 2b1) a respeito de qualquer fato; 2b2) a força e significado de algo que tem sentido definido; 2b3) saber como, ter a habilidade de; 2c) ter consideração por alguém, estimar, prestar atênção a (#1Ts 5.12)”.

Então, para Paulo, os que foram chamados por Deus, os seus eleitos, sabem, adquirem o conhecimento, entendem, percebem, conhecem a força e o significado de que todas as coisas contibuem para o seu bem. É uma convicção, firmemente estabelecida na Palavra de Deus que lhes dá esse entendimento. Isso é o que a Escritura chama de fé. E esses tais que foram chamados por Deus são os mesmos que o amam, pois “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”.

Mas, com qual propósito Deus chama seus eleitos? Paulo responde, no mesmo contexto: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Romanos 8:29 RA). O propósito de Deus em chamar seus eleitos, aqueles que Ele predestinou, é fazer deles “… conformes à imagem de seu Filho”, ou seja, é fazê-los semelhantes a Jesus Cristo. Esse é o bem para o qual todas as coisas cooperam (concorrem).

Mas, no contexto, o que são “todas as coisas”? Um pouco à frente o apóstolo indaga: “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada” (Romanos 8:35 RA)? Um pouco antes, Paulo escrevera:

“Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós. A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora. E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo. Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos” (Romanos 8:18-25 RA).

Portanto, fundamentalmente o apóstolo tinha em mente por “todas as coisas” “…os sofrimentos do tempo presente…”, pois, como disse ele “… nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo…”. Então, completa dizendo: “Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos”. Fé, esperança e paciência se unem nesse contexto, de modo que “todas as coisas”, que, como vimos, fundamentalmente são os sofrimentos, as tribulações, as angústias, concorram para o processo de assemelhação dos cristãos à pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Tudo isso está de acordo com o pensamento do autor aos Hebreus, demonstrando a unidade doutrinária e teológica da Escritura. A fé tem como objeto o próprio Deus, que nós o conhecemos pela sua Palavra, em especial pela sua Palavra encarnada, Jesus Cristo.

Como todas as coisas cooperam para o bem, para o crescimento em Jesus Cristo, para a assemelhação com ele, e isso todo cristão deve saber, entender, ter convicção, segue-se que com paciência espera o fruto da obra do Espírito em torná-lo semelhante ao Mestre. Isto quer dizer que o cristão se aplica em compreender a obra de Deus em sua vida através desses sofrimentos, dessas aflições, dessas angústias, de modo que ao invés de desanimar por causa delas ele afirme como Paulo: “… nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado” (Romanos 5:3-5 RA). Tribulação e amor de Deus estão sempre vinculadas. O cristão se gloria nelas porque sabe que elas são fruto do amor de Deus, que está derramado em seu coração pelo Espírito Santo.

O cristão, então, demonstrando amor por seu Pai, por Deus, segue o exemplo daquele com quem deve ser assemelhado através das tribulações, Jesus Cristo, o qual “embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu” (Hebreus 5:8 RA). Não são as próprias tribulações que assemelham o crente à Jesus Cristo, mas a Palavra e o Espírito de Deus, que operam a obediência no meio sofrimento, assim como fez Jesus. As tribulações são as ocasiões nas quais Deus opera a mudança no caráter do cristão, através da Palavra e do Espírito.

Então, quando o cristão pacientemente se porta na tribulação, aguaradando a hora de Deus por um fim nela, que deve ser quando Ele julgar que houve o fruto para o qual a correção foi infligida, a assemelhação à Jesus Cristo, demonstra amor a Deus que paternalmente lhe disciplina, levando-o a um estado espiritual mais elevado do que antes. Para alcançar esse estado, o cristão age pela fé que atua pelo amor.

Tudo isso é muito distinto do que os neopentecostais chamam de fé, uma fé revoltosa, que não suporta a provação, que não tira dela ensinamento e crescimento espiritual que os leve a cada vez mais ficarem parecidos com Jesus Cristo. Com isso demonstram ódio por Deus, ao se revoltarem com toda e qualquer aflição, imputando ao diabo a origem do sofrimento deles. Fé falsa e ímpia, morta, sem nenhum fruto, mormente aquele do amor a Deus, pois a pregação neopentescotal estimula os seus ouvintes a desobedecerem o mandamento de Deus. E uma fé que leva à desobediência, que é demonstração de ódio a Deus, conforme a Escritura, não é fé verdadeira, pois a fé sem obras é morta, a fé sem amor é uma inutilidade: “… ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei” (1 Coríntios 13:2 RA).

Mas também a fé neopentecostal se mostra falsa, morta e inoperante na dimensão horizontal do amor, do amor recíproco entre irmãos, e para com o próximo. O conceito neopentecostal de fé tem implicações práticas na vida de seus adeptos. Estar em uma situação de provação significa fraqueza e debilidade de fé. Então, quando uma pessoa nessa condição procura um pastor neopentecostal ou alguém versado na doutrina neopentecostal, ao invés de receber ajuda naquilo que precisa, é instada a se revoltar contra aquela situação, a abandonar a sua incredulidade e à exercitar fé para “vencer” aquela aflição diabólica.

Se a aflição é financeira, por exemplo, como a de uma viúva cheia de dívidas, ao invés de ser ajudada financeiramente será instada a “sacrificar” o pouco que tem, ou que não tem, como demonstração de fé, a fim de que seja honrada por Deus por causa dessa sua fé. Ouvirá que Deus lhe quer livrar daquele estado de humilhação, que o diabo está levando vantagem sobre ela, etc. O que ela não receberá é ajuda financeira, pois a fé neopentecostal não promove o amor, a caridade, a não ser para fins egoísticos, para fins de política eclesiástica, para a promoção das igrejas desse tipo de orientação religosa.

As coisas ocorrem assim porque os neopentecostais estão impregnados com a doutrina da recompensa, pois doam sempre esperando receber algo em troca. Doam o dízimo para serem abençoados financeiramente. Doam ofertas pelo mesmo motivo. O amor não é o fundamento da doação deles, não é a motivação última e mais sublime.

Contudo, Tiago escreveu que “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo” (Tiago 1:27 RA). Por visitar Tiago não tinha em mente, certamente, apenas levar palavras de conforto, e muito menos de repreensão, no sentido de se afirmar que os órfãos e as viúvas estão naquela situação por falta de fé. Ele tinha em mente que a religião verdadeira consiste em ajudar os necessitados da igreja, em suas tribulações, que no caso de órfãos e viúvas, em função do contexto do tempo do escritor bíblico, eram angútias principalmente ligadas ao sustento, ao comer e ao vestir. A religião pura e sem mácula, segundo a Palavra infalível de Deus, consiste na assistência real a esses necessitados.

Isso é absolutamente certo, haja vista que foi o mesmo Tiago quem disse o que acima já transcrevi: “Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso? Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta” (Tiago 2:14-17 RA).

Logo, o que a fé neopentecostal promove é a avareza, e não o amor, a caridade. Todo aquele discurso de instar o necessitado à fé, a que se revolte contra a situação difícil em que se encontra sem, contudo, meter a mão no bolso para ajudá-lo não passa de falsa piedade, de religiosidade enganosa e diabólica. É corolário lógico da pregação neopentecostal que ajudar alguém em situação difícil, causada pelo diabo, é a mesma coisa que perpetuar o necessitado no laço diabólico. Destarte, o crente dessa fé jamais será incentivado à caridade sem que isso viole as suas convicções mais íntimas, mais profundas. A doutrina neopentencostal, portanto, é uma mina que explode e destrói a piedade cristã, o amor bíblico e a fé verdadeira. O neopentecostalismo é, assim, uma “religião impura e maculada, para com o nosso Deus e Pai”. Medida pelo padrão da Escritura, é uma falsa religião.

Seus mestres, por serem profetas de uma falsa religião, são falsos profetas, cegos guias de cegos. Contudo, seus seguidores não são menos culpados do que eles, haja vista que se cercaram deles porque lhes dão o que as suas concupiscências desejam. Não ouvem a advertência de Jesus: “Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis…” (Mateus 7:15-16 RA). E Jesus advertiu o povo a se acautelar dos falsos profetas porque o destino deles é o inferno, e, como também falou o Mestre, “… se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco” (Mateus 15:14 RA). Com isso Jesus quis dizer que o destino do discípulo é o mesmo do mestre, o destino do seguidor do falso profeta é o mesmo dele, o lago de fogo e enxofre.

Diante de tudo isso, advirto aos seguidores desses falsos profetas que se arrependam, que abram os seus olhos, e que julguem a sua religiosidade pelo paradigma da Escritura Sagrada. Como disse Jesus, “… arrependei-vos e crede no evangelho” (Marcos 1:15 RA). E como também disse o Espírito de Cristo, pelo profeta Jeremias, “Saí do meio dela, ó povo meu, e salve cada um a sua vida do brasume da ira do SENHOR” (Jeremias 51:45 RA).

Que o Senhor Deus conceda o verdadeiro arrependimento e a verdadeira fé a muitos dos que agora estão enganados!

Fonte: [ Vox Reformata ]
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O Feminismo Cristão: Como Tudo Começou

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Por Augustus Nicodemus Lopes

Estudar a história do surgimento do movimento feminista é de grande ajuda para nós. Geralmente uma perspectiva global e ampla do assunto em pauta nos ajuda a entender melhor determinados aspectos do mesmo. No caso do movimento feminista, a sua história nos revelará que a ordenação de mulheres ao ministério, em alguns setores do movimento, é apenas um item de uma agenda muito mais ampla defendido por um setor bastante ativista do feminismo nas igrejas cristãs.

Origens do Movimento Feminista Fora da Igreja

Examinemos primeiramente o movimento feminista fora da igreja, focalizando suas principais protagonistas.

Século 18: A Vindicação dos Direitos da Mulher

A “Primeira Onda” do feminismo teve início na primeira metade dos anos de 1700 quando uma inglesa, Mary Wollstonecraft (foto), escreveu A Vindication of the Rights of Woman (A Vindicação dos Direitos da Mulher). Um ano depois desta publicação, Olimpe de Gouges publicou um panfleto em Paris intitulado Le Droits de La Femme (Os Direitos da Mulher) e uma americana, Judith Sargent Murray, publicou On the Equality of the Sexes (Sobre a Igualdade dos Sexos). Outras pensadoras feministas surgiram em pouco tempo tais como Frances Wright, Sarah Grimke, Sojourner Truth, Elizabeth Cady Stanton, Susan B. Anthony, Harriet Taylor e também John Stuart Mill. Seus pensamentos e obras foram defendidos com fervor e pouco a pouco foram deitando profunda influência na sociedade moderna contemporânea do mundo ocidental.

Século 19: A Declaração dos Sentimentos

Em 1848 cerca de 100 mulheres se reuniram em uma convenção em Seneca Falls, Nova York, para ratificar a Declaração dos Sentimentos escrita para defender os direitos naturais básicos da mulher. As autoras da Declaração dos Sentimentos reclamavam que as mulheres estavam impedidas de galgar posições na sociedade quanto a empregos melhores, além de não receber pagamento eqüitativo pelo trabalho que realizavam. Notaram que as mulheres estavam excluídas de profissões tais como teologia, medicina e advocacia e que todas as universidades estavam fechadas para elas. Denunciavam também um duplo padrão de moralidade que condenava as mulheres a penas públicas, enquanto excluía os homens dos mesmos castigos em relação a crimes de natureza sexual.

A Declaração dos Sentimentos foi um marco profundamente significativo no movimento feminista. Suas reivindicações eram, em sua grande maioria, justas e consistentes. Por isto, o movimento foi ganhando muitas e muitos adeptos, apesar, e por causa das grandes barreiras que foram impostas às mulheres que se expunham na defesa de suas idéias e ideais. As leis do divórcio foram liberalizadas e drásticas mudanças ocorreram com o status legal da mulher dentro do contexto do casamento. Por volta dos anos 30, como resultado de sua educação qualificada e profissional, as mulheres começaram a entrar no mercado de trabalho como força competitiva. Muitas das barreiras legais, políticas, econômicas e educacionais que restringiam a mulher foram removidas e esta começa a pisar o mundo do homem com paixão e zelo.

Século 20: Simone deBeauvoir e Betty Friedan

A primeira fase da construção do feminismo moderno começou com a obra da filósofa francesa Simone deBeauvoir (foto), Le Deuxième Sexe (O Segundo Sexo), em 1949. As mulheres, segundo deBeauvoir, foram definidas e diferenciadas tomando como referencial o homem e não com referência a elas mesmas. Ela acreditava que o sexo masculino compreendia a medida primeira pela qual o mundo inteiro era medido, incluindo as mulheres, sendo elas definidas e julgadas por este padrão. O mundo pertencia aos homens. As mulheres eram o “outro” não essencial. Simone deBeauvoir observa esta iniqüidade do status sexual em todas as áreas da sociedade incluindo a econômica, industrial, política, educacional e até mesmo em relação à linguagem. As mulheres foram forçadas pelos homens a se conformar e se moldar àquilo que os homens criaram para seu próprio benefício e prazer. Às mulheres de seus dias não foi permitido ou não foram encorajadas a fazer ou se tornar qualquer outra coisa além do que o feminino eterno ditava; elas foram cerceadas num papel de “Küche, Kirche, und Kinder” (cozinha, igreja e filhos, em alemão). De acordo com deBeauvoir a mulher estava destinada a existir somente para a conveniência e prazer dos homens.

No início dos anos 60 uma jornalista americana, Betty Friedan, transformou os conceitos filosóficos de Simone deBeauvoir em alguma coisa mais assimilável para a mulher moderna, ao publicar A Mística Feminina, um livro onde examinava o papel da mulher norte americana. De acordo com Friedan, as mulheres dos seus dias foram ensinadas a buscar satisfação apenas como esposas e mães. Ela afirmou que esta mística do ideal feminino tornou as mulheres infantis e frívolas, quase como crianças, levianas e femininas; passivas; garbosas no mundo da cama e da cozinha, do sexo, dos bebês e da casa. Assim como deBeauvoir, ela afirma que a única maneira para a mulher encontrar-se a si mesma e conhecer-se a si mesma como uma pessoa seria através da obra criativa executada por si mesma. Friedan batizou o dilema das mulheres de “um problema sem nome”. Friedan concordou com deBeauvoir que a libertação das mulheres haveria de requerer mudanças estruturais profundas na sociedade. Para isto, as mulheres precisariam ter controle de suas próprias vidas, definirem-se a si mesmas e ditar o seu próprio destino.

O Problema sem Nome: Patriarcado

No final dos anos 60 a autora feminista Kate Millett (foto) usou o termo “patriarcado” para descrever o “problema sem nome” que afligia as mulheres. O termo tem sua origem em duas palavras gregas: pater, significando “pai” e arche, significando “governo”. A palavra patriarcado era entendida como o “governo do pai”, e era usada para descrever o domínio social do macho e a inferioridade e a subserviência da fêmea. As feministas viram o patriarcado como a causa última do descontentamento das mulheres. A palavra patriarcado define o problema que deBeauvoir e Friedan não puderam nomear mas conseguiram identificar. De acordo com as feministas, o patriarcado foi o poder dos homens que oprimiu as mulheres e que era responsável pela infelicidade delas. As feministas concluíram que a destruição do patriarcado traria de volta a plenitude das mulheres. A libertação das mulheres do patriarcado haveria de permitir que elas se tornassem íntegras.

Surgimento do Movimento Feminista Dentro da Igreja

Podemos considerar o livro de Katherine Bliss, The Service and Status of Women in the Church (O Trabalho e o Status da Mulher na Igreja, 1952) como o marco inicial do moderno movimento feminista dentro da cristandade. O livro era baseado numa pesquisa sobre as atividades e ministérios nos quais as mulheres cristãs estavam comumente envolvidas. Bliss observou que, embora as mulheres estivessem extremamente envolvidas na vida da Igreja, a participação delas estava limitada a papéis auxiliares tais como Escola Dominical e Missões. As mulheres não participavam em lideranças tradicionalmente aceitas, tais como as atividades de ensino, pregação, administração e evangelismo, ainda que muitas delas pareciam estar preparadas e terem dons para este exercício. Bliss chamou a atenção da Igreja para a reavaliação dos papéis homem/mulher na Igreja, particularmente da ordenação de mulheres.

Ativistas Cristãos compram a Briga

A obra de Bliss serviu de munição para ativistas cristãos na luta pelos direitos civis e políticos em 1961. Eles, juntamente com as feministas na sociedade secular, começaram a vocalizar o seu descontentamento com o tratamento diferenciado que as mulheres recebiam por causa do seu sexo, inclusive dentro das igrejas cristãs. Neste mesmo ano, vários periódicos evangélicos publicaram artigos sobre a “síndrome das mulheres limitadas aos papéis da casa e esposa”, onde se argumentava que as mulheres estavam restritas a papéis inferiores na Igreja. Os homens podiam se tornar ministros ordenados, mas às mulheres se lhes impunham barreiras nas atividades ministeriais como ensino, aconselhamento e pastoreamento. As mulheres, afirmavam os ativistas, desejam participar da vida religiosa num nível mais significativo do que costura ou a direção de bazares ou arrumar a mesa da Santa Ceia ou serviços gerais tais como o levantamento de recursos para os necessitados, os quais freqüentemente são designados a elas. Tanto quanto com trabalho físico, elas desejam contribuir com idéias para a Igreja.

O Concílio Mundial de Igrejas

A atenção sobre os papéis do homem e da mulher dentro da Igreja se tornou mais intenso na medida em que o movimento secular das mulheres foi ganhando força. Ainda em 1961 o Concílio Mundial de Igrejas distribuiu um panfleto intitulado Quanto à Ordenação de Mulheres, chamando as igrejas afiliadas para um “re-exame de suas tradições e leis canônicas”. Várias denominações começaram a aceitar que o cristianismo havia incorporado em seus valores uma atitude patriarcal dominante da cultura de suas origens. Muitos católicos, metodistas, batistas, episcopais, presbiterianos, congregacionais e luteranos concordaram: a mulher na Igreja precisa libertação. Com esta conclusão em mente, de que a mulher precisava de libertação dentro da Igreja, estabeleceu-se um curso de ação que tinha como alvo abrir as avenidas para o ministério ordenado das mulheres tanto quanto para os homens.

Nos anos 60 as feministas cristãs se colocaram num curso paralelo àquele estabelecido pelas feministas na sociedade secular. Elas, junto com suas contra partes, buscaram anular a diferenciação de papéis de homem/mulher. O tema dominante foi a necessidade da mulher definir-se a si mesma. As feministas criam que às mulheres se deveria permitir fazer tudo o que o homem pode fazer, da mesma maneira e com o mesmo status reconhecido que é oferecido ao homem. Isto, segundo elas criam, constituía a verdadeira igualdade.

Os Primeiros Argumentos em Prol da Ordenação de Mulheres

As feministas cristãs buscaram a inclusão das mulheres na liderança da Igreja sem uma clara análise da estrutura e funcionamento da mesma segundo os padrões bíblicos. Meramente julgaram-na como sexista e começaram a incrementar o curso de ação em resposta a este julgamento. As feministas cristãs, de mãos dadas com suas contra partes seculares, começaram a demandar “direitos iguais”. Na reivindicação destes direitos, àquela altura do movimento feminista cristão, ainda partiam do pressuposto que a Bíblia era a Palavra de Deus. Vejamos seus argumentos.

Os Pais da Igreja Foram Influenciados pelo Patriarcado

Segundo as feministas cristãs, Clemente de Alexandria, Origines, Ambrósio, e Crisóstomo, Tomás de Aquino, Lutero, Tertuliano, Calvino e outros importantes teólogos e líderes da Igreja Cristã, influenciados pelo patriarcado, reafirmaram a inferioridade da mulher através da história da Igreja e, assim, proibiram a ordenação de mulheres e cometeram erros quanto aos papéis conjugais. As mulheres foram excluídas das posições de autoridade porque os pais da Igreja as viam, em sua própria natureza, como inferiores e menos capazes intelectualmente do que os homens.

A Bíblia ensina a Igualdade dos Sexos

Em segundo lugar, as feministas cristãs passaram a afirmar que a Bíblia dava suporte à plena igualdade das mulheres e que os homens haviam negligenciado estes conceitos bíblicos. As primeiras feministas cristãs afirmam que o registro da criação da mulher no Gênesis tem sido quase que universalmente interpretado de uma maneira equivocada para se ensinar que “Deus impôs a inferioridade e a sujeição” da mulher. Os teólogos (homens) foram acusados pelas primeiras feministas de ignorarem as passagens bíblicas que dão suporte à igualdade feminina, torcendo-as para o seu próprio interesse. A doutrina da liderança da Igreja que excluía as mulheres do ministério foi, portanto, apresentada como um subproduto de um estudo amputado das Escrituras.

Não há Diferença entre Homem e Mulher

A tese maior proposta pelas feministas cristãs no início dos anos 60 era idêntica às teses do feminismo secular: não há diferença entre homem e mulher. As feministas argumentaram que concernente às emoções, psique e intelecto, não há demonstração válida de diferenças entre mulheres e homens. Qualquer aparente diferença resulta única e exclusivamente de condicionamentos culturais e jamais de fatores biológicos. Portanto, tendo em vista a igualdade dos sexos, as feministas cristãs reclamam que a mulher deve ser posta em posições de plena liderança dentro de casa e na Igreja em igualdade com os homens.

O primeiro passo do movimento feminista dentro da Igreja foi a ordenação das mulheres para os ofícios eclesiásticos e este foi somente o primeiro passo. A ordenação das mulheres requer o desenvolvimento de uma nova teologia, de uma nova visão sobre Deus, sobre a Bíblia, o culto e o mundo. A teologia deve se redefinir, alinhando-se com o ponto de vista feminino. Foi o próximo passo dado.

Desenvolvimentos Posteriores da Teologia Feminista

Uma teologia inteiramente nova deveria ser buscada, portanto, baseada na experiência e na interpretação da mulher. Um novo desenvolvimento teológico era necessário para dar suporte à ordenação feminina. Esta nova teologia se moveu em várias direções. Veremos que ordenação feminina é apenas um item de uma agenda muito maior e mais radical.

Reinterpretação da Sexualidade Feminina

Rejeitando a definição de feminilidade e dos papéis femininos que lhes foram impostos pelos homens e pela mentalidade patriarcal dominante, uma parte significativa das ativistas radicais demandaram uma nova definição destes itens que partisse de outro referencial. A conclusão a que chegaram foi que a própria mulher é o melhor referencial para sua autodefinição. E na caminhada desta nova descoberta, ela deve se descobrir em relação com outras mulheres e não com o homem. É preciso registrar que não foram todas as feministas que concordaram com este novo passo.

Na década de 70, movimentos radicais em prol do lesbianismo passaram a identificar sua missão e propósito com o movimento feminista em geral. Foi aqui que o lesbianismo entrou no movimento feminista cristão mais radical como elemento chave na reinterpretação da mulher, sua feminilidade, espiritualidade e papéis. A maior contribuição para a entrada do lesbianismo no movimento feminista foi dada pela líder feminista Kate Millet, que publicamente admitiu ser lésbica, após escrever o livro Sexual Politics, best-seller publicado em 1970. O fato ganhou divulgação mundial mediante reportagem da revista Time naquele mesmo ano. Surgiram dentro das igrejas grupos de lésbicas “cristãs” pressionando para a ordenação de mulheres, de lésbicas, a celebração do casamento gay e aceitação de homossexuais e lésbicas ativos como membros comungantes.

Reinterpretação Feminista da Bíblia

A teologia feminista veio a ser profundamente afetada pela hermenêutica pós-moderna, a qual ensina que a escrita e a leitura de qualquer texto são irremediavelmente determinadas pelas perspectivas sociais e experiências de vida dos seus autores e leitores. A esta altura, já se havia abandonado o conceito da inspiração e infalibilidade da Bíblia.

Empregando-se este princípio na leitura da Bíblia, as feministas cristãs concluíram que a mesma é um livro machista e reflete o patriarcado dominante na cultura israelita e grega daquela época. A Bíblia é o livro de experiências religiosas das mulheres e dos homens, judeus e cristãos, mas seu texto foi formado pelos homens, adultos e instruídos. Poucos textos foram escritos por mulheres. Como resultado, os autores freqüentemente enfatizaram somente o papel dos homens. Eles contaram a história de todo o povo a partir de sua expectativa masculina. Desenvolveram a visão patriarcal da religião a ponto de transformar Deus — um puro espírito sem gênero — em um ser masculino! E que este Deus sempre escolheu homens como profetas, sacerdotes e reis porque os homens são melhores ou mais fortes moralmente do que as mulheres!

As feministas radicais propuseram, assim, uma reinterpretação radical da Bíblia partindo da ótica delas. Propuseram também que as mulheres aprendessem a examinar as leituras feitas na ótica patriarcal e a impugnar qualquer interpretação distorcida pelo machismo. De acordo com elas, a interpretação tradicional da Bíblia sempre foi masculina pois o masculino era tido como universal. Hoje, essa leitura ideológica incomodava muitas mulheres e homens nas igrejas.

Elas passaram ainda a defender a publicação de versões bíblicas onde o elemento masculino fosse tirado da linguagem. Estas versões, chamadas de “linguagem inclusiva” não deveriam mais se referir a Deus como Pai e deveriam chamar Jesus de “a criança de Deus” em vez de Filho de Deus. Já existem dezenas de versões bíblicas assim no mercado mundial. Algumas feministas ainda mais radicais declararam que a Bíblia não é confiável e que as histórias das mulheres de hoje precisam ser adicionadas ao cânon da Bíblia.

Reinterpretação do Cristianismo

Como resultado desta nova leitura da Bíblia, orientada contra todo elemento masculino e contra o patriarcalismo, as feministas propuseram uma reforma radical no Cristianismo tradicional. A ordenação de mulheres é apenas um pequeno aspecto deste projeto. Na concepção delas, a verdadeira religião deve conter elementos que reflitam o poder e a cooperação das mulheres, cuja principal característica é gerar a vida. Assim, mui naturalmente, as feministas adotaram e “cristianizaram” os antigos cultos pagãos da fertilidade, que celebram os ciclos da natureza, as estações do ano, a fertilidade da terra, as colheitas e a geração da vida. Os cultos seguem temas litúrgicos relacionados com as estações do ano. Este novo Cristianismo feminino entende que a mulher é mais apta que o homem para estabelecer e conduzir a religião, pois enquanto o homem, guerreiro, mata e tira a vida, a mulher gera a vida. Aquela que conduz a vida dentro de si é mais adequada para definir a religião e conduzir seus cultos.

Reinterpretação de Deus

O passo mais ousado dado pelo movimento feminista cristão radical foi a "reinvenção de Deus". Mais de 800 feministas, gays e lésbicas do mundo inteiro reuniram-se nos Estados Unidos em 1998 num Congresso chamado Reimaginando Deus. Os participantes chegaram a conclusões tremendas: o verdadeiro deus de Israel era uma deusa chamada Sofia, que os autores masculinos transformaram no deus masculino Javé, homem de guerra. Jesus Cristo não era Deus, mas era a encarnação desta deusa Sofia, que é a personificação da sabedoria feminina. Esta deusa pode ser encontrada dentro de qualquer mulher e é identificada com o ego feminino (na foto, capa de livro publicado sobre o assunto). No Congresso celebraram uma “Ceia” onde o pão e o vinho foram substituídos por leite e mel, e conclamaram as igrejas tradicionais a pedir perdão por terem se referido a Deus sempre no masculino. Amaldiçoaram os que são contra o aborto e abençoaram os que defendem os gays e as lésbicas.

Conclusão

A leitura das origens e desenvolvimentos do movimento feminista, tanto o secular quanto o cristão, deixa claro que a ordenação de mulheres ao ministério é apenas um item da agenda muito mais ampla dos feministas radicais dentro da igreja cristã.

É claro que nem todos os que defendem a ordenação de mulheres concordam com tudo que se contém na agenda do movimento feminista cristão. É preciso deixar isto muito claro. Conheço pessoalmente diversos irmãos preciosos que são a favor da ordenação de mulheres ao pastorado mas que repudiam as demais teses do movimento feminista radical. O que estou descrevendo aqui principalmente é a postura dos radicais dentro do feminismo evangélico.

Entretanto, não se pode deixar de notar a semelhança notável entre muitos dos argumentos usados para defender a ordenação feminina e aqueles empregados na defesa do homossexualismo nas igrejas, das versões feministas da Bíblia e mesmo da reinvenção de Deus e do Cristianismo.

[Este artigo é reprodução da primeira parte de um Caderno sobre Ordenação Feminina que publiquei algum tempo atrás, que por sua vez utilizou a pesquisa histórica da tese de mestrado do Rev. Ludgero Morais sobre o tema.]

Fonte: [ O Tempora! O Mores! ]
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