Resposta ao "apóstolo" Terra Nova sobre prosperidade.

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Prezado Terra Nova,

Acabei de assistir um vídeo (veja baixo) onde o senhor ensinou que a prosperidade se dá exclusivamente pelo fato do individuo ser generoso financeiramente. Além disso, o senhor também afirmou que quanto mais os líderes e pastores forem prósperos, mais prósperos se tornarão os membros da igreja. O senhor disse também que se o líder espiritual for abençoado em suas finanças, toda a igreja será, e para justificar suas premissas o senhor usou o exemplo de Israel.

Caro Renê, lamento lhe informar, mais suas doutrinas estão absolutamente equivocadas. Em primeiro lugar é preciso que você entenda que do ponto de vista bíblico a prosperidade não se dá mediante o toma-lá-dá-cá pregado pelo senhor. Deus não se submete a trocas mesquinhas como as propostas pela teologia da prosperidade. Na verdade, as Escrituras nos ensinam que a prosperidade é fruto do trabalho. O reformador francês João Calvino acreditava que o homem possuía a responsabilidade de cumprir a sua vocação através do trabalho. Na visão de Calvino, não existe lugar para ociosidade em nossas agendas. E ao afirmar isto, o reformador francês, não estava a nos dizer de que homem deva ser um ativista, ou até mesmo um tipo de worhaholic. Na verdade, Calvino acreditava que a prosperidade era possível desde que fosse consequência direta do trabalho.

Prezado Renê, pelo que percebo o senhor advoga a causa de que a prosperidade e as riquezas são caracteristicas inquestionáveis àqueles que seguem a Cristo. Pois é, talvez para o Senhor o fato do cristão não experimentar prosperidade em sua vida aponta de forma exclusiva para a ausência da bênção de Deus.

Pois é, fico a pensar como seria se Pedro, Paulo e Tiago e os demais apóstolos vivessem entre os apóstolos do século XXI. Possivelmente seriam estigmatizados, desqualificados e repudiados por sua incapacidade em realizar ou decretar atos sobrenaturais de fé, como também confrontados pelos profetas da confissão positiva pelo fato de terem fracassado financeiramente.

Renê, por favor, pare, pense e responda: Por acaso eram os apóstolos ricos? Possuíam eles as riquezas deste mundo? Advogaram o ensino de que todo discipulo de Cristo deve ser rico? Ora, se fosse realmente verdade o que ouvimos e lemos dos bispos, apóstolos, e mercadores da fé que Deus quer que os seus filhos tenham sucesso e riquezas, então porque Ele não fez que Jesus nascesse numa família extremamente rica? Porque então Ele não escolheu doze apóstolos milionários, ou pelo menos não lhes conferiu riquezas? Não seria muito mais fácil conquistar o mundo assim?

Caro Terra Nova, me desculpe discordar, mas, penso muito diferente de você, acredito profundamente que se quisermos que nossas familias experimente prosperidade torna-se ncessário que invistamos em pelo menos dois aspectos:

1- Aumento de escolaridade.

Uma das principais marcas de um povo desenvolvido é educação. Infelizmente por fatores diversos, milhões de pessoas em nosso país vivem a margem da sociedade simplesmente pelo fato de terem abandoram a escola. Tenho plena convicção que ao voltar a sala de aula o crente será abençoado por Deus dando-lhe assim novas ferramentas que o ajudarão a experimentar a tão sonhada prosperidade.

2- Melhor qualificação profissional.

Prosperidade se dá mediante o trabalho. Invista na sua profissão. Faça cursos, participe de simpósios, leia muito e aprenda com quem sabe. Nesta perspectiva, seja o melhor sapateiro, eletricista, pedreiro, médico, dentista, advogado, professor e experimente das bênçãos do Senhor.

Renê, tenho plena convicção que se desejarmos construir um país decente e sério, necessitamos romper com alguns paradigmas que nos cercam. Nações bem sucedidas são aquelas que se empenham na construção de valores e conceitos como honestidade, equidade, ética e retidão.

Infelizmente no país do gospel e do decreto espiritual apóstolico, o trabalho nem sempre é visto com bons olhos, até porque nesta perspectiva neo pentecostal, o trabalho foi feito para gente miserável e desqualificada que precisa sobreviver.

Isto posto, afirmo que o tempo de mudarmos nossos conceitos e valores é esse, além é claro de semear no coração do crente em Jesus , a idéia de que o trabalho é reflexo de uma grande bênção divina, a qual deve ser valorizado e dignificado.




Autor: Renato Vargens
Fonte: [ Blog do autor ]

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Movimento gay quer acabar com a capelania hospitalar evangélica

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Por Pr.Josué Lima

O movimento defensor das causas homossexuais, o LGBT (Lésbias, Gays, Bissexuais e Travestis), tem tentado impedir a atuação das Capelanias Evangélicas em hospitais.

O grupo tem realizado acusações difamatórias à Associação de Capelania Evangélica Hospitalar, principalmente à capelã Eleny Vassão de Paula Aitken, que atua no Centro de Referência e Treinamento em DST-AIDS (CRT-AIDS), e no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na cidade de São Paulo.

Artigos e comentários publicados na internet referem-se ironicamente ao trabalho realizado pelas capelanias evangélicas, em um dos textos, de Cláudio Celso Monteiro Jr. cita, traz o título “A homofobia (institucional) nossa de cada dia”, e outro, “Fundamentalismo religioso invade hospitais brasileiros”, de Ricardo Aguieiras.

Também foram dirigidas críticas à Igreja Presbiteriana do Brasil, ao ser citado o livro “A missão da igreja gente a AIDS”, publicado pela Editora Cultura Cristã, há quase 20 anos.

Nos textos os grupos evangélicos são acusados de “homofobia”, “atendimento espiritual de maneira invasiva” e até de “sérias falhas em questões de biossegurança”. Mas, além da manifestação realizada através dos artigos as acusações já foram também realizadas verbalmente, direcionadas às diretorias dos hospitais que recebem assistência das capelanias evangélicas.

Desta forma, o trabalho dos evangélicos nos hospitais está correndo risco de ser interrompido, já que a Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual e Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania da Cidade de São Paulo tem apoiado o posicionamento dos grupos LGBT.

Com um tradicional trabalho de mais de 30 anos e atuante em mais de 200 hospitais brasileiros, a Associação de Capelania Evangélica Hospitalar, numa tentativa de se defender seu trabalho e também de alertar a igreja brasileira sobre a situação, lançou uma nota em seu site convocando todos para um abaixo-assinado virtual, como apoio à instituição. ( veja aqui )

A intolerância do movimento LGBTque busca seus direitos, a cada procura rasgar a Constituição Fedaral, tentando anular a liberdade de expressão e de religião. A implantação da Ditadura Gay patrocinada pela esquerda (leia-se PT) procura a todo custo banir o Cristianismo na nação brasileira.

Os evangélicos no Brasil nunca sonharam em dias tão difíceis como os atuais, e infelizmente muitos líderes ainda não acordaram para a realidade desta situação caótica que estamos vivendo.

As próximas eleições municipais se aproximam e seria de vital importância que nossa liderança evangélica se reunisse e unisse para promover um entendimento que viesse neutralizar o avanço da esquerda diabólica que está comprometida com toda a sorte de misérias pecaminosas.

A cada dia que passa a nossa liberdade religiosa diminui cada vez mais, e líderes evangélicos brigando na televisão, causando escândalos e enfraquecendo o povo evangélico.

Fonte: [ Cristianismo Vivo ]
Via: [ Genizah ]

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Relativismo, Certeza e Agnosticismo em Teologia

Por Augustus Nicodemus Lopes

Tenho sempre me deparado com pastores e teólogos que acreditam que teologia boa é só aquela que está sendo feita agora. Recentemente encontrei mais um desses. Chamou-me de fundamentalista porque eu acredito que existe teologia certa e teologia errada, e porque incluo na primeira categoria os antigos credos cristãos e as confissões reformadas. Ensinou-me com aquela pachorra típica de quem é iluminado e se depara com um pobre fundamentalista obscurantista e tapado, que “a teologia é apenas um construto humano, limitado, provisório, subjetivo, que tem que ser feito por cada geração, pois não atende mais as necessidades da próxima”.

Era óbvio que eu estava diante, mais uma vez, daquela cena hilária em que o relativista declara com toda autoridade e convicção que “não existe verdade absoluta, tudo é relativo”.

Vamos supor, ainda que por um momento, que esses teólogos – nem sei em que categoria enquadrá-los, pois nem liberais eles são (os liberais de verdade acreditavam em certo e errado) – estejam certos. Que cada geração entende Deus, a Bíblia e as grandes verdades do Cristianismo de uma maneira totalmente diferente de outra geração e de pessoas de outra cultura, a ponto de não podermos adotar as suas reflexões teológicas como verdadeiras e válidas para a nossa geração. Se levada às últimas conseqüências, essa perspectiva sobre a teologia criaria uma série de problemas, inclusive para os que a defendem.

1) Vamos começar pelo fato que cada nova geração teria de definir, de novo, o que é o Cristianismo. Explico. O Cristianismo, enquanto religião, foi definido e os seus limites estabelecidos durante os primeiros séculos depois de Cristo, quando os primeiros cristãos foram confrontados com explicações diferentes, contraditórias e alternativas da mensagem de Jesus e dos apóstolos, como o montanismo, as idéias de Marcião, os gnósticos, os docetistas e os ebionitas, para mencionar alguns.

Os grandes credos ecumênicos da Cristandade estabelecidos nas gerações posteriores nos deram de forma sintetizada a doutrina de Cristo, da Trindade, entre outras, as quais o Cristianismo histórico adota até hoje. A seguir o que esse pastor estava me dizendo, teríamos de jogar tudo isso fora e recomeçar, refazer, redefinir o Cristianismo a partir da nossa própria situação.

2) A segunda dificuldade é que essa perspectiva acaba pegando mal para seus próprios defensores. Pergunto: o que eles têm descoberto e oferecido mais recentemente que seja novo acerca do ser e das obras de Deus, da pessoa de Cristo e de sua morte e ressurreição? Quando não caem nas antigas heresias, repetem simplesmente o que já foi dito por outros em tempos passados. A “nova perspectiva sobre Paulo” não deixa de ser uma antiga perspectiva sobre o judaísmo. A nova “busca do Jesus histórico” não tem conseguido oferecer nenhuma reconstrução do Jesus da história que esteja em harmonia com o quadro dele que temos nos evangelhos. A teologia relacional não consegue ir adiante do Deus sociniano, que também desconhecia o futuro.

3) A terceira dificuldade é que essa perspectiva realmente acaba com a distinção entre teologia certa e teologia errada e anistia todas as heresias já surgidas na história da Igreja. Vamos tomar, por exemplo, a área de soteriologia, que trata da questão da salvação do homem. A doutrina de que o homem é justificado pela fé somente, sem as obras ou méritos humanos, foi estabelecida cedo na Igreja cristã e reafirmada na Reforma protestante. Depois de tantos séculos, nossos teólogos progressistas (ainda não gosto desse rótulo, vou acabar achando outro) têm algo de novo para nos dizer sobre esse ponto? Os que tentaram, caíram nas antigas heresias soteriológicas já discutidas e refutadas ad nauseam pelos Pais da Igreja e pelos Reformadores.

Não me entendam mal. Eu também acredito que a teologia é um construto humano, e como tal, imperfeito, incompleto e certamente relativo. Estou longe de adotar para com a teologia reformada uma postura similar àquela que considera a tradição aristotélica-tomista como a filosofia e/ou teologia “perene”. Eu também considero que a teologia é fruto da reflexão humana e, portanto, sempre sujeita às vulnerabilidades de nossa natureza humana decaída. Mas não ao ponto de não poder refletir com uma medida de veracidade e fidelidade a revelação de Deus nas Escrituras. O problema com essa postura relativista é que ela desistiu completamente da verdade. É agnóstica. Eu creio que a teologia, se feita “levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2Co 10.5), se for fiel à revelação bíblica, produzirá sínteses confiáveis que podem servir de referencial para as igrejas de todas as gerações, conforme, aliás, as confissões reformadas elaboradas nos sec. XVI e XVII vêm fazendo há alguns séculos.

Mas, os teólogos relativistas acreditam em que? Em tudo e, portanto, em nada. Eles tentam manter tudo fluido, em permanente devir, sempre abertos para todas as possibilidades. Mas, nesse caso, não teriam que, forçados pela própria lógica, de aceitar também a teologia conservadora como uma teologia legítima? Mas é aqui que a lógica relativista se quebra. Pois para eles, todas as opiniões estão corretas – menos aquela dos conservadores.

Um amigo meu que é teólogo me disse outro dia numa conversa, “a verdade é absoluta, mas minha percepção dela é sempre relativa”. Até hoje estou intrigado com essa declaração. Eu o conheço o suficiente para saber que ele não é relativista. Sou obrigado a reconhecer, por força do conhecimento da minha própria limitação e subjetividade, que ele está certo quanto à relatividade da nossa percepção teológica.

Mas, por outro lado, reluto em aceitar as conseqüências plenas dessa declaração. Primeiro, como podemos falar de verdade absoluta, se é que sempre temos uma percepção relativa dela? Se existe verdade absoluta, não seria teoricamente possível conhecê-la como tal? Segundo, porque embora pareça humildade, admitir o caráter sempre relativo da nossa percepção implica em admitir que ninguém tem a verdade, o que acaba com a possibilidade do certo e do errado, do verdadeiro e do falso como conceitos públicos, transformando cada indivíduo, ao final, no referencial último dessas coisas. Será que não poderíamos dizer que nós, mesmo enviesados por nossos pressupostos e preconceitos (horizontes), ainda somos capazes, em virtude na nossa humanidade básica compartilhada com as pessoas de todas as épocas – para não mencionar a graça comum e a ação do Espírito Santo –, de perceber a verdade da mesma forma que outras pessoas a perceberam em outros tempos e em outros lugares?

Aqui as palavras de Anthony Thiselton são pertinentes:

"O que será da ética cristã se adotarmos uma perspectiva relativista da natureza humana? Se a experiência da dor, do sofrimento e da cura no mundo antigo não tem qualquer continuidade com qualquer conceito moderno, o que poderemos dizer acerca do amor, auto-sacrifício, santidade, fé, pecado, rebelião, etc.? Ninguém num departamento de línguas clássicas, literatura ou filosofia de uma universidade aceitaria as implicações de um relativismo tão radical. Nada poderíamos aprender sobre a vida, o pensamento, ou ética, dos escritores que viveram em culturas antigas. Com certeza, nenhum estudioso, se pressionado com essas implicações, defenderia até o fim esse tipo de relativismo".[1]

4) Uma última dificuldade que desejo mencionar é que essa visão, se levada às últimas conseqüências, acaba nos privando da Bíblia. Vejamos. Quem defende essa visão (há exceções, eu sei) geralmente tem dificuldades em aceitar que as Escrituras do Antigo Testamento e Novo Testamento foram dadas por inspiração divina e são, portanto, infalíveis. Nessa lógica, as Escrituras são apenas a reflexão teológica de Israel e da Igreja cristã primitiva. Consideremos as cartas de Paulo. Elas são a teologia do apóstolo, resultado da aplicação que ele fazia das boas novas às situações novas das igrejas nascentes no mundo helênico. Para ser coerente, quem defende que toda teologia é relativa, imperfeita e subjetiva, e que é válida somente dentro dos limites da cultura e da geração em que foi produzida, não poderia aceitar para hoje a teologia de Paulo, a de Pedro, a de João, a de Isaías. Teria de rejeitar as Escrituras como um todo, pois elas são a teologia de Israel e da Igreja, elaboradas em uma época e em uma cultura completamente diferente da nossa.

Para dizer a verdade, há quem faça isso mesmo. Os antigos liberais faziam. Para eles, a Bíblia nada mais era que a teologia (ultrapassada) dos seus autores. O Cristianismo se reduzia a valores éticos e morais, que eram as únicas coisas permanentes nesse mundo. Eu admiro e respeito os antigos liberais. Os de hoje, precisariam assumir o discurso relativista e levá-lo às últimas conseqüências. Pode ser que não conseguiriam absolutamente nada com isso, como acho que não vão conseguir. Mas, pelo menos, teriam o meu respeito – se é que isso vale alguma coisa.

[1] THISELTON, Anthony C., The Two Horizons: New Testament Hermeneutics and Philosophical Description (Grand Rapids: Eerdmans, 1980).

Fonte: [ O Tempora, O Mores! ]

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Soberania divina e a responsabilidade humana, de novo

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Por Felipe Sabino

Certas discussões reaparecem continuamente no meio cristão. A suposta tensão entre a soberania divina e a responsabilidade humana é uma delas. Ouve-se com frequência que a soberania divina, conforme entendida pela teologia reformada — particularmente na questão da salvação, mas não limitada a ela — retira a responsabilidade humana. “Se Deus é soberano e decretou tudo o que há de acontecer, nos mínimos detalhes, então o homem não é responsável pelos seus atos”, é a conclusão quase sempre proferida.

O embaraçoso é que tal palavreado não é encontrado apenas nos lábios dos arminianos, mas inclusive em lábios calvinistas. A diferença é que, enquanto o arminiano apresenta o argumento como uma refutação ao entendimento calvinista da soberania divina, certos calvinistas afirmam que o dilema é um mistério.

“Já que o homem é responsável, então Deus não é soberano da forma como vocês entendem”, argumenta o arminiano. Por sua vez, o nosso calvinista diz que “Deus de fato é soberano, mas o homem é responsável pelos seus atos”. Até aqui tudo bem. Nada mais bíblico.

Mas o nosso calvinista completaria a sua explicação com algo mais ou menos assim: “Contudo, não sabemos como Deus pode ser soberano e ao mesmo tempo o homem ser responsável pelos seus atos. Isso é um mistério. Mas temos que aceitar essas duas verdades, pois estão claramente ensinadas na Escritura”.

Com certeza não negamos que a Bíblia ensina Deus ser soberano de maneira exaustiva e o homem responsável pelos seus atos. Essas são verdades bíblicas, ensinadas de Gênesis a Apocalipse. O que não entendemos é como essas verdades não podem ser harmonizadas. Em que sentido Deus ser soberano nega o homem ser responsável? Para que isso faça sentido, como muitos teólogos já observaram, é preciso assumir (sem justificativa, muito menos bíblica) a premissa que responsabilidade implica liberdade. Ou seja, a pessoa só pode ser responsável pelos seus atos se for livre.

Assim, a queixa do arminiano seria algo assim: “Mas se Deus é soberano de maneira exaustiva, então o homem não é livre. Como então ele pode ser responsável pelos seus atos, se é necessário ser livre para ser responsável?” Mas como já dissemos, a premissa responsabilidade implica liberdade é alheia às Escrituras. Em nenhum lugar a Bíblia afirma tal coisa. Logo, não existe tensão na questão da soberania divina e a responsabilidade humana.

Visto que muitos livros já foram escritos sobre o assunto, provando que não existe contradição, mistério ou paradoxo entre a doutrina bíblica da soberania divina e responsabilidade humana, contento-me em reafirmar o que já disse: a Bíblia não afirma que o homem precisa ser livre para ser responsável pelos seus atos. O homem é responsável porque Deus o considera responsável. Ele é o Criador e Governador de todo o universo. A Ele todos devem prestar contas de suas ações. Ponto.

O que pretendo provar aqui então? Nada! Apenas chamar a atenção do leitor para uma grande ironia, quase sempre presente nessas discussões sobre “mistérios” na Escritura. Vejamos então:

Dada a verdade da soberania divina, o homem não é livre. Ou seja, ele não é livre em relação a Deus. A mão soberana e poderosa de Deus é quem determina todos os seus passos, pensamentos e situações. É considerando essa falta de liberdade que inúmeros teólogos fazem malabarismos para tentar explicar (ou não explicar) o “mistério”. Nenhuma ironia aqui.

Contudo, há outro sentido no qual o homem não é livre. A Bíblia ensina que após a Queda todo homem nasce em pecado. Ele não somente nasce em pecado, mas nasce escravo do pecado. Ele não é pecador porque peca, mas peca porque é pecador. Tamanha é a escravidão do homem que ele não pode fazer outra coisa senão pecar. Resumindo: o homem não é livre para não pecar. Ele não possui a posse non peccare, que somente o homem Adão possuiu.

Essa é uma verdade que todo crente reformado aceita. É possível encontrar inúmeras explicações dessa doutrina (bem mais elaboradas, é claro) em teólogos reformados de todas as épocas e nações.

Dito isso, eis a minha pergunta: onde está o mistério? Ou melhor, por que ninguém nunca viu um mistério aqui? Eu já li (talvez) milhares de livros e comentários, e NUNCA vi sequer uma menção do paradoxo entre o homem ser escravo do pecado e ao mesmo tempo responsável pelos seus atos. Nenhuma!

Ora, mesmo o homem convertido, regenerado pelo Espírito Santo e salvo por Cristo ainda peca e em certo sentido é “escravo” do pecado. Com certeza ele não é escravo como o incrédulo, mas o é no sentido de que nunca vai deixar de pecar enquanto peregrinar nesta terra. Só Cristo viveu uma vida sem pecado! Seria então o homem convertido alguém não responsável pelos seus atos?

Mas voltemos ao incrédulo. Por que a omissão do mistério entre os teólogos que são tão ávidos em achar mistério na questão da soberania divina e a responsabilidade humana? Seria por medo dos resultados práticos? Imagine a seguinte conversa evangelística:

“Caro amigo, a Bíblia diz que você é um pecador. Não somente isso, mas ela diz que você é escravo do pecado. Você não é livre para não pecar. Se não se arrepender e crer no Evangelho, você será condenado ao inferno. Contudo, eu não sei como Deus vai te considerar responsável pelos seus atos se você não é livre. É um mistério. Não posso explicar, mas cabe a você aceitar as duas verdades.”

Todavia, não creio que a omissão seja por esse motivo. Ela não parece ser deliberada. A minha suposição é a seguinte: não estamos tratando de predestinação, soberania ou decreto. Esses são temas que sofrem preconceitos, mesmo por aqueles que deveriam defendê-los. São resquícios de arminianismo que insistem em permanecer. Esse arminianismo residente faz com que tais pessoas façam uso de dois pesos e duas medidas ao lidar com as diversas doutrinas bíblicas.

Se a resolução de um problema envolver algo sobre predestinação, soberania e decreto, recorramos ao mistério sem hesitação. Caso contrário, não percamos tempo tentando encontrar mistério onde não existe. Sim, sequer mencionemos a tensão.

De um lado, soberania divina e responsabilidade humana. Do outro, escravidão do pecado e responsabilidade humana. Por que lidar de maneira tão diferente com questões que envolvem a relação entre liberdade e responsabilidade humana?

Uma ironia!

Fonte: [ Monergismo ]
Via: [ Ministerio Batista Bereia ]

Distorcendo a Missão da Igreja

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Por John MacArthur

Em nossos dias, o mundanismo raramente é mencionado e, menos ainda, identificado com aquilo que ele realmente é. A própria palavra começa a soar como algo antiquado. Mundanismo é o pecado de permitir que os apetites, as ambições ou a conduta de alguém sejam moldados de acordo com os valores do mundo. "Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; mas aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente" (1 Jo 2.16,17).

Apesar disso, nos dias de hoje, presenciamos extraordinário espetáculo de programas de igreja elaborados explicitamente com o objetivo de satisfazer os desejos carnais, os apetites sensuais e o orgulho humano — "a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida". E, para satisfazerem esse apelo mundano, as atividades das igrejas vão além do que é meramente frívolo. Durante vários anos, um colega meu vem formando o que ele chamou de "arquivo de horror" — recortes falando de igrejas que estão lançando mão de inovações, a fim de evitar que seus cultos de adoração se tornem monótonos. Nos últimos cinco anos, algumas das maiores igrejas dos Estados Unidos têm se utilizado de recursos mundanos, tais como comédia "pastelão", peças cómicas entremeadas de música, exibições de luta livre e até mesmo imitações de strip-tease, para tornar um pouco mais atrativas suas reuniões dominicais. Nem um tipo de grosseria, ao que tudo indica, é ultrajante o suficiente para não ser trazida para dentro do santuário. O entretenimento está rapidamente se tornando a liturgia da igreja pragmática.

Além do mais, muitos na igreja crêem que essa é a única forma pela qual haveremos de alcançar o mundo. Por isso, dizem-nos que, se as multidões de pessoas que não frequentam as igrejas não querem ouvir pregações bíblicas, devemos dar-lhes aquilo que desejam. Centenas de igrejas têm seguido à risca essa teoria, chegando a pesquisar os incrédulos a fim de saber o que é preciso para que estes passem a frequentá-las.

Sutilmente, em vez de uma vida transformada, é a aceitação por parte do mundo e a quantidade de pessoas presentes aos cultos o que vem se tornando o alvo maior da igreja contemporânea. Pregar a Palavra e confrontar ousadamente o pecado são vistos como coisas antiquadas, meios ineficazes de se alcançar o mundo. Afinal de contas, não são essas coisas que afastam a maioria das pessoas? Por que não atraí-las para a igreja, oferecendo-lhes o que desejam, criando um ambiente confortável e amigável, nutrindo-lhes os desejos que constituem seus impulsos mais fortes? É como se, de alguma forma, conseguíssemos que elas aceitassem a Cristo, tornando-O, de algum modo, mais agradável ou tornando a mensagem dEle menos ofensiva.

Essa maneira de pensar distorce por completo a missão da igreja.

A Grande Comissão não é um manifesto de marketing. O evangelismo não requer vendedores, e, sim, profetas. É a Palavra de Deus, e não qualquer sedução mundana, que planta a semente que produz o novo nascimento (1 Pe 1.23). Nada ganharemos, senão o desprazer de Deus, se procurarmos remover o escândalo da cruz (Gl 5.ll).


Fonte: [ Josemar Bessa ]
Via: [ Ministério Batista Bereia ]

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