O cristianismo pós-moderno - 1/2

.

Por Gene Edward Veith, Jr.


De muitas maneiras, a igreja não pode deixar de ser apanhada nas mudanças pós-modernas. Já vimos o quanto é altamente segmentada a sociedade pós-moderna, com diferentes grupos se fragmentando em suas próprias subculturas. O exemplo mais claro desse fenômeno pode estar na própria área dos conservadores. 

Os crentes hoje têm suas próprias escolas, suas próprias faculdades, suas próprias livrarias, sua própria indústria do entretenimento e sua própria mídia. Os pós-modernistas reivindicam que, como não pode haver um consenso universal, as pessoas que compartilham uma mesma linguagem e visão de mundo devem formar suas próprias comunidades auto-suficientes. E isso está realmente acontecendo no cristianismo contemporâneo. Os crentes que denunciam a subcultura cristã devem reconhecer que a alternativa poderá ser a extinção cultural. O cristianismo foi excomungado da cultura geral—sistematicamente excluído das escolas, do estabelecimento intelectual e da mídia. O estabelecimento de escolas, editoras, grupos de artes, radiodifusoras, empresas, etc. poderá ser uma das grandes realizações da igreja do século vinte e um. À medida que as pressões pós-modernistas se intensificam, ter instituições na direção oposta já colocadas poderá provar ser de valor incalculável para que os crentes possam apresentar uma resistência eficaz.


Os cristãos deverão aproveitar estas suas bases para incursões na cultura geral e para exercerem sua influência em todos os níveis. Certamente devem resistir à tentação de permanecer na segurança do “gueto cristão”. Contudo, poderão se ver aceitos só até certo ponto. Geralmente as pessoas não escolhem viver num gueto. Os guetos judeus e de negros eram meios de exclusão, e os crentes podem esperar ser excluídos de um mundo cada vez mais sem Deus. Os judeus do gueto de Varsóvia e os pretos de Harlem dos anos 20 foram barrados da corrente geral, mas isso não os impediu de ter uma vida cultural própria, vibrante e rica. Os crentes poderão aspirar o mesmo.


O problema não é os cristãos terem suas próprias instituições paralelas, mas que essas instituições costumam às vezes ser tão semelhantes às seculares. Surpreende a freqüência com que a mentalidade cultivada pela subcultura evangélica se assemelha à do pós-modernismo secular.


A rejeição pós-modernista da objetividade permeia a igreja evangélica. “Temos uma geração menos interessada em argumentos cerebrais, pensamento linear, sistemas teológicos”, observa Leith Anderson, “e mais interessada em encontros com o sobrenatural”.[116] Em consequência, as pessoas que vão à igreja funcionam num paradigma diferente de espiritualidade. “O velho paradigma ensinava que se você tivesse o ensino, a doutrina certa, você teria experiência de Deus. O novo paradigma diz que se você tiver a experiência de Deus, você terá a doutrina certa”.[117] Não só fica a doutrina objetiva minimizada em favor de uma experiência subjetiva; a experiência realmente se torna o critério para se avaliar a doutrina. 

Anderson, pastor de uma megaigreja e consultor de crescimento de igrejas, diz que os pastores precisarão de lidar cada vez mais com pessoas como o jovem que vimos antes que diz que crê na inerrância da Escritura, na teologia reformada, e na reencarnação. Dizer-lhe que crer na reencarnação é incoerente com crer na Bíblia poderá não lhe dizer quase nada. A nova geração (o pastor poderia ter dito a geração pós-modernista) simplesmente não raciocina em termos sistemáticos. O jovem gosta da Bíblia, de João Calvino, e de Shirley MacLaine. Cada um destes faz sentido para ele. Consegue conviver com as contradições.[118]

Essa tendência de deixar para o segundo plano a doutrina e o pensamento objetivo ajuda a explicar porque 53 por cento dos crentes evangélicos conseguem acreditar que não existem absolutos (comparado aos 66 por cento dos americanos em geral).[119] É claro que a tradição evangélica sempre cultivou as emoções e enfatizou uma religião experiencial, em oposição a mero “conhecimento mental”. Essa abertura a sentimentos pessoais e experiência constitui um ponto de contato com o pós-modernismo, que já foi adiante exagerando o papel da subjetividade até um ponto além de qualquer coisa que pudesse ser reconhecida por um “evangélico quente” do século dezenove.

De modo similar, os evangélicos vêm mostrando a tendência de enfatizar o papel da escolha na salvação. As pessoas são instigadas a fazer uma “decisão por Cristo”, um compromisso sempre descrito como função da vontade humana. Essa terminologia coaduna bem com a mentalidade pós-modernista, que entende religião e moralidade em termos de opção, não de verdade.

Quando os evangélicos se aprofundam em sua própria rica herança teológica, entretanto, encontram mais substância nessa “teologia da decisão” do que haviam percebido. Para Lutero, Calvino, Santo Agostinho e muitos outros teólogos bíblicos, a vontade humana está em servidão ao pecado, de maneira que nossas escolhas nos afastam de Deus. Na salvação nós não escolhemos Deus; ele nos escolhe. Não somos salvos por nossa vontade, mas pela graça de Deus que transforma nossa vontade pecaminosa pelo poder do Espírito Santo. Então, e somente então, é que se pode dizer que temos a liberdade da vontade e somos capacitados a “escolher Cristo”. Mesmo teólogos, tais como Armínio, Wesley e Aquinas, que criam que a vontade humana é livre e precisa cooperar no processo da salvação, não viam a salvação como pura opção autônoma.

O evangelicalismo, tendo talvez negligenciado sua teologia, parece atraente aos pós-modernistas, portanto, pelo seu emocionalismo quente e sua exaltação da escolha. Outras práticas que os evangélicos têm seguido durante anos (como estudos bíblicos e grupos de oração) de repente encontraram nova ressonância nos meios pós-modernistas (com seu gosto por grupos de apoio e o cultivo da identidade do grupo). Mas, embora as tradições do evangelicalismo possam ser boas maneiras de atrair os pós-modernistas para evangelizá-los, por vezes a conversão tem tomado a direção contrária.

Já vimos como o pós-modernismo é aberto à cultura popular e à franca comercialização. A arte, a política e as idéias—desligadas da realidade objetiva—são todas colocadas de modo a satisfazer o gosto do consumidor. A retórica e marketing em massa substituem a persuasão racional. O pós-modernismo incentiva a mentalidade de consumidor, sempre voltada para o que as pessoas apreciam e querem. Isso se extrapola à religião, como vimos. Quando a verdade deixa de ser fator, a pessoa escolhe sua religião como qualquer outro produto—eu gosto? Isso me dá o que quero?

Charles Colson conta o caso de uma igreja evangélica que decidiu que precisava crescer em número de membros. Primeiro o pastor encomendou uma pesquisa de mercado. Descobriu que muitas pessoas tinham uma restrição à palavra “Batista”. A igreja mudou de nome. A pesquisa mostrou que as pessoas queriam mais acesso, e por isso a igreja construiu outro prédio perto da rodovia. Essa tinha tetos com vigas aparentes, lareiras de pedra, e era sem cruzes ou outros símbolos religiosos que pudessem causar desconforto às pessoas. Então o pastor decidiu parar de usar linguagem teológica. “Se usarmos as palavras redimir ou converter vão pensar que estamos falando em títulos financeiros” Parou de pregar sobre inferno e maldição eterna e passou a tópicos mais positivos. E a igreja cresceu, cresceu muito. “Reina o espírito de colocar as pessoas acima da doutrina” falou efusivamente um membro. “A igreja aceita totalmente as pessoas como são, sem qualquer espécie de faça e não faça”.[120] Abandonando assim sua doutrina e sua autoridade moral, e ajustando seu ensino às exigências do mercado, a igreja embarcou numa peregrinação ao pós-modernismo. 

Em lugar da pregação que conduz à convicção do pecado e à salvação através da cruz de Jesus Cristo, as igrejas pregam a mensagem do “sinta-se bem” que visa consolar e alegrar as pessoas. Há quem descreva a cultura pós-modernista como uma “cultura terapeuta”, na qual o sentimento de bem-estar social, e não a verdade, é o valor controlador.[121] A igreja dos nossos dias também enfrenta a tentação de substituir pela teologia a terapia.

Visto como o pensamento pós-moderno se impacienta com as crenças espirituais transcendentes, o enfoque muda para o aqui e agora, para o que se sente e se toca. As pessoas têm pouco interesse no céu; querem a saúde e a prosperidade já. Como os pós-modernistas são orientados ao poder, serão atraídos a igrejas de poder que prometem milagres para resolver todos os problemas, força política, crescimento geométrico nos números, e um sucesso atrás do outro.[122] (Lutero estava pensando em algo semelhante quando contrastou a “teologia da glória” baseada no poder e orgulho, com a “teologia da cruz” baseada em nossa própria humilhação e o sofrimento de Jesus Cristo).[123]

Colson critica severamente as teologias da “religião do relax” e a capitulação à cultura popular do “McIgreja”. O consumismo na igreja, ele afirma, “dilui a mensagem, altera o caráter da igreja, perverte o evangelho, e desfaz a autoridade da igreja”.[124]

Ainda mais sério do que o consumismo da igreja (embora geralmente o acompanhe), a própria teologia evangélica em alguns lugares tem se rendido à ideologia pós-modernista. Essa nova teologia, conforme desenvolvida por teólogos acadêmicos e conforme evidenciada em inúmeras livrarias e púlpitos evangélicos, já foi descrita como uma megamudança que se desvia do protestantismo clássico para um entendimento completamente diferente (e essencialmente pós-modernista) do evangelho.[125]

A teologia da megamudança tenta amaciar as arestas duras da ortodoxia bíblica e acomodar os valores e mentalidade da sociedade contemporânea. Michael Horton explica a nova teologia através de uma série de contrastes:

Onde o cristianismo clássico frisa a transcendência de Deus e sua imutabilidde, onipotência e onisciência, o novo modelo frisa a imanência de Deus, que é dinâmico, é capaz de alteração, e está em parceria com sua criação. O cristianismo clássico vê toda a raça humana como implicada na Queda de Adão. Sendo assim, somos todos corrompidos e condenados. O pecado é uma condição. Mas o novo modelo nega a queda universal. Não somos culpados pelo pecado de Adão, exceto na medida em que seguimos o mau exemplo moral de Adão. O pecado é um ato.
O cristianismo clássico ensina que nosso problema é nossa condenação, que todos nos achamos debaixo da ira de Deus. O novo modelo ensina que nosso problema é essencialmente a ignorância—não sabemos o quanto Deus nos ama.
O cristianismo clássico nos ensina que não há salvação à parte da fé na obra expiatória de Jesus Cristo. O novo modelo ensina que muitos são salvos à parte da fé em Cristo, que o Espírito Santo pode trazer salvação mesmo a pessoas que não conhecem Cristo, o qual é apresentado menos como nosso sacrifício do que como nosso exemplo.
O cristianismo clássico ensina que nosso estado eterno é a imortalidade ou no céu ou no inferno. O novo modelo ensina que os maus são aniquilados, mas que a não ser isso, o céu estará aberto para todos.[126]

O novo modelo reflete diversos princípios pós-modernistas: pouca atenção a absolutos; falta de confiança em transcendência; preferência por “mudança dinâmica” sobre “verdade estática; o desejo de pluralismo religioso para que pessoas de outras culturas e religiões sejam salvas; atenção restrita à idéia da autoridade de Deus sobre nós; o espírito de tolerância, sentimentos calorosos, e a psicologia pop. Apesar de todos seus pensamentos bonitos, porém, a teologia da megamudança é uma facada que atinge a raiz de qualquer fé que se possa chamar de evangélica—a boa nova que Jesus Cristo morreu sobre a cruz para expiar a culpa de nossos pecados e oferecer-nos o dom gratuito da salvação. O próprio evangelho está em perigo.

Os teólogos dessa megamudança entendem a morte de Cristo na cruz como sendo a forma que Deus usou para nos mostrar o quanto nos ama. Por essa ótica, Cristo não expia nossos pecados, visto que nossos pecados nada mais são do que nossos atos individuais. Jesus não é nosso sacrifício; ao contrário, ele é nosso exemplo. Ele mostra como devemos amar uns aos outros. Sua morte na cruz nos faz ter pena dele, e quando reconhecemos o quanto ele sofreu, isso nos faz sentir o amor de Deus. Motiva-nos a mudar nossa vida e amar os outros.

O evangelismo, conforme esse modelo, não compreende proclamar o juízo de Deus contra os pecadores e sua oferta graciosa da salvação pela fé em Jesus Cristo. Pelo contrário, o evangelismo simplesmente instrui as pessoas sobre o quanto Deus as ama. Deus realmente não quer castigar ninguém; ele quer que todos se sintam bem sobre si mesmos, que vivam uma vida plena e sejam felizes. Aqueles que se afastam de Deus irão perder toda essa vida abundante, embora o Espírito Santo possa bem trazê-los ao Céu mesmo se nunca tiverem conhecido a Cristo.

Embora essa teologia transforme Deus num terapeuta caloroso e indistinto, é essencialmente um ensino de moralismo e desespero, enfocado em obras humanas. Seu otimismo facilitado não dá consolo a almas atormentadas e não inclui nenhuma provisão eficaz para o perdão do pecado. “Pois se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão!” insiste o livro de Gálatas (2:21), o qual avisa solenemente contra tentar agradar os homens criando algum outro evangelho (1:6-10).

Michael Horton, crítico penetrante dessa teologia pseudo-evangélica, elucidou bem essa inversão centrada no humano:

Antes, Deus existia para sua própria felicidade, mas o novo deus existe para a nossa. Em lugar de pecadores terem que ser justificados diante de um deus bom e santo, nós mesmos somos agora os bons que exigimos que Deus se justifique diante de nós. Por que deveríamos acreditar nele? Como crer nele me fará mais feliz e mais realizado do que crer em Karma ou no mais recente carro de trio elétrico ideológico?[127]

É simplesmente grotesca a arrogância e superficialidade daqueles que desejariam se chegar diante de Deus exigindo satisfação ao consumidor, tratando o Santo de Israel como se ele fosse uma mera escolha dentre muitas opções.

Horton olha de frente o fato de que a revelação de Deus poderá não ser aquilo que queremos ou gostamos:

Vejamos. Há muita coisa que encontramos na Bíblia de que não gostamos nem um pouquinho. Há muito na mensagem cristã que nos ofende. Deus deve existir para cuidar que eu receba o que quero; para que eu seja feliz. O papel da cruz é mostrar às pessoas o quanto Deus nos ama e quer que imitemos o amor e compaixão de Cristo. Está lá para levantar nossa estima própria e mostrar o quanto nós valemos. Mas como o inferno pode fazer as pessoas felizes? Como pode reformar as pessoas? É que justamente nesses nossos dias, parece que não estamos fazendo as perguntas que a Bíblia responde.
Segundo a Escritura a pergunta universal não é “Como posso eu ser feliz?” e sim “Como posso eu ser salvo?[128]

 [Continua nos próximos dias...]

____________
Notas:
[112] George Gallup, Jr., and Robert Bezilla, "U.S. Religious Composition Changes; Fervor Constant", Princeton Religion Research Center (1993), Religious News Service, em Reporter: News for Church Leaders, agosto 1993, 16. As estatísticas sobre americanos que afirmam ser cristãos são extraídas de uma pesquisa da Gallup citada por Charles Colson, The Body (Dallas: Word Publishing, 1992), 46.
[113] George Barna, The Barna Report: What Americans Believe (Ventura CA: Regal, 1991), 292-294. 3. Bill Hall, "Is the Church Growth Movement ReallyWorking?" em Power Religion: The Selling Out of the Evangelical Church, ed. Michael Horton (Chicago: Moody Press, 1992), 142-143.
[114] Ver a discussão de Colson sobre esse ponto, The Body, 31.
[115] Leith Anderson, A Church for the Twenty-First Century (Minneapolis: Bethany House, 1992), 20.
[116] Idem, 21.
[117] Leith Anderson deu esse exemplo numa oficina, "Facing the Future", na convenção da Evangelical Press Association, 12 maio 1993, St. Paul, MN.
[118] Barna, Barna Report, 83-85, 292-294.
[119] Colson, The Body, 43-44.
[120] Ver Roger Lundin, The Culture of Interpretation: Christian Faith and the Postmodern World (Grand Rapids,MI: Eerdmans, 1993), 5-6.
[121] Sobre as várias manifestações da mentalidade de poder na igreja, ver Michael Horton, ed., Power Religion: The Selling Out of the Evangelical Church (Chicago: Moody Press, 1992).
[122] Ver, por exemplo, Alister E. McGrath, Luther's Theology of the Cross (Oxford: Basil Blackwell, 1985).
[123] Colson, The Body, 44-47. O termo "hot-tub religion" vem de J. I. Packer.
[124] Ver Robert Brow, "The Evangelical Megashift", Christianity Today, 19 fevereiro 1990, 12-14.
[125] "Theology at a Glance", Modern Reformation, janeiro/fevereiro 1993, 33.
[126] Michael S. Horton, "How Wide Is God's Mercy" Modern Reformation, janeiro/fevereiro 1993, 8.
[127] Michael S. Horton, "What is theMegashift?" Modern Reformation, janeiro/fevereiro 1993, 1.
[128] Ernest Gellner, Postmodernism, Reason and Religion (London: Routledge, 1992), 96.

***
.

A santificação é Monergística ou Sinergista? Uma análise reformada

.

Por Kevin DeYoung


Os termos monergismo e sinergismo se referem à obra de Deus na regeneração. Monergismo ensina que nós nascemos de novo somente através da obra de um (a palavra mono tem origem no grego e significa ‘um’, erg vem do grego e significa trabalho’). Sinergismo ensina que nós nascemos de novo através da cooperação humana com a graça de Deus (o prefixo sin vem do grego e significa “com”). Os reformadores se opuseram fortemente contra todo o conceito sinergístico para o novo nascimento. Eles acreditavam que dada a morte espiritual, a falha moral do homem, nossa regeneração é devido inteiramente a soberana obra de Deus. Nós não cooperamos e não contribuímos para nosso novo nascimento. Três vivas para o monergismo!

Mas o que nós deveríamos dizer sobre a santificação? Por um lado, cristãos reformados detestam a palavra sinergismo. Não queremos de maneira alguma sugerir que a graça de Deus é de algum modo desprezível na santificação. Nem queremos sugerir que o duro trabalho de crescimento em piedade não é um dom sobrenatural de Deus. Por outro lado, estamos em um terreno perigoso se afirmarmos que somos passivos na santificação da mesma forma que somos passivos na regeneração. Não queremos sugerir que Deus é o único agente ativo em nossa progressiva santificação. Então a questão é: A santificação é monergística ou sinergística?

Eu acho que é melhor ficar longe de ambos os termos. A distinção é muito útil (e muito importante) quando falamos acerca da regeneração, mas esses termos teológicos restritos confundem quando se fala acerca da santificação. Sinergismo soa como um palavrão para os reformados, então ninguém quer dizer isso. E ainda, monergismo também não é uma palavra adequada. Para transformá-la em uma palavra conveniente, nós temos que providenciar uma definição diferente da qual nós damos quando discutimos acerca do novo nascimento. O que significa dizer que regeneração e santificação são ambos monergísticos se nós estamos inteiramente passivos em um e ativos em outro?

Aqueles que dizem que santificação é monergística querem proteger a graça, a natureza sobrenatural da santificação. Aqueles que dizem que a ela é sinergística, querem enfatizar que devemos cooperar ativamente com a graça. Esses exemplos estão ambos corretos. Eu acredito ainda que é melhor defender esses dois pontos com uma cuidadosa explicação do que com termos que normalmente tem sido usados em polêmicas teológicas. Santificação é, ao mesmo tempo, um dom gracioso de Deus, e requer nossa ativa cooperação. Eu tentei mostrar em artigos anteriores que essas duas verdades são bíblicas. Nesse artigo eu quero mostrar que essas duas verdades são também notavelmente reformadas.

Deixe me dar alguns breves exemplos:

João Calvino (1509-64)

No Comentário de 2 Pedro 1:5 (“E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé…”), Calvino diz:

Visto que isso é um grande e árduo trabalho, eliminar a corrupção que há em nós, ele nos ordena a atacar e fazer todo o esforço possível para atingir esse propósito. Ele intima que não se deve dar lugar à preguiça, e que nós devemos obedecer ao chamado de Deus não brandamente ou descuidadosamente, mas que haja necessidade de diligência; conforme ele disse: “Empenhe todos os esforços, e faça seu zelo ser manifestado a todos.

Para Calvino, crescer em piedade é um trabalho difícil. Não há lugar para preguiça. Nós devemos nos esforçar para  obedecer com rapidez e diligência. O crente não é nada passivo na santificação.


Mas depois, enquanto comentava no mesmo verso, Calvino também adverte contra “o delírio” de que nós tornamos os movimentos de Deus eficazes, como se a obra de Deus não pudesse ser feita a menos que nós O permitíssemos fazer. Pelo contrário, “desejos santos são criados em nós por Deus, e são reproduzidos por Ele eficazmente.” Na verdade, “todo nosso progresso e perseverança provém de Deus.” Sabedoria, amor, paciência – todos eles são “dons de Deus e do Espírito”. Então, quando Pedro nos diz para empregar toda nossa diligência, “ele não está querendo dizer que [essas virtudes] são realizadas pelos nossos próprios esforços, mas somente mostra que devemos ter e que deve ser feito.

Francisco Turretini (1623-87)

Turretini emprega santificação como um termo teológico “usado estritamente para uma real e interna renovação do homem.” Nessa renovação, nós somos tanto receptores da graça de Deus quanto atores ativos dela.

[Santificação] segue a justificação e se inicia pela regeneração e é promovida pelo exercício da santidade e das boas obras, até que uma seja consumada na outra pela glória. Nesse sentido, ela é passiva, na medida em que é operada por Deus em nós, e em outro sentido é ativa, na medida em que deve ser feito por nós. Deus realiza seu trabalho em nós e através de nós. (Institutes of Elenctic Theology 2.17.1)

Quando se trata da graça de Deus na regeneração, Turrentini se opõe a “todos os sinergistas”. Ele tem em mente os Socinianos, Remonstrantes, Pelagianos, Semipelagianos, e especialmente os Católicos Romanos, que anatematizaram: “Eles dizem que o livre arbítrio do homem, movido e estimulado por Deus, coopera de alguma forma” no chamado eficaz (Concílio de Trento). Turrentini foi feliz em ser o tipo de monergista que foi contra Trento. Entretanto, ele faz um esclarecimento:

Esse assunto não diz respeito ao segundo estágio da conversão, em que é certo que o homem não é meramente passivo, mas coopera com Deus (ou melhor, opera em submissão a Ele). Na verdade, ele realmente acredita e se converte a Deus; se move ao exercício da nova vida. Antes, essa questão diz respeito ao primeiro momento quando ele é convertido e recebe nova vida na regeneração. Nós afirmamos que ele é meramente passivo nesse caso, como um sujeito que recebe e não como um princípio ativo (2.15.5).

Dada essa ressalva, é difícil pensar que Turrentini se sentisse confortável em dizer que santificação é monergística, embora ele certamente acreditasse que a santidade é trabalhada no crente por Deus.

Wilhelmus A Brakel (1635-1711)

Semelhantemente a Turrentini e Calvino, A Brakel deixa claro que a santificação é um trabalho de Deus. Somente Deus é sua causa” ele escreve: “Assim como o homem não pode contribuir para sua regeneração, fé e justificação, da mesma forma não pode contribuir para sua santificação” (The Christian’s Reasonable Service, 3.4). Isso pode soar como se fôssemos completamente passivos na santidade, mas não é o que A Brakel quer dizer:

Crentes odeiam o pecado, amam a Deus, e são obedientes, e fazem boas obras. Entretanto, eles não fazem isso por conta própria nem independentemente de Deus; antes, o Espírito Santo, tendo infundido vida neles na regeneração, Ele mantém essa vida pela Sua contínua influência, despertando, ativando e fazendo com que ela funcione em harmonia com sua natureza espiritual. (3.4)

Nós não contribuímos em nada para santificação, e o crescimento em piedade é um dom de Deus. No entanto, nós devemos ser ativos no exercício desse dom. A Brakel vai ainda além quando diz: “Homem, sendo assim movido pela influência do Espírito de Deus, age, santifica a si mesmo, se compromete na atividade a qual sua nova natureza deseja e na direção que ela está disposta, e faz o que ele sabe que é seu dever” (3.4, grifo do autor). É por isso que A Brakel depois exorta seus leitores a “fazer um diligente esforço para se purificar de toda contaminação da carne e da mente, aperfeiçoando sua santificação no temor a Deus. Permita me despertá-lo para a obra santa; incline seu ouvido e permita que essas exortações endereçadas a você entrem seu coração” (3.24). Então em um certo sentido (no nível da causa e da origem) nós não contribuímos em nada para santificação e em outro sentido (no nível da atividade e esforço) nós santificamos a nós mesmos.

Charles Hodge (1797-1878)

Nós achamos os mesmos temas – santificação como um dom e santificação como uma ativa cooperação – em um grande sistematizador de Princeton. Hodge enfatiza que a santificação é “sobrenatural” e que as santas virtudes na vida de um crente não podem “ser produzidas pelo poder da sua vontade”, ou por todos os recursos do homem, embora possam ser prolongadas no seu exercício. Elas são presentes de Deus, fruto do Espírito” (Systematic Theology, 3.215).

Entretanto, Hodge é rápido em acrescentar que essa obra sobrenatural da santificação não exclui “a cooperação como causa secundária” Ele explica:

Quando Cristo abriu os olhos dos cegos, nenhuma causa secundária se interpôs entre sua vontade e o efeito. Mas os homens desenvolvem sua própria salvação, enquanto Deus trabalha neles o querer e o fazer, de acordo com Sua própria vontade. No trabalho da regeneração, a alma é passiva. Ela não pode cooperar. Mas na conversão, o arrependimento, a fé, e o crescimento em graça, todos seus poderes são chamados a entrar em exercício. Quando, porém, os efeitos produzidos superam a eficiência de nossa natureza caída, isso se deve a atividade do Espírito, e a santificação não deixa de ser sobrenatural, ou uma obra da graça, porque a alma é ativa e coopera no processo (3.215).

Há muitas idéias importantes no resumo do Hodge. Primeiro, ele afirma que a santificação é uma obra da graça sobrenatural. Isso não é algo que vem de nós ou poderia ser efetuado por nós. Segundo, ele sugere que a alma é passiva (monergismo) na regeneração, mas não no restante de nossa vida espiritual (nota: “conversão” nesse trecho significa seguir Cristo, não se refere ao novo nascimento). Terceiro, ele não hesita em usar a linguagem da cooperação. Nós somos ativos no processo de santificação com Cristo enquanto Ele trabalha em nós.


Herman Bavinck (1854-1921)

Mais do que Hodge, e da mesma forma que Calvino, Bavinck enfatiza a natureza “em Cristo” da santificação. Ele quer que vejamos que não somos “santificados pelo que realizamos por nós mesmos”. Antes, a santificação evangélica “consiste na realidade de que, em Cristo, Deus também nos garante, junto com justiça, plena santificação, e não apenas atribui, mas também nos concede pela obra regeneradora e renovadora do Espírito Santo até que nós tenhamos sido completamente conformados à imagem de seu Filho” (Reformed Dogmatics, 4.248). Bavinck continua ao dizer que a doutrina romana da “justiça imputada” não está incorreta como tal. Os Crentes “realmente obtém a justiça de Cristo por imputação”. O problema é que Roma faz dessa justiça, um motivo para o perdão. A nós é dado o dom da justiça ( por Cristo “vindo habitar em nós pelo Espírito Santo e nos renovar a Sua imagem”), mas nós somos declarados justos somente pelo dom da justiça imputada (4.249).

Santificação, para Bavinck, é antes de tudo o que Deus faz em e por nós. Mas isso não é tudo que devemos dizer acerca da santificação:

É admitido, em primeiro lugar que [santificação] é uma obra e dom de Deus (Fp 1:5; 1Tess 5:23); um processo no qual se inicia na regeneração. Embora essa obra seja estabelecida nos homens, ela alcança, em segundo lugar, um sentido ativo, e as próprias pessoas são chamadas e capacitadas a santificar a si mesmas e a devotarem completamente suas vidas a Deus. (Rom. 12:1; 2 Cor. 7:1; 1 Tess. 4:3; Heb. 12:14; e assim por diante). (4.253)

Enquanto Bavinck pode estar mais decidido a enfatizar a natureza passiva da santificação do que usar a linguagem de cooperação, no final ele ataca os mesmos tópicos que nós vimos em Calvino, Turrentini, A Brakel, e Hodge. Bavinck não vê conflito “entre essa atividade de Deus realizada em graça e a busca da santificação pelos cristãos” (4.254). Ele exorta que os cristãos perdem o foco quando não conseguem conciliar esses dois significados. Santificação é um dom de Deus, e nós somos ativos nesse dom.

Louis Berkhof (1873-1857)

Nós percebemos em Berkhof a mesma tendência de se resguardar contra qualquer ideia de auto-ajuda por um lado e a inatividade humana por outro.

[Santificação] é uma obra sobrenatural de Deus. Alguns tem a ideia equivocada de que santificação consiste apenas no alongamento da nova vida, inserida na alma pela regeneração, apresentando motivos convincentes para o desejo. Mas isso não é verdade. Isso consiste fundamentalmente e principalmente em uma divina operação na alma, por meio da qual, uma santa disposição é originada na regeneração e fortalecida e as boas obras são aperfeiçoadas. (Systematic Theology, 532).

Em outras palavras, santificação é essencialmente uma obra de Deus. Embora seja também “uma obra no qual crentes cooperam.” Quando é dito que o homem participa na obra da santificação, isso não significa que o homem seja um agente independente nesse esforço, de forma que parte seria trabalho de Deus e parte do homem, mas significa apenas que Deus efetua a obra através do homem como um ser racional, requerendo dele uma cooperação piedosa e inteligente com o Espírito. (534)

Conclusão

Então o que vemos nessa breve análise de teólogos reformados. Para começar, não vimos exatamente as palavras monergismo ou sinergismo aplicada à santificação. Em segundo lugar, percebemos que, dadas certas restrições, cada termo pode ser usado com mérito.

“Monergismo” pode funcionar porque santificação é um dom de Deus, Sua obra sobrenatural atuando em nós.

“Sinergismo” também pode, pois nós cooperamos com Deus na santificação e ativamente nós esforçamos para crescer em piedade.

Em terceiro lugar, vemos nessa análise reformada a necessidade de sermos cautelosos com nossas palavras. Por exemplo, “passivo” pode descrever nosso papel na santificação, mas somente se nós também dissermos que há um sentido no qual somos ativos. Do mesmo modo, nós podemos usar a linguagem da cooperação desde que entendamos que santificação não depende fundamentalmente de nós. E se tudo isso parece confuso, você pode simplesmente dizer: nós desenvolvemos nossa santificação assim como Deus trabalha em nós (Fp 2:12-13). Essa são duas verdades que devemos proteger: o dom de Deus na santificação e a atividade do homem. Nós buscamos o dom, é como John Webster coloca. Eu atuo o milagre, é uma frase de Piper. Ambos estão dizendo a mesma coisa. Deus nos santifica e nós também santificamos a nós mesmos. Com certas restrições e definições, eu creio que Calvino, Turrentini, A Brakel, Hodge, Bavinck, e Berkhof concordariam plenamente.

***
Fonte: The Gospel Coalition
Tradução: Henderson Fonteneles
.

O fundamento bíblico para a cessação dos dons revelacionais

.

Por Roberto de Carvalho Forte


"Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos" (1 Co 13:9)

Este versículo diz muito sobre o porquê creio que o "perfeito" é a revelação total, ou seja, o fechamento do cânon. E por que? Porque "em parte, conhecemos" (Paulo diz isso pelo fato de que a revelação especial não havia sido totalmente dada e escrita ainda), e "em parte profetizamos" (como entendemos que "profetizar" no NT é a pregação através do que havia sido revelado aos profetas e apóstolos [Rm 12:6; 2 Tm 1:13; 2 Pe 1:19-21], então eles profetizavam em parte porque não haviam conhecido a revelação completa ainda).

O próximo versículo diz: 

"Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado." (v.10) Paulo, ao dizer que conhecia em parte, por isso profetizava em parte, prossegue, dizendo: "mas, quando vier o que é perfeito (essa palavra perfeito significa completo, pleno), então o que é em parte será aniquilado (ou seja, aquilo que era incompleto deixaria de ser incompleto quando viesse o perfeito)."

No v.12, diz assim: "Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido." (1 Coríntios 13:12)

Paulo começa usando o "porque" para explicar que a revelação ainda estava incompleta e quando seria completa. Ele diz que "agora vemos por espelho em enigma" (os espelhos, na época de Paulo, não eram como o nosso espelho, eram feitos de materiais que ofuscavam a imagem refletida, os espelhos como os atuais surgiram somente no século 19 [1]), "mas então veremos face a face" (perceba que não diz que "O" veremos face a face, mas diz que "veremos face a face", perceba que o "face a face" não se refere a Cristo, mas à nossa própria imagem. Ora, Paulo acabou de falar sobre um espelho, e um espelho faz o que? reflete a própria face, e não a face de outro), e ele prossegue dizendo que "agora conheço em parte" (referindo-se à revelação), "mas então conhecerei como também sou conhecido" (ou seja, conhecerei, com a revelação total).

Mas o que significa ver "face a face" se não se refere a Cristo?

"Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido." (1 Co 13:12)

Esta passagem tem uma forte ligação com esta de Tiago: 

"Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era. Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecediço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito." (Tg 1:23-25) 

Frank Brito [2], comentando 1 Co 13:12, diz:

"O espelho serve para ver a si mesmo. Para isso serve a revelação especial, para vermos quem verdadeiramente somos, como Tiago 1:22-25 mostra. Mas, enquanto eles só tinham a revelação parcial, eles viam a si mesmos 'em enigma', pois a revelação era incompleta (é só imaginar que em Atos, muitos cristãos nem sequer sabiam que existia batismo com o ES). Com a revelação completa, o homem pôde ver a si mesmo de maneira clara, não 'em enigma'." [3]

Como eu tratei anteriormente, o espelho reflete a nossa própria imagem, e Paulo usa uma ilustração no v.11, dizendo: "Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.". Paulo faz um contraste entre menino e homem, ou seja, entre ser imaturo e ser perfeito (maduro), entre o conhecer-se "em partes" e conhecer-se "por completo". 

Concluo que, com o fechamento do cânon, não se faz mais necessário os dons revelacionais, visto que o fundamento já foi posto (Ef 2:20; 1 Co 3:11), e como foi apresentado neste artigo, os dons revelacionais se cessariam com o "perfeito", referindo-se à completa e plena revelação de Deus aos homens, por meio de Cristo, registrado nas Escrituras.
__________
Notas:
1 - A História do Espelho - Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Espelho#Hist.C3.B3ria)
3 - Comentário Sobre a Nota de Rodapé da Bíblia Genebra (veja aqui).

***
Divulgação: Bereianos
.

Desmistificando o conceito de fé e profecias do neopentecostalismo

.

Por Lucas Rosalem


2.4 TAMANHO DA FÉ

Em Mateus 13:32, Jesus diz que o reino de Deus é semelhante a uma semente de mostarda, que, apesar de pequena se transforma em uma grande árvore. Olhando essa passagem o ensino de Jesus fica mais claro: o reino de Deus parecia ser insignificante, mas assim como a semente de mostarda cresce e se transforma em uma planta que pode atingir 3 metros de altura, assim aconteceria com o reino de Cristo. Há 5 passagens onde Jesus cita o grão de mostarda, 3 delas são uma comparação com o reino e 2 com fé, mas em nenhuma delas existe a palavra “tamanho”.

Apesar de algumas traduções trazerem “tamanho do grão de mostarda” (NVI e NTLH), a Bíblia não diz que a nossa fé tem que ter tamanho, muito menos compara o tamanho da fé com o tamanho da mostarda. Tanto o texto de Lucas 17:6, quanto a de Mateus 17:20 no Grego (o idioma em que foram escritas) trazem o seguinte:

ει (Se) ειχετε (tiverdes) πιστιν (fé) ως (como) κοκκον (grão) σιναπεως (mostarda).
Se tiverdes fé como grão de mostarda.

Nas passagens sobre fé Jesus comparou o próprio grão de mostarda com a fé, não o tamanho dele. Jesus estava ensinando sobre a semelhança da fé e uma pequena semente. A semente parece pequena, parece pouca coisa, mas é só disso que precisamos para plantar e assim é a nossa fé!

Os discípulos pediram a Jesus para que Ele aumentasse a fé deles. Jesus dá uma resposta que deixa claro a irrelevância do tamanho da fé. Ele usa como exemplo comparativo uma pequena semente de mostarda. O poder da operação do milagre não está na fé, mas em quem a fé é depositada: Deus! Você pode ter uma fé do tamanho de um caroço de abacate; mas, se a sua fé está firmada no saci-pererê, ela não valerá de nada! Não terá efeito, porque o saci-pererê nada pode fazer por você. Se a sua pequenina fé, tão pequena quando um grão de mostarda, está firmada no Deus vivo, a história é outra. Deus tem poder para operar o milagre independente de sua fé. Vou repetir: Quem opera o milagre é Ele, não a sua fé! (André R. Fonseca) [1]

É comum vermos pessoas dizendo que estão orando com muita fé, enquanto na verdade estão apenas pedindo com muita vontade. Ao invés de pedirem pela vontade de Deus, imploram ao vento que suas vontades sejam satisfeitas. Afinal, orar com muita vontade é orar com fé? Isso nos leva ao próximo item.

2.5 ORAR COM FÉ

A Bíblia diz que a oração eficaz é a oração feita com fé. Mas o que é orar com fé?

Irmão, não confunda fé com pensamento positivo. Pensar positivo é algo ótimo, aliás, otimismo é ótimo! Mas isso no máximo é sobre esperança e não sobre fé. Orar com otimismo não é orar com fé! Na verdade o otimismo confundido com fé é algo muito prejudicial à vida de um cristão, isso se chama Confissão Positiva e é uma confusão antibíblica que vamos falar um pouco mais à frente, mas grave essa expressão e pesquise melhor sobre ela quando puder. Continuando:

Deus requer fé da parte dos que oram (Hb 3:12; 11:6; Jer 29:12-14; Tg 1:5-8; 5:15). Esta fé é uma simples confiança de que Deus existe, que ele nos aceitou plenamente em Cristo e que é poderoso para nos dar aquilo que pedimos, ou então, nos dar muito mais do que imaginamos (Hb 4:14-16). Orar com fé é trazer diante de Deus nossas necessidades e descansar nele, confiantes que ele responderá de acordo com o que for melhor para nós (1 Jo 5:14-15). Orar com fé não significa determinar a Deus que cumpra nossos pedidos, ou decretar, como se a oração tivesse um poder próprio, que estes pedidos aconteçam. Orações não geram realidades espirituais e nem engravidam a história. É Deus quem ouve as orações e é Ele quem decide se vai respondê-las ou não, e isto de acordo com sua vontade e propósito de sempre nos fazer bem. (Rev. Augustus Nicodemus Lopes).[2]

A fé que a oração precisa ter está tão somente relacionada ao poder e à vontade do Pai, jamais ao desejo do coração do homem, independente de ser um desejo bom ou ruim. Ou seja, quando a Bíblia fala sobre orar com fé, ela está dizendo que a oração deve ser fundamentada no alcance do poder de Deus, mas não está dizendo que essa oração vai obrigar Deus te obedecer. Portanto, oremos com fé no poder de Deus e esperança de que Ele nos conceda a graça que precisamos!

A oração não muda as coisas, Deus é que muda as coisas através da oração. É nisso que você precisa crer: que Deus pode mudar as coisas conforme Ele deseje. Assim como a Graça é o meio pelo qual somos salvos, a oração é o meio pelo qual Deus opera certas bênçãos, e ambos os meios são eficazes mediante a fé.

Já sabemos que: 1) nossas palavras não tem poder especial; 2) gritar frases de efeito como “eu determino” ou “eu tomo posse” não tem força espiritual; 3) repetir as frases é vão; 4) pensar positivo não é ter fé; 5) orar com muita vontade de ser atendido não é orar com fé. Falta falarmos sobre profetizar.

2.6 PROFETIZAR

O que é profetizar? Será que estamos profetizando quando declaramos algo com vontade, desejo e força ou será que esse é um entendimento equivocado sobre profecia? Estamos levando em conta o que Deus disse sobre “profetizar falsamente em meu nome”?

A ideia de profetizar as coisas que queremos ao invés de batalhar por elas ou de simplesmente orar é algo tentador, mas antes vamos ler algumas passagens bíblicas para ponderarmos a respeito:

"Eu não os enviei!", declara o Senhor. "Eles profetizam mentiras em meu nome. Por isso, eu banirei vocês, e vocês perecerão juntamente com os profetas que lhes estão profetizando". Jeremias 27:15
Muitos me dirão naquele dia: 'Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?' Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês que praticam o mal! (Mateus 7:22-23)
Pois tais homens são falsos apóstolos, obreiros enganosos, fingindo-se apóstolos de Cristo. Isso não é de admirar, pois o próprio Satanás se disfarça de anjo de luz. Portanto, não é surpresa que os seus servos finjam ser servos da justiça. O fim deles será o que as suas ações merecem. (2 Coríntios 11:13-15)
Mas o profeta que ousar falar em meu nome alguma coisa que não lhe ordenei, ou que falar em nome de outros deuses, terá que ser morto". Mas vocês perguntem a si mesmos: "Como saberemos se uma mensagem não vem do Senhor?" Se o que o profeta proclamar em nome do Senhor não acontecer nem se cumprir, essa mensagem não vem do Senhor. Aquele profeta falou com presunção. Não tenham medo dele. (Deuteronômio 18:20-22)

Por favor, me diga que leu com atenção esses versículos! Se não leu direito, leia-os novamente, amado!

Se você vive dizendo “eu profetizo” sempre que quer muito alguma coisa, me diga: o que você profetiza sempre se cumpre? Pense comigo, se alguma vez na vida você já profetizou algo que não se cumpriu com exatidão, você nessa situação foi um falso profeta. A Bíblia declara que quem profetiza falsamente merece a morte. Isso é muito sério. Se for seu caso, se arrependa e peça perdão ao nosso Deus, pois ele é fiel e justo para perdoar pecados.

Se você lê as passagens bíblicas sobre os profetas e pensa que tudo acontecia pela força da palavra deles, você está muito enganado.

Quando um profeta fala algo em nome de Deus, só pode ser duas coisas: 1) Ordem direta de Deus (palavras que o próprio Deus o mandou dizer); 2) Mentira do falso profeta (vontades do coração do homem);

Quando lemos uma profecia nas Escrituras, sabemos que cada palavra que o profeta falava tinha de proceder de Deus, ou ele seria um falso profeta (Nm 22:38; Dt 18:18-20; Jr 1:9; 14:14; 23:16-22; 29:31,32; Ez 2:7; 13:1-16). Alguns leem a passagens como 1 Reis 17:1 e não compreendem o texto, acham que o poder está na palavra do profeta ao invés da profecia ser um simples comunicado de Deus pela boca de um homem. Veja a passagem que mais confundem: “Vive o SENHOR Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra” (1 Reis 17:1).

Será que Elias tinha poder? Eram realmente as palavras dele que compunham uma profecia e que dava valor espiritual a ela? Vamos ler uma outra passagem de uma ocasião que ocorreu depois dessa e ver como as profecias aconteciam e de onde vinha realmente o poder e a decisão, atenção ao meu grifo:

"O SENHOR Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, manifeste-se hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que conforme a tua Palavra fiz todas estas coisas” (1 Reis 18:36).

Se até Elias afirmou que tudo que profetizava era conforme o que Deus o orientava diretamente, imagine só nós, meros humanos, achando que profetizamos o que queremos. Elias sempre agiu em conformidade com a ordem direta de Deus, não com pensamento positivo. Desejar não é profetizar. O fato de você usar a palavra "profetizo" numa frase não faz de você um profeta e muito menos faz da sua prece uma profecia. Isso no máximo, como já vimos, seria uma falsa profecia e faria de você um falso profeta. Tenhamos temor de Deus.

Talvez não seja seu caso, mas sabemos que muitos mal-intencionados se trajam de pastores com palavras de vitória e satisfação pessoal pra falar em nome de Deus, que eles não conhecem e que não os reconhecerá no Dia do Juízo (Mateus 7:22). A Bíblia ainda diz que falsos profetas fariam sinais e maravilhas enganando até os eleitos se possível! Se não acredita, leia Mateus 24:24.

Algumas pessoas talvez não acreditem mesmo nisso, pois hoje é algo tão frequente que parece não as incomodar. Será que a igreja está se acostumando com falsas profecias? As falsas profecias dão consolo momentâneo e com os dias as pessoas se esquecem delas, mas mesmo quando se lembram e percebem que foi uma falsa profecia, as pessoas não se manifestam mais!

Jamais aceite uma profecia que tenha origem na vontade humana. Profetizar não é declarar "em nome de Jesus" algo que Ele não disse (2 Pedro 1:21). Se o povo de Deus começasse ler mais a Bíblia veria o que realmente Deus está te dizendo e jamais ficaria sem resposta!

A fonte de toda profecia verdadeira na história nunca foi a decisão ou desejo do homem a respeito do que ele queria, mas os desígnios do próprio Deus.

Profecia a esmo, jogada ao vento não é profecia! As profecias bíblicas são específicas, e não o que normalmente vemos por aí! Querem ver profecias? Leiam as suas Bíblias, encham a cabeça com o Evangelho, se saturem de Cristo, e depois (se é que vão precisar) pensem em profecias extrabíblicas. (Jackson Jacques).[3]

“Quer ser um profeta de Deus? Cave a fundo as Escrituras Sagradas e proclame fielmente a mensagem de Deus!” (Roberto de Carvalho). [4]

2.7 CURAS E MILAGRES

Poderia escrever vastamente sobre esse assunto, mas o livro não é sobre isso, então vou fazer considerações básicas e óbvias a partir dos itens anteriores.

Profetizar, decretar, determinar ou ordenar uma cura é uma das formas de percebemos que não temos realmente nenhuma autoridade espiritual que não venha da decisão e vontade de Deus. Quando uma pessoa não é curada em sua igreja, mesmo com várias pessoas tendo "profetizado" a cura ou “determinado” e “tomado posse”, o que você pensa ter sido o problema? O cristão que não tem uma boa compreensão da Palavra sempre clamará pela bênção da forma errada, como se Deus tivesse alguma obrigação para com ele, mas quando não receber a bênção, vai sempre procurar um motivo para justificar essa espécie de derrota. Há cristãos que oram pensando de uma forma e depois se justificam de outra. Oram exigindo, mas ao não receberem, arranjam desculpas ao invés de se voltarem para a Bíblia e ver o que exatamente ela diz e quais são as promessas legítimas de Deus para nós.

Afinal, podemos orar por cura? Sim, devemos! A oração é um meio pelo qual Deus concede misericórdia mediante a fé de quem ora. Então fica a dúvida: por que a maioria das curas não acontece, mesmo com muita oração? Por que essa dúvida sempre aparece na mente do cristão, se a Bíblia tem tantas evidências claras? Será que esquecemos que Deus disse a Paulo que a Sua Graça lhe era suficiente depois dele orar para que Deus lhe tirasse um espinho na carne? Se não estiver nos planos de Deus, a cura não vem e pronto. Não sabemos os propósitos do Senhor. Eliseu, ainda depois de morto, ressuscitou um homem que caiu em cima de seu corpo! É lindo isso, mas parece que ninguém percebe o texto anterior que fala que Eliseu morreu de doença (2 Rs 13:14).

Vemos também o amigo de Paulo, que andava por todo canto com ele, vendo curas e talvez até as ministrando junto com o apóstolo (2 Tm 4:20 / 2 Co 12:9), no entanto, também não recebeu e obviamente eles tinham fé, ainda mais que nós hoje. Cristo orou “Pai não seja a minha, mas a tua vontade” (Lc 22:42); Paulo pediu cura e, quando não recebeu, conformou-se e glorificou a Deus, entendendo que o problema era exatamente para mantê-lo forte em Deus (2 Co 12:9).

Veja esse outra passagem: “Não bebas mais água só, mas usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades.” (1 Timóteo 5:23)

É um claro exemplo bíblico para nós de que muitos não serão curados, mas ainda assim alguns lobos, falsos mestres que saqueiam a noiva de Cristo, continuarão dizendo que todo cristão deve ser curado, e quando a cura não vem, logo colocam a culpa na falta de fé do doente. Poderiam dizer isso de Paulo, Timóteo e Eliseu?

Alguns maus ministros ensinam "exigir, determinar, decretar e ordenar a bênção", enquanto a Jesus, Paulo, Tiago e todo o restante da Bíblia ensinam a pedir. A Bíblia mostra ainda alguns casos em que a pessoa curada nem fé exercia! O cego do tanque de Betesda foi curado por Jesus sem ter fé e sem ao menos conhecê-lo; leia João 5: 8-13.

O cristão deve buscar em Deus a cura, deve clamar pelas bênçãos do Pai, deve perseverar, assim como Davi, homem segundo oração de Deus (Atos 13:22) e assim também compreender que o milagre que tanto queremos, mesmo clamando com persistência, pode não acontecer, pois em 2 Samuel 12 vemos o drama do rei Davi que clamou em jejum durante dias para que Deus curasse seu filho recém nascido, mas a cura não veio e a criança morreu.

O pastor Lécio Contu escreveu: “Deus não é o gênio da lâmpada, não somos o Aladim e oração não é magia!” [5]

Podemos orar por milagres, claro! Mas não podemos ignorar fatos que sabemos sobre profetas, apóstolos e outros homens santos da Bíblia; não podemos ser egocêntricos, achando que os planos de Deus estão baseados em nossos caprichos; não faz sentido ter tanto orgulho a ponto de pensar que Deus está em dívida e tem dia marcado pra se apresentar prontamente a curar e tampouco devemos deixar falsos profetas enganarem irmãos fracos na fé e no conhecimento, que são levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.” (Efésios 4:14).

Há curas, há milagres, jamais desacredite! Mas os milagres são pra exaltar o nome de Deus, não pra fazer nossa vontade. É por isso que Cristo orientou na oração do Pai Nosso: Seja feita a Sua vontade. Se é no Deus da Bíblia que nós acreditamos, então devemos, sim, pedir por cura, mas assim como na Bíblia, a cura pode não vir, ainda assim glorificaremos ao Deus de João 3:16, Romanos 3:24, Efésios 1:5, Romanos 5:8 e 1 João 4:16. Amém!

SOBRE FÉ

A fé não é um sentimento ou uma sensação. Ter fé não consiste em esperar, mas em ter fundamento para o que se espera. Ter fé é crer confiantemente que Deus é poderoso para intervir a seu favor.

A fé cristã é confundida por alguns com convencimento mental: “eu estou convencido disto, logo Deus está obrigado a agir”. Isso pode até ser fé em si próprio, mas não em Deus, não nas promessas, não na Sagrada Escritura. É preciso salientar que a fé cristã não está em insistir com Deus em nossos desejos pessoais, mas clamar a Ele que cumpra em nós Sua vontade.

Um dos enganos que as pessoas têm atualmente é colocar fé na fé e não fé em Deus. Fé é confiar em Deus, no Seu poder e na Sua vontade e não em nossa própria capacidade de confiar em Deus. Orar com fé não é orar com poder, é orar confiante no poder de Deus. (Vinicius Musselmann).[6]

Alguém irá perguntar: mas fé não é a certeza daquilo que nós esperamos?

Fé não é só isso. Isso é uma característica da fé. O versículo é uma descrição sobre quem tem fé e não um conceito sobre fé. A fé é o alicerce da vida cristã e é disso que o versículo trata. Entende a diferença? Vamos ver o versículo: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem.” (Hebreus 11:1). O versículo está dizendo que a fé é o que sustenta e fundamenta o que nós pedimos e esperamos. Não é uma definição de fé, ou seja, ele não está dizendo o que significa fé, mas diz que esperar está baseado na fé.

Outro detalhe é que “esperar” tem mais a ver com esperança. O versículo, em outras palavras, diz: “Quando você tem certeza de algo que está esperando, isso é fé”. No entanto, não temos como ter certeza de algo que nunca foi prometido a nós (como coisas corriqueiras do dia-a-dia), então oramos com esperança, como sugere o texto de Romanos 8:24-25: “Porque em esperança fomos salvos. Ora a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como o esperará? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos.”

A fé não consegue tudo. Isso porque ter fé é acreditar que Deus tem poder, mas não que Ele de fato fará o que eu quero, pois isso é outra coisa: esperança. E essa é a maior confusão que costumamos fazer. A fé cristã é basicamente crer sem dúvidas nas promessas bíblicas. Assim como nossa esperança está fundamentada na fé, nossa fé deve estar firmemente fundamentada e se você é cristão, seu único fundamento é a própria Bíblia, não suas necessidades, objetivos e vontades pessoais. Um entendimento equivocado da fé bíblica fará com que sua oração seja egoísta, arrogante, hipócrita e sem fundamento. Aliás, fundamentada em você mesmo ao invés da Palavra.

Mas apenas conhecer a visão teológica sobre o assunto não nos tornará cristãos de oração. A condição de quem ora é fator crucial para a eficácia da oração. 

_____________
Notas:
[1] André Fonseca. Disponível em: < www.andrerfonseca.com/2012/10/resposta-ao-leitor-ungir-com-oleo.html > Acesso em: 18 maio 2014.
[2] Disponível em:
< www.facebook.com/AugustusNicodemusLopes/posts/621380551247693 > Acesso em: 21 junho 2014.
[3] Disponível em: < http://goo.gl/cXMgUJ > Acesso em: 27 julho 2014.
[4] Disponível em: Acesso em: 27 julho 2014.
[5] Fonte: A oração dos filhos de Deus, Lécio Contu, p.44.
[6] Disponível em: < http://voltemosaoevangelho.com/blog/2011/05/pve-devemos-ungir-com-oleo/ > Acesso em: 20 julho 2014. 

***
Artigo gentilmente cedido pelo autor ao blog Bereianos. O texto faz parte do livro "400 Metros de Oração" o qual recomendamos.

Fonte: 400 Metros de Oração
.