E a Cruz?

.

Ah! A cruz de Cristo!

Esta sim, tornou-se a propiciação dos desejos desenfreados dos homens. A luz para os que buscam a felicidade material. A resenha dos sonhos ufanistas dos corações amargurados deste mundo. O emblema da felicidade autêntica, da felicidade instantânea. O escudo que dilacera os inimigos. O amuleto das finanças inseguras. A proteção dos pescoços desavisados. O esconderijo dos pecados dos pecadores não arrependidos.

Das várias formas que se deu a ela, a sua essência quase se perdeu. A cruz está alegórica e já não possui literalidade. Para onde foi o seu escândalo? O que houve com seu peso? Onde estão seus pregos? Onde estão as manchas do imaculado sangue do filho de Deus aspergido sobre seus discípulos? O cálice tão pesado a Jesus, tornou-se símbolo benévolo de uma sociedade triunfalista que determina sobre as chagas do Cristo crucificado as suas bênçãos. Esta cruz antes tão odiada e rejeitada, agora, tão desejada e idolatrada. Constantinos ainda emergem da imortal religiosidade bradando: “Por este sinal venceremos! A tudo e a todos”. Não há mais quem se envergonhe, não há quem seja perseguido. A mensagem do calvário fora dilacerada pelo pragmatismo gospel, e pela contingência da sociedade “cristã” ante ao Evangelho. Recebe-se o Cristo crucificado, porém, ignora-se a cruz da ignomínia própria. Ouvem-se gritos: “Queremos Cristo!”. Ouvem-se sussurros: “Mas, não a Sua cruz!”. Logo, ouve-se uma solução funesta: “Receba a Cristo, e simplesmente finja carregar a Sua cruz”. Em meio ao desprezo do discipulado da cruz de Cristo. Em meio à tentação de abandoná-la. Surge um grito da reforma, um eco de suas teses[1], sobre uma geração que desconhece o valor da cruz. "Portanto, fora com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo "Paz, paz!" sem que haja paz!"[2]; "Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz!"[3].
----------------------------------------------------------------

[1] 95 teses de Lutero.
[2] Tese nº 92.
[3] Tese nº 93.


Autor: Vitor Hugo da Silva
Fonte: [ As Perícopes do cotidiano Cristão ]

.
Imprimir ou salvar em PDF

1 comentários:

Meus Parabéns, que texto, que formatação de raciocínio, só falta agora sabermos até onde se aplica em nossa caminhada cristã.

Responder

Postar um comentário

Política de moderação de comentários:

1 - Poste somente o necessário. Se quiser colocar estudos, artigos ou textos grandes, mande para nós por e-mail: bereianos@hotmail.com

2 - A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, o autor deste blog reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Comentários com conteúdo ofensivo não serão publicados, pois debatemos idéias, não pessoas. Discordar não é problema, visto que na maioria das vezes redunda em edificação e aprendizado. Contudo, discorde com educação e respeito.

3 - Comentários de "anônimos" não serão necessariamente postados. Procure sempre colocar seu nome no final de seus comentários (caso não tenha uma conta Google com o seu nome) para que seja garantido o seu direito democrático neste blog. Lembre-se: você é responsável direto pelo que escreve.

4 - A aprovação de seu comentário seguirá os nossos critérios. O Blog Bereianos tem por objetivo à edificação e instrução. Comentários que não seguirem as regras acima e estiver fora do contexto do blog, não serão publicados.

Para mais informações, clique aqui!

Blog Bereianos!