Noiva ou meretriz

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A aproximação do homem a Deus deve ter como motivo principal o reconhecimento de que Ele é o Senhor absoluto sobre tudo e todos. A Palavra de Deus é clara, e nos orienta quanto à necessidade de santificarmos a Cristo como Senhor em nosso coração (I Pedro 3.15). No entanto, nem sempre é isso que acontece (e, porque não dizer: dificilmente): muitos o querem apenas como Salvador, e não como Senhor. Do mesmo modo que o Pedro pré-conversão, ao mesmo tempo em que chamam Jesus de Senhor, recusam-se a ouvir sua voz (João 13.6,8). Chamar Jesus de Senhor é fácil; difícil é obedecê-lo como Senhor em tudo.

Observamos no Antigo Testamento Jeová repreendendo severamente seu povo que, por repetidas vezes, se apartava d’Ele para seguir após outros deuses. Abandonava ao Senhor e se achegava às abominações de outros povos. Em algumas ocasiões, Israel foi até mesmo comparada a uma meretriz, uma vez que o afastamento de seu “esposo” se assemelhava à prostituição (e.g., Ezequiel 16 e o livro de Oséias). E, por vezes, Israel se prostituía literalmente, cometendo os pecados mais horrendos contra o Todo-Poderoso. Ao se desviar do único Deus com a finalidade de adorar ídolos, Israel foi por Ele considerado um caso de infidelidade espiritual.

De certa forma, a história se repete com a igreja, em nossos dias. Porém, ao invés de trair o SENHOR com Baal, Moloque, Astarote, etc., os “deuses” da igreja são outros: o poder, o orgulho, a fama, o “eu”, a denominação, o dinheiro, “artistas” gospel, pregadores e homens em busca da fama a qualquer preço.

Os púlpitos por vezes se assemelham a palcos, onde os “levitas” e “conferencistas” se portam como artistas, querendo para si o foco dos holofotes. E a igreja brasileira, conivente, diz amém. Afinal, não importa se os cultos não estão sendo cristocêntricos: o que importa são os lucros e dividendos auferidos.

E, o que é ainda pior: tal qual uma meretriz, tem se mostrado interesseira ao extremo. Vejamos a constante aproximação com políticos de conduta nada ilibada, com os púlpitos sendo cedidos como palanque eleitoral para pessoas que sequer professam o cristianismo. Tudo em troca, quem sabe, de um cargo de assessor ou de um bem material qualquer. Isso para não citar outros interesses escusos, notórios nas disputas por posições e por liderança intra e extra-eclesiástica...

Sem levar ainda em consideração o fato de que, ocasiões há em que Deus é seguido por mero interesse (como faz uma meretriz). Numa atitude repugnante, o seguem por aquilo que Ele pode dar, e não por aquilo que Ele é. Interessados em usufruir as bênçãos, mas não em ser fiel ao Abençoador. E, como a mulher adúltera, após cometer seus desvios, “(...) ela come, e limpa a sua boca, e diz: Não cometi maldade” (Provérbios 30.20).

“Ah, mas hoje vivemos na dispensação da Graça, e não da Lei. Não queira nos comparar com Israel!”, poderão dizer alguns. Sim, mas conquanto hoje tenhamos a Graça e o Espírito Santo conosco, a infidelidade e a leviandade do povo continuam as mesmas. De igual maneira, ocorre com a dureza de coração.

Louvemos a Deus porque a Igreja invisível, aquela por quem Cristo morreu e que vai ser por Ele arrebatada, permanece “(...) gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Efésios 5.27). Por outro lado, lamentamos o fato de que a igreja visível, a igreja enquanto organização humana, cada vez mais chafurda no lodo. Cada vez mais abraça propósitos meramente humanos e se afasta dos desígnios divinos.

Não basta ser “evangélico”. É preciso ser cristão. Seguidor de Cristo. Imitador de Cristo. Noiva imaculada, e não uma interesseira meretriz.

Que o Senhor nos abençoe e tenha misericórdia de nós.

Soli Deo Gloria

Alessandro Cristian
Fonte: [ Em Construção ]

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