O grande fim de todos os outros frutos e dons do Espírito

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Por Jonathan Edwards


O amor cristão, é um incessante fruto do Espírito. Cada um dos verdadeiros membros da igreja invisível de Cristo possui deste fruto no co­ração. O divino amor, o amor cristão, é implan­tado, habita, e reina ali, como um eterno fruto do Espírito, e como um fruto que nunca cessa. Ele nunca cessa neste mundo, mas permanece através de todas as provações e oposições, pois o apóstolo nos diz que nada "poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor" (Romanos 8.38,39). E ele não cessa quando os santos vierem a morrer. 

Quando os apóstolos e outros dos seus dias morreram e foram para o céu, eles deixaram atrás de si todos os seus dons mi­raculosos, com seus corpos. Contudo, eles não deixaram para trás o amor que estava nos seus corações, mas o carregaram consigo para o céu, onde ele foi gloriosamente aperfeiçoado. Quando os homens ímpios morrem, homens que tiveram as influências comuns do Espírito, seus dons cessarão eternamente, mas a morte nunca destrói o amor cristão, aquele grande fruto do Espírito, em qual­quer um que o tenha. Aqueles que o tem podem deixar e deixarão após si muitos outros frutos do Espírito que tiveram em comum com os homens ímpios. E ainda que eles deixarão tudo que era comum à sua fé, e esperança, e tudo aquilo que não é pertinente a este divino e santo amor, mesmo assim este amor eles não deixarão para trás, mas irá com eles para a eternidade e será aperfeiçoado lá, e viverá e reinará com glorioso e perfeito do­mínio nas suas almas para todo o sempre.

Nós podemos considerar a igreja de Cristo coletivamente, ou como um corpo. E aqui, nova­mente, ficará manifesto que o amor, o amor cristão, nunca cessará. Embora outros frutos do Espírito cessem na igreja, este nunca cessará. No passado, quando houve interrupções dos dons mi­raculosos do Espírito na igreja, e quando houve épocas nos quais nenhum profeta ou pessoa ins­pirada apareceu que possuía tais dons, ainda ali nunca houve qualquer interrupção total deste ex­celente fruto ou influência do Espírito. Dons miraculosos foram interrompidos por longo tempo que se estendeu de Malaquias até próximo ao nas­cimento de Cristo; mas em todo este tempo a influência do Espírito, em manter o divino amor na igreja, nunca foi suspensa. Como Deus sem­pre teve uma igreja de santos no mundo, desde a primeira criação da igreja após a queda, assim esta influência e o fruto do Espírito nunca cessou nela. 

E quando, depois da conclusão do cânon das Escrituras, os dons miraculosos do Espírito parecem finalmente ter cessado e desaparecido na igreja, esta influência do Espírito em produzir o divino amor nos corações dos santos não cessou, mas tem sido mantida por todas as épocas desde aquele tempo até hoje, e assim será até o fim do mundo. E no fim do mundo, quando a igreja de Cristo for colocada no seu estado final, mais com­pleto e eterno, e todos os dons comuns, tal como convicção e iluminação, e todos os dons miracu­losos, estarão eternamente findados, ainda então o divino amor não cessará, mas será trazido à sua mais gloriosa perfeição em cada membro indivi­dual da igreja resgatada no céu. Então, em cada coração, aquele amor que agora aparece apenas como uma faísca, será aceso num brilhante e in­candescente fulgor, e cada alma resgatada será como se estivesse numa fogueira de divino e santo amor, e permanecerá e crescerá nesta gloriosa per­feição e bem-aventurança por toda a eternidade!

Eu darei apenas uma singular razão em favor da verdade da doutrina que tem sido deste modo apresentada. E a grande razão porque assim é, que os outros frutos do Espírito cessam, e o grande fruto do amor permanece, é que, o amor é o grande fim de todos os outros frutos e dons do Espírito. O princípio e o exercício do divino amor no coração, e os frutos dele na conduta, e a fe­licidade em que ele consiste e que jorra dele — estas coisas são o grande fim de todos os frutos do Espírito que cessam. O amor, o divino amor, é o fim para o qual toda a inspiração, e todos os dons miraculosos que já existiram no mundo, são apenas os meios. Eles foram somente meios de graça, mas o amor, o divino amor, é a graça mesmo; e não só isto, mas a soma de toda graça. Revelação e milagres nunca foram dados para qualquer outro fim senão apenas para promover santidade e edificar o reino de Cristo no coração dos homens, mas o amor cristão é a soma de toda santidade, e seu crescimento é apenas o cresci­mento do reino de Cristo na alma. Os frutos extraordinários do Espírito foram dados para re­velar e confirmar a palavra e a vontade de Deus, para que os homens crendo possam ser confor­mados àquela vontade; e eles eram valiosos e úteis somente na medida em que tendiam para este fim. 

E daí, quando este fim foi obtido, e quando o cânon das Escrituras, o grande e poderoso meio da graça foi completado, e as ordenanças do Novo Testamento e da última dispensação foram com­pletamente estabelecidas, os dons extraordinários cessaram, e chegaram ao fim, não sendo mais úteis. Dons miraculosos sendo um meio para um fim posterior são bons só enquanto se dirigem para aquele fim. Mas o divino amor é aquele fim mes­mo, e portanto permanece quando os meios para ele cessam. O fim não é somente um bem, mas a mais elevada qualidade de bem em si mesmo, e portanto permanece para sempre. E assim é com relação aos dons comuns do Espírito, que foram dados em todas as épocas, tais como iluminação, convicção, etc. Eles não tiveram nenhum bem em si mesmos, e somente são úteis enquanto tendem a promover aquela graça e santidade que sumaria e radicalmente consiste em divino amor, e, por­tanto, quando este fim é completamente satisfeito, haverá um término para sempre destes dons co­muns, enquanto o divino amor, que é o fim de todos eles, permanecerá eternamente.

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