A Obra Salvífica de Cristo: Expressão de Amor por seus Eleitos 1/2

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Por Pr. Narciso Montoto


Quando pensamos na obra salvífica que Jesus realizou, é comum lembramos em primeiro lugar da cruz que ele carregou e onde foi crucificado. É fato que não podemos desprezar outros aspectos da vida de Cristo como seu nascimento, seus ensinamentos, seus milagres e etc. Mas, podemos afirmar que a cruz é o cerne de sua obra salvífica, já que foi através dela que nosso Senhor se ofereceu em sacrifício pelos pecados de seu povo. Como disse R.C. Sproul: “Foi também na cruz, por meio da cruz, experimentando a cruz, que Jesus como Cristo realizou a obra de Redenção e uniu seu povo para a eternidade”.

A cruz é uma parte essencial do cristianismo, essencial no sentido de que ele é um sine qua non, “sem o qual o cristianismo não existiria”. Se retirarmos do cristianismo a cruz como ato de Expiação, nos o aniquilamos.

A suprema realização da cruz foi que Cristo aplacou a ira de Deus, que seria inflamada contra nós, se não fossemos cobertos pelo sacrifício de Cristo. Como pecadores estávamos sujeitos à condenação Divina, pois nossos pecados nos tornavam inimigos de Deus. Mas, Cristo tomando para si a culpa de seu povo foi o Substituto perfeito que por meio de seu sangue redimiu sua Igreja pelos séculos dos séculos. “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes Daquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz; Vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia”(1 Pe 2.9,10). Em suma, foi isto que Deus fez por sua Igreja, separou um povo para chamar de Seu, através da obra salvífica de Seu Filho demonstrou Seu amor pelos eleitos.

Mas, a obra salvífica que Cristo realizou não beneficiou toda a humanidade? Seu sacrifício não foi eficaz para perdoar os pecados de todos (universalismo)? Afinal por quem Cristo morreu?

Os universalistas creem que a morte de Jesus na cruz teve o efeito de salvar todo o mundo. Para eles não importa se o individuo acredita em Cristo, se pertence à outra religião, se possui uma vida que não remonta em nada o novo nascimento, para os proponentes desta teoria o importante é que no fim todos sem exceção serão salvos. Porém, a Palavra de Deus nos revela outro cenário. A bíblia nos mostra que a expiação realizada por Cristo é especifica e não universal no sentido de que opera ou torna eficaz a salvação somente para aqueles que creem em Cristo, de modo que a expiação não salva automaticamente a todos.

Embora nem todos sejam salvos pela cruz, a obra de Cristo produz benefícios concretos universais ou quase universais. Por meio da obra salvífica de Cristo, a igreja teve sua fundação, e isso levou à pregação do evangelho a todos os povos e nações. E, onde quer que o evangelho seja pregado, há inexoravelmente o aprimoramento da moral e da ética na sociedade. Existe um transbordamento da influência da igreja que traz benefícios a todos os homens.

Concernente à salvação, a teologia reformada discorre com muita seriedade a doutrina bíblica da eleição. Tal doutrina bíblica nos leva à crença que Deus estabeleceu um plano, desde a eternidade, para salvar um povo para Ele mesmo. Tal, plano inclua somente uma parte da raça humana, Deus nunca possuiu a intenção de salvar a todos. Devemos nos recordar, que o fato de sermos pecadores desobrigava Deus a propiciar salvação para qualquer indivíduo. Mas, em Sua misericórdia Deus resolveu salvar alguns. O propósito de Deus na Redenção era salvar um remanescente e livrá-los da ira que mereciam por si mesmos e por justiça.

O projeto Divino para a expiação dos pecados era que Cristo fosse crucificado e desse a sua vida em “resgate de muitos” (Mt 20.28b). Cristo daria sua vida, conforme havia dito “por suas ovelhas” (Jo 10.11). Portanto, Cristo Morreu com a finalidade de propiciar salvação somente para seus eleitos. Em Mateus a Bíblia diz: “...Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11. 27), vemos nesta passagem quem revela o Pai àqueles que estão com suas mentes cauterizadas, este é o Filho e isto não depende de nossa vontade mais da Dele. Devemos levar também em consideração que ninguém pode chamar-se a si próprio para seguir a Cristo, ou recebê-lo, já que, é Ele que nos chama e nos recebe: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” (Jo 15.16a), portanto, é Cristo que nos escolhe. Perceba que a fé é um dom de Deus e ela é dada a quem Ele quer.

Paulo nos mostra em romanos 8.28-30: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Portanto, aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou”. Vemos que Deus tem seus propósitos concernentes à eleição e salva apenas aqueles a quem Ele predestinou, chamou, justificou por meio da obra salvífica de seu Filho e também glorificou.

Tudo isto nos faz perceber o grande amor e misericórdia expressos por Jesus Cristo em sua obra salvífica por seus eleitos. Cristo nasceu por eles, morreu por eles, ressuscitou por eles, intercede por eles e não pelo mundo (Jo 17.9) e é por Eles que um dia Cristo voltará em glória.

Portanto, finalizo esta parte citando as palavras do apóstolo Paulo: “Bendito o Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu, Nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele; e em amor nos predestinou para Ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade para louvor da glória da sua graça, que Ele nos concedeu gratuitamente no Amado, no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef 1.3-7).

Continua...

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