Doze razões porque Romanos 9 é sobre eleição individual, não eleição corporativa

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Por Michael Patton


Muitos debates teológicos centram sobre a doutrina da eleição. Nenhum debate se a eleição é bíblica, mas eles debatem o significado da eleição. Eu acredito no que é chamado de eleição incondicional individual (o entendimento calvinista). Aqueles que se opõem ao meu entendimento normalmente acreditam em algum tipo de eleição condicional ou eleição corporativa (ou uma combinação dos dois; o entendimento arminiano). A eleição corporativa é a crença de que Deus elege nações para tomar parte em seu plano, não indivíduos para a salvação. Então, quando Romanos 9 fala da eleição de Deus de Jacó sobre Esaú, Paulo está falando da escolha de Deus da nação de Israel para ter um lugar especial na história da salvação. Eles continuarão a interpretar tudo de Romanos 9-11 à luz dessa suposição.

Porém, eu não acredito que Romanos 9-11 está falando sobre eleição corporativa, mas eleição individual. Aqui vão sete razões por que:

1. Toda a seção (9-11) é sobre a segurança de indivíduos. Eleição de nações não faria nenhum sentido contextual. Paulo falara para os cristãos romanos que nada poderia separá-los do amor de Deus (Rm 8.31-39). A objeção que dá origem aos capítulos 9-11 é: “Como nós sabemos que essas promessas de Deus são seguras considerando o atual (incrédulo) estado de Israel. Eles tinham promessas também e eles não pareciam tão seguros.” Referindo-se a eleição corporativa não se encaixaria no contexto. Mas se Paulo estivesse a responder dizendo que é apenas os individuos eleitos dentro de Israel que estão seguros (o verdadeiro Israel), então isto faria sentido. Nós estamos seguros porque todos os indivíduos eleitos têm sempre estado seguros.

2. Na eleição de Jacó sobre Esaú (Rm 9.10-13), embora tendo implicações nacionais, começa com indivíduos. Não podemos perder esse fato.

3. Jacó foi eleito e Esaú rejeitado antes dos gêmeos terem feito qualquer bem ou mau. Não há menção de nações tendo feito qualquer bem ou mal. Se alguém disser que é de nações que Paulo está falando, isto pareceria que eles estão lendo sua teologia no texto.

4. Rm 9.15 enfatiza a soberania de Deus em escolher indivíduos. “Eu terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia.” O pronome quem é um singular masculino. Se nós estivéssemos falando de nações de nações, um pronome plural teria sido usado.

5. Rm 9.16 está lidando com indivíduos, não nações. “Então, não depende daquele quer ou do que se esforça, mas da misericórdia de Deus” (minha tradução). Theolontos (querer) e trechontos (esforçar) são ambos singulares masculinos que é traduzido “aquele” em vez de “aqueles”. É difícil ver implicações nacionais em tudo aqui. É sobre o desejo e esforço de indivíduos. A aquisição da misericórdia de Deus transcende a habilidade do homem.

6. Mais uma vez, Rm 9.18, falando no contexto do endurecimento de Faraó, Paulo sumariza o que ele está tentando dizer usando pronomes singulares masculinos: “Portanto, tem misericórdia de quem quer, e a quem quer endurece.” Se Paulo estivesse meramente falando de eleição corporativa ou nacional, a súmula mudaria de Faraó para nações (plural), mas o resumo aqui enfatiza a soberania da vontade (theleo) de Deus sobre indivíduos (singular).

7. A objeção em Rm 9.14 faz pouco sentido se Paulo estivesse falando sobre eleição nacional ou corporativa. A acusação de injustiça (adikia), da qual muito do livro de Romanos está procurando de Deus vindicar, não está apenas fora de propósito, mas poderia facilmente ser respondida se Paulo estivesse dizendo que a eleição de Deus é apenas com respeito a nações e não tem intenção salvífica.

8. A objeção em Rm 9.18 é ainda mais inapropriada se Paulo não está falando sobre eleição de indivíduos. “Por que se queixa ele ainda? Pois, quem resiste à sua vontade?” O verbo anthesteken, “opor-se ou resistir,” está na terceira pessoa do singular. O problema que o opositor tem é que parece injusto para individuos, não corporações de pessoas.

9. A retórica de uma diatribe ou apóstrofe sendo usada por Paulo é muito forte. Uma apóstrofe é um legado literário que é usado onde um opositor imaginário é trazido para desafiar a tese em nome de uma audiência. É introduzido com “que diremos...” (Rm 9.14) e “Você me dirá...” (Rm 9.19). É uma ferramenta de ensino eficaz. Porém, se o opositor imaginário não está entendendo Paulo, a apóstrofe falha em realizar seu propósito retórico a menos que Paulo corrija o mal-entendido. Paulo não corrige o desentendimento, apenas a conclusão. Se a eleição corporativa fosse o que Paulo estava falando, as exigências retóricas que Paulo orienta seus leitores na direção certa por meio da diatribe. Paulo adere às suas armas embora o ensino da eleição de indivíduos mais certamente dá origem a tais objeções.

10. Rm 9.24 fala sobre Deus chamar os eleitos dentre os judeus e gentios. Portanto, é difícil ver eleição nacional desde que Deus chama pessoas “dentre” todas as nações, ek Ioudaion (dentre os Judeus) ek ethnon (dentre os Gentios).

11. No retorno específico de Paulo ao tema da eleição na primeira parte de Romanos 11, ele ilustra aqueles que foram chamados (eleitos) dentre a nação judaica se referindo a Elias que acreditava que era o único a seguir o Senhor. A resposta de Deus ao lamento de Elias é referenciada por Paulo em Rm 11.4 onde Deus diz: “Reservei para mim sete mil homens que não dobraram o joelho a Baal.” Isto nos diz duas coisas: 1) Estes são sete mil indivíduos que Deus reservou, não uma nova nação; 2) Estes indivíduos são reservados por Deus na crença como característica de não terem dobrado os joelhos a Baal (ou seja, eles permaneceram leais a Deus)

12. Usando a ilustração de Elias em Rm 11.5, Paulo discute que “da mesma forma,” Deus preservou um remanescente de crentes de Israel do qual ele (como um indivíduo) faz parte (Rm 11.1). Esta “preservação” na crença de indivíduos está de acordo com “a escolha graciosa de Deus” (11.5).

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Tradução: Francisco Alison Silva Aquino
Divulgação: Bereianos

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